PIETRA
Quando finalmente decidi mandar outra mensagem para ela, falando que não ia dar pra ir, ouvi um ronco de moto e em seguida uma buzina.
Droga! não dava mais tempo de cancelar.
Respirei fundo e fui saindo de casa e trancando a porta, só depois disso que olhei pra ela.
Ela tava tão bonita, que chegava a dar raiva, por que ela nem se esforça pra isso.
Bermuda branca da Nike, camisa azul escuro do Brasil, Casio no pulso, correntinha prata no pescoço, coque no cabelo, havaiana branca no pé, e radinho e arma na cintura.
as pernas chega tremem.
Ela me olhou e sorriu de lado, mas sem perder a marra, continuou em cima da moto de braços cruzados.
Pietra: cê chegou rápido hein? - sorri fraco me aproximando dela.
Marcele: morrendo de fome pó, não comi direito o dia todo - fez careta e eu concordei com a cabeça - bora lá comer um bagulho?
Pietra: um bagulho eu não sei, mas um lanche cheio de gordura e de tudo que é tipo de besteira que possa obstruir minhas veias, esse eu quero sim - ela me olhou fazendo careta e eu ri dela.
Marcele: sobe aí pô, vou te levar pra comer o melhor lanche da rocinha - sorriu convencida.
Apenas subi na garupa da moto, e me ajeitei, logo em seguida ela deu partida.
Me controlei muitooo pra não me aproveitar do momento e abraçar o corpo dela e curtir o cheiro do Malbec de perto, mas apenas segurei nos apoios e fiquei quietinha.
Em questão de minutos chegamos em uma lanchonete que ficava próximo a saída do morro, de longe dava pra ver que tinha algumas pessoas nas mesas, mas não tava cheio.
O lugar era arrumadinho, todo em amarelo e laranja por ser a cor da logo pelo que vi, muito fofo.
Mas o melhor era o cheiro que exalava lá: fritura.
Como pode uma coisa fazer tão mal e ser tão gostosa? Não consigo entender.
Quando entramos no local ela colocou uma das mãos nas minhas costas, acima da minha bunda e me guiou pra uma mesa mais afastada, um canto mais reservado.
Sentamos uma de frente pra outra e já fomos escolher o que íamos pedir, depois ela chamou uma atendente que anotou nossos pedidos e disse que em alguns minutos já estaria pronto.
Ela pediu dois x-bacons e eu pedi um x-tudo com tudo que tenho direito.
Pra acompanhar uma porção de batata com cheddar e bacon e uma coca gelada.
Ser pobre tem seus luxos né?
Ela me encarou e parecia que ia falar algo, mas seu celular apitou mostrando notificações de mensagens.
Seu rosto ficou sério e sinceramente acho até que ouvi ela bufar enquanto digitava algo.
Apoiei a mão no queixo e fiquei encarando ela.
Pietra: tão séria...- disse ao ver ela bloquear o celular e me encarar.
Ela deu um risinho sem graça e passou a língua na boca.
Que mania gostosa que ela tem.
Marcele: resolvendo uns caô do morro, isso dá maior dor de cabeça, papo reto. - arrumou a postura.
Pietra: imagino, deve ser muita correria né? - perguntei e ela concordou assentindo.
Marcele: mas amanhã eu resolvo isso, agora eu só quero matar minha larica - passou a mão na barriga e eu ri concordando - valeu aí - agradeceu quando a atendente trouxe nosso pedido.
Pietra: nossa, isso parece tá uma delícia - senti minha boca salivar ao olhar pro lanche enorme, quase do tamanho do meu rosto.
Marcele: tu vai se amarrar pô, melhor lanche que esse não tem - sorriu pegando uma batatinha.
Dei a primeira mordida no lanche e senti como se meu corpo todo cantasse hinos angelicais.
Pietra: meu deus do céu!!! Isso é muito gostoso! - falei com a mão na frente da boca e ela sorriu orgulhosa, como se tivesse acertado.
Marcele: eu te disse que era bomzão - começou a comer o lanche dela também.
E por um momento, eu senti inveja do lanche.
Pietra: preciso entrar na academia urgente! - ela me olhou meio sem entender - eu tô só comendo e comendo sem fazer exercício físico, daqui a pouco desço o morro rolando - ela riu alto quando acabei de falar.
Marcele: que nada pô, acho que tu só tá ficando mais gostosa mermo - deu de ombros. Que cara de pau - mas sobre o exercício tu podia ter feito ontem, mas preferiu fugir - me olhou sacana.
Certeza que eu tava parecendo um pimentão depois disso.
Pietra: eu não fuji Ferraz, eu só não achei que era o momento ainda sabe? - suspirei - meu relacionamento de três anos acabou a menos de um mês, ele foi meu primeiro em tudo, e não foi um relacionamento nada fácil...- falei a ultima parte em tom baixo já sentindo minha garganta queimar.
Marcele: foi mal aí baixinha, tava brincando só, mas desculpa se tu ficou coisada com esse assunto - não dá nem pra ficar triste perto dela, olha o jeito que ela fala.
Não aguentei e ri.
Pietra: "coisada" - repeti rindo - não aguento você, sério - continuei rindo.
Marcele: as vezes eu esqueço as palavras sacou? é tanta gíria que na hora de falar sério, só sai merda - bufou frustrada e eu ri concordando.
Pietra: tá tudo bem, eu entendi e não fiquei coisada não - ri de novo e ela sorriu pra mim.
Puta sorriso lindo viu? Vou me acostumar nunca.
Continuamos conversando e era engraçado porque por mais que a gente não se conhecesse tanto, o papo não acabava de forma alguma.
Ficamos engatando um assunto no outro até acabarmos de comer.
Eu fui toda serelepe pagar a minha parte mas ela não deixou de jeito nenhum, disse que ela que chamou, então ela que paga.
Paciência viu?
Saímos da lanchonete e ela perguntou se eu queria um açaí de sobremesa, eu até tentei negar, mas nossa acho que minhas lombrigas estavam atacadas hoje, porquê foi só ela falar açaí que minha boca salivou.
Fomos na sorveteria ao lado da lanchonete e pedimos o que queríamos, dessa vez eu fui mais rápida que ela e paguei a conta.
Agora ela tá resmungando e reclamando porque achou injusto.
•
Continuaaa ✨
1/2 mores, 10 comentários para o
próximo capítulo. ♥️
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A DONA | SÁFICO
Fanfiction📍Rocinha, RJ Quais as chances de encontrar paz e aconchego num lugar perigoso e cheio de controvérsias? pois é, as chances são poucas, mas eu encontrei minha paz, e foi nos braços da sub dona do morro.