Prólogo

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Anos atrás...

Eu tinha acabado de esfaquear o meu pai.

Encarei o corpo dele ali no chão, bem na minha frente, e não senti absolutamente nada. Era como se não fosse ninguém pra mim.

Ele sangrava e a barriga dele jorrava sangue para fora a cada vez que ele respirava enquanto ele agonizava de dor.

Na minha cabeça tudo passava devagar, era como se eu e tudo que está ao meu redor estivesse em câmera lenta.

Janaína: Vo... você... - gaguejou - VOCÊ MATOU O SEU PAI! - minha mãe gritou ao lado do corpo dele. - Como você pode fazer isso?!

Minha cabeça doía, olhei para as minhas mãos e elas estavam cobertas de sangue, minhas roupas estavam sujas também. Eu estava nervoso, era estranho tudo aquilo pra mim, mas eu não sentia sequer algum remorso e ver ele morrendo ali na minha frente era algo normal.

Janaína: VOCÊ É UM MONSTRO, GAROTO! - gritou.
- Você matou o seu pai!

Ítalo: Eu te salvei Janaína, ele tava te estuprando!

Janaína: Não, ele não estava! Sabe por quê? Porque eu deixei! Você não tinha esse direito.

Ítalo: Você é maluca, não é? Como pode defender esse cara? Olha tudo o que ele estava fazendo e fazia, com você, comigo!

Janaína: Eu não te pedi ajuda, garoto. Aliás, eu nunca quis ter você, se você estivesse morrido em todos os abortos que eu tentei fazer, ou quando você ficou invalidado na cama daquele hospital, nada disso teria acontecido. O meu amor não estava morto agora. - falou chorando.

Eu suspirei sem graça e só observei ela se levantar e sair correndo para a rua ajeitando a roupa.

Escutei seus gritos de socorro pela rua e encarei o meu pai no chão, ele me olhou e involuntariamente eu me aproximei do seu corpo.

Ítalo: Eu espero que você queime muito no quinto dos infernos, seu desgraçado! - me abaixei do lado dele.

Raul: Eu vou e você também vai junto comigo! - ele falou agonizando - Você não vai ter paz nunca, Ítalo! - Ele segurou minha mão, sem força nenhuma.

Seu olhar veio de encontro aos meus.

Encarei ele com todo o ódio que eu sinto por ele.

Ítalo: Eu falei que você ia me pagar por todo o mal que você me fez, não falei? - tirei a mão dele de mim.

Encarei ele e não obtive mais respostas dele.

Eu matei ele...

Ele morreu....

Ele morreu olhando nos meus olhos...

Viajei naquilo, nessa cena, e só sai do meu transe quando alguns vizinhos entrarão na casa, logo atrás a Janaína. Um deles veio direto conferir o pulso do Raul, o vi balançar cabeça em negação enquanto o outro tentava falar com alguém no telefone.

Encarei ele e olhei pra todos ao meu redor, eu não fiquei ali esperando a polícia e o socorro chegar, o Raul já estava morto, eu não precisava de mais nada.

Sai correndo escutando a Janaína gritar dizendo que não era pra me deixarem fugir; e sumi, fui correndo em direção ao morro jacarezinho.

A gente morava bem pra baixo, não no morro, mas era papo de uns 20 minutos andando e a gente chegava lá.

Mas acontece que eu não fui nem no meio do caminho. Comecei a sentir uma falta de ar mais forte do que eu estava sentindo.

Me encostei no muro de um beco escuro e tentei respirar devagar, mas não dava. Meu peito doía, eu sentia ele batendo forte pra caralho e o suor escorria pelo meu corpo. Minha respiração estava ficando pior, eu puxava o ar com força mas era como se eu não fizesse nada.

Bati a mão no bolso procurando minha bombinha, meu desespero foi maior quando eu não senti ela ali.

Não tinha como eu voltar, a essa hora com certeza já tem gente atrás de mim.

E eu me peguei com medo, medo por essa ser a minha primeira crise sem alguém para me ajudar.

Eu nunca tinha tido uma crise de asma onde eu estava sozinho.

Janaína mesmo contra a vontade dela sempre me ajudava e eu sempre tinha a minha bombinha por perto.

Senti tudo em mim doer.

Parecia que eu estava morrendo, papo reto, sensação horrível.

História iniciada em:
05/nov/2022

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