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Mariana  

Fiquei o resto da madrugada acordada, quando eu finalmente consegui dormir um pouco não se passaram nem trinta minutos e o meu celular despertou. 

Tomei um banho pra ver se acordava pra vida e sai do meu quarto. 

Eu queria evitar olhar pro meu pai, a essa altura com certeza ele já tá sabendo da briga do Vilão e do Pk, mas foi impossível quando assim que eu saí do meu quarto vi ele ali.

João: Apareceu é? Te esperei quase a madrugada toda — me encarou sério assim que eu apareci na sala. 

Mariana: Pai... 

Ele nem deixou eu falar, foi me atropelando com as palavras.  

João: A nossa última conversa foi sobre o quê Mariana? Eu não me importo de você sair, de ir pra suas festas, curtir a sua vida, você já é maior de idade, cara. Mas se envolvendo com bandido, Mariana? De novo. Eu não te criei a minha vida toda pra no fim das contas você terminar como mulher de um traficante, porra! — ele disse alterado, praticamente gritando pra vizinhança toda ouvir.  

João: Todos esses anos de estudos, seus cursos, seus sonhos, tu vai jogar tudo isso fora pra virar mulher desses sem futuro aí? Porque são isso o que eles são, duvido que passam dos trinta. Se não forem presos vão ser mortos. 

Mariana: Meu Deus, eu não tô largando nada da minha vida pra virar mulher de ninguém. Eu não tenho nada sério com o Vilão e nem quero. Ele só me defendeu ontem naquele inferno de festa. O idiota do Pk me agarrou, me machucou, tá vendo a merda de uma tala no meu braço?! Foi aquele imbecil, o Vilão só me defendeu, não é bem assim igual te falaram.  

João: Pode até ser verdade, Mariana, mas eu vou te passar o mesmo recado que você já está cansada de saber! Eu não quero e eu não VOU aceitar! — enfatizou — ver a minha única filha, virar mulher de vagabundo. Não foi isso que eu sonhei pra você, eu não dediquei anos e anos da minha vida te criando pra chegar agora e ver você virando isso. Se esse for o caminho que você quer?! Some da minha casa, porque aqui eu não te aceito. — Disse totalmente rude.  

Mariana: Caralho, realmente não vai dar pra conversar com você agora né?! Você não me escuta.  

João: Escuta o quê Mariana? Eu já te conheço, não se faça de santa não, até parece que é a primeira vez que você se envolve com esses marginais sem futuro nenhum. Eu não criei filha minha pra virar mulher de bandido não! — novamente ele ressaltou.  

Mariana: Eu já entendi. — cruzei os braços me encostando na parede.

Disso eu já sei bem, ele sempre deixou bem claro que aceitaria tudo para mim, menos me ver sendo mulher de bandido.  

João: Você tá cansada de ver e sabe o fim que essas meninas sempre têm, vivem apanhando por aí, sendo traídas, e sabe muito bem que entrar nesse caminho não tem volta. Você só vai deixar de ser mulher deles quando ou você ou ele morrer, e a gente já sabe quem é que vai pro caixão no fim da história. Você sabe, não sabe? 

Fiquei calada. 

João: Você já viu por acaso alguma dessas meninas que se envolvem com eles terminando feliz a relação? Me conta aí, porque todas que eu conheço, ou conhecia né, é melhor de dizer... terminaram dentro da porra de um caixão. Você acha que eu quero enterrar a minha filha? 

Balancei a cabeça em negação. 

Eu sei que ele não quer o meu pior. Ele pode surtar, mas nunca vai ser pro meu mal. E isso tudo parecer chato, mas ele não tá falando nenhuma mentira.

João: Eu espero que isso se acabe por aqui, porque eu não quero sonhar em ouvir esse mesmo assunto de novo mais uma vez — me olhou sério.

Mariana: Ok, já posso ir? — apontei com a cabeça pra porta e ele negou sério.

João: Eu ainda não terminei. — eu respirei fundo.

Mariana: Então fala pai...

João: Só para te avisar que à partir de amanhã a Adriana vem morar aqui com a gente. — falou de uma forma totalmente simples e eu ri.  

Aí ele só pode estar de brincadeira! Não é possível.  

Mariana: Porra, tu tá de brincadeira, né? Pai, eu aceito tudo, mas essa mulher morando no mesmo ambiente que eu, eu não aceito não! — exigi no mesmo tom de voz que ele usou comigo.  

Ela sempre vem aqui em casa, dorme aqui, passa o dia. A gente não se gosta, ele sabe disso e eu respeito ela na medida em que ela me respeita também.

Mas aceitar ela morando debaixo do mesmo teto que eu, eu não aceito não. Nem fodendo.  

João: Você não tem que aceitar nada, Mariana! Essa casa é minha, tá maluca? A Adriana vem sim e você não vai interferir em nada disso!  

Mariana: Essa casa também era da minha mãe. Não é justo você colocar outra mulher pra morar aqui, ainda mais a Adriana.  

João: Não é justo por quê? Porque eu decidi viver a minha vida? A tua mãe morreu, ela realmente foi o amor da minha vida, mas agora eu vou seguir meu caminho. E a minha mulher vir morar aqui vai ser mais um passo que eu vou dar.  

Mariana: Meu Deus... — ri sem acreditar, passei a mão no meu cabelo jogando ele todo para trás de nervoso — eu não aceito isso, sério. Eu também moro aqui, eu também tenho direito nessa casa. Eu não aceito ela aqui.  

João: Você tem quantos anos, Mariana? Você está sendo infantil, tu tem noção? Não gostou? A porta da rua é a serventia da casa. Eu não vou deixar de viver a minha vida porque você não aceita tal coisa. Ela vem sim, você querendo ou não. E se você não estiver satisfeita, pode ir pegando as tuas coisas e indo para outro lugar!  

Mariana: Ok — concordei rindo sem graça. Me virei indo pro meu quarto novamente.  

Fechei a porta atrás de mim e me sentei na cama, pensei por cinco minutos e isso foi o suficiente pra me fazer levantar e pegar minha mochila. 

Coloquei algumas peças de roupas, e coisas de higiene pessoal minha. Ir embora daqui eu realmente não quero, o meu foco é ter o meu salão, investir no meu sonho. Morar sozinha agora realmente não está nos meus planos porque isso requer um gasto bem maior. 

Hoje eu vou passar a noite na casa de uma das meninas, pensar com calma pra não fazer nada na emoção, mas se for preciso eu realmente não vou ficar aqui.  

João: É sério isso Mariana? — me olhou de cima a baixo quando eu passei por ele.  

Mariana: Fica tranquilo que se eu realmente for embora daqui eu volto pra buscar tudo o que é meu! — passei sem olhar pra ele.

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