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PIETRA

antes de sair com a Dai atrás das coisas pra mim, eu tentei tapar um pouco dos roxos com uma base mais clara que a Daí usava como corretivo, e até deu pra disfarçar um pouco.

Quando ia saindo do quarto, meu celular vibrou e por um momento eu tive medo de olhar e ver quem era.

Mas peguei o aparelho e olhei, na tela apareceu "Daniel".

Meu coração doeu de imediato, e eu só soube abrir o lugar onde ficava o chip e retirar o cartãozinho.

Joguei pela janela do quarto e desinstalei o whatsapp.

Já ia aproveitar pra comprar ate um chip novo.

Daiane: ta pronta Pi? - apareceu na porta do quarto, e eu concordei com a cabeça.

[....]

Já era mais ou menos 19:30 da noite quando voltamos pra casa da Dai, cheias de sacolas e cansadas de tanto andar.

Achamos que por ser feriado as lojas estariam fechadas, mas na verdade estavam funcionando normalmente.

Comprei móveis e eletrodomésticos básicos para minha casa nova, algumas coisas de decorações bem baratinhas, e comprei o que faltava para o Studio, como mesa para fazer as unhas, expositor de esmaltes, cadeiras, poltrona para espera, maca para cílios e sobrancelha, carrinho auxiliar, e até um cantinho do café e cafeteira eu comprei.

Tava tão feliz, e eu achei que depois de tudo eu estaria querendo apenas morrer.

Mas era ao contrário, eu tinha cede,
cede de viver.

Os móveis chegariam amanhã no fim da tarde, e a Daiane já até avisou os vapores que ficam na entrada para liberarem quando chegar.

Acertei com a Dai o valor dos aluguéis e tava tudo certo.

Até algumas roupas eu comprei, na verdade bastante roupa e ainda sobrou um dinheiro bom.

Comprei um chip novo também, e a primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi colocar no celular e baixar o whatsapp novamente, cadastrando o número novo.

Eu tinha que falar com as minhas mães, não iria contar o que aconteceu por vergonha mesmo, por que não foi por falta de aviso que me envolvi com o Daniel, mas sim burrice.

Só queria falar que estava bem, pois nós falamos todos os dias e já são 19:50 da noite e eu não mandei mensagem nenhuma para elas.

Fui nos contatos e mandei mensagem para a minha mãe Beth, falando que estava bem, que não morava mais com o Daniel e nem estava mais com ele, e que logo que eu arrumasse tudo, colocasse minha vida no lugar eu iria visitá-las.

No fim nem esperei ela ficar online e visualizar, só mandei um beijo para a mãe Morg, e desejei boa noite.

Minha mãe genitora, Elisabeth, engravidou de mim em uma noite de carnaval na qual ela se envolveu com o meu genitor, não considero meu pai.

Isso foi antes dela se descobrir bissexual.

Foi caso de uma noite, e pronto, eu nasci.

Minha mãe nunca mais viu meu genitor, nem sobrenome dele sabia.

Meses antes de eu nascer, ela conheceu a Morgana, minha outra mãe.

As duas começaram a namorar, e mesmo com a Beth grávida, a Morgana não ligou e disse que eu também seria filha dela.

A melhor coisa que tenho são essas duas, minhas duas rainhas.

Meu único arrependimento é não ter dado ouvido para elas.

Mas agora já era passado né?

Larguei o celular e voltei a prestar atenção no que a Daí falava, ela tava toda empolgada sobre eu finalmente está abrindo meu próprio negócio, parecia até que era ela que tava abrindo outro salão de tranças, era ate engraçado.

A sala tava cheia de sacolas, e nós duas estávamos podres de preguiça e ficamos jogadas no sofá só conversando e fazendo planos para o futuro.

Quando deu 20:30 Daiane disse que iria pedir lanches para gente, e que era para comemorar meu livramento.

Eu só consegui rir, a Daiane é doidinha as vezes.

Enquanto o lanche não chegava, joguei só uma água no corpo e vesti o pijama levinho que tinha comprado.

Levei umas sacolas para o canto da sala para não ficar bagunça, já que amanhã teria que começar a organizar tudo.

Quando sentei no sofá novamente, bateram na porta e a Daí foi atender, era um vapor que veio entregar os lanches e o refrigerante.

Daiane: já que você não pode tomar álcool por conta do remédio de dor, vai uma coquinha mesmo - rimos.

Acabei tomando analgésico para dor hoje cedo, meu corpo tava bem dolorido.

Sentamos no chão ao redor da mesa de centro e começamos a comer.

Daiane: como amanhã eu tô livre, vou te ajudar a limpar as coisas lá - sorriu animada e eu concordei.

Era ótimo saber que tinha a ajuda dela, e eu podia contar com ela para qualquer coisa.

Eu sei que pode parecer rápido e tudo mais, mas eu só queria ocupar minha mãe e reeguer minha vida o mais rápido que eu pudesse.

Eu perdi três anos, três anos jogados no lixo, e agora eu não aceitava mais perder um segundo sequer.

Daiane: amiga, sabe quem vai ficar feliz de saber que você vai morar aqui? - mordi mais um pedaço do lanche e neguei com a cabeça - a minha cunhada, a Marcele - coloquei a mão na boca e comecei a rir junto com ela.

Pietra: aí amiga, já faz tanto tempo isso aí, ela deve nem lembrar mais de mim - ri negando.

Antes do Daniel se tornar tão agressivo, eu saia com a Dai pra rolê de amigos sabe?

Aí uma vez eu vim pro morro e fomos no baile, a cunhada dela ficou de olho em mim mas eu acabei nem ficando com ela.

Eu sou bissexual e ela é linda, mas eu namorava na época, e era cegamente fiel ao Daniel.

Daiane: lembra sim viu? As vezes quando agente ficava se falando por chamada de vídeo, ela tava perto e bem ficava te olhando, aí quando cê desligava ela perguntava porque cê não apareceu mais e se você ainda tava namorando - riu - marcele é uma Pilantra cara! - concordei rindo - quem sabe agora, meu casal lindo não flui né? - me empurrou de leve com o ombro.

Neguei de imediato.

Pietra: tá doida Daí? não quero me relacionar nem tão cedo, nem ficar na verdade, tô com trauma de relacionamento - disse e ela concordou com a cabeça.

Agora era um momento só meu, eu precisava me reconectar comigo mesma, e não tinha vontade alguma de me envolver com alguém.


Continuaaa

A DONA | SÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora