Mente de Vilão

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Vilão

Mariana é diferente de todas as outras mulheres que eu já me relacionei. Papo reto.

Antes de ficar com ela eu só queria pegar ela uma vez e pronto, mais aí eu peguei uma vez, gostei, quis de novo e agora tamo aí. E é daora porque com ela não é só sexo, a companhia dela é maneira e o nosso papo flui numa paz.

E eu tô curtindo isso, não é à toa que a gente já tá ficando a meses. Mas é uma parada que eu sei que não vai pra frente, e eu nem quero também.

Mariana tá criando uma versão minha que não existe, eu não sou assim igual ela acha.

No meu primeiro surto ela vai ver que eu sou fodido pra caralho, e igual a todos... ela não vai ficar...

Encarei ela que já dormia do meu lado e me levantei e desci pro andar de baixo, misturei haxixe com maconha e tava bolando um cigarro pra fumar quando bateram no portão.

Olhei às horas e eram quase três da manhã, papo reto, pra me perturbar a essas horas só pode ser b.o, e se não for eu vou surtar.

Vesti minha blusa e sai, abri o portão e quando eu vi quem era senti toda a minha paz ir embora.

Janaína: Vamos conversar? Sem brigas hoje, por favor. Eu juro que se você não quiser falar comigo depois eu não volto mais.

Vilão: Não existe conversar entre você e eu Janaína, faz o que você acabou de falar, vai embora, some e não volta nunca mais!

Janaína: Por que toda essa raiva por mim sendo que quem mais te maltrato foi o teu pai?

Vilão: Porque você deixou, você deixava, você sempre deixou... então não se faça de maluca, pô... - sorri sem graça.

Janaína: Eu me arrependo de tudo, ítalo. Dói em mim lembrar tudo o que eu deixei ele fazer com você... me perdoa, filho.

Encarei o nada e respirei fundo.

Vilão: Acho que você deixou pra se arrependeu tarde demais, Janaína.

Janaína: Meu Deus, é tão difícil pra você entender que eu mudei? Eu errei, eu sei, e se eu pudesse voltar atrás eu jamais teria deixado ele fazer tudo aquilo contigo. Por que você não consegue me perdoar?

Vilão: Talvez porque você também ajudou ele, não é? Ele me batia, você me batia. Ele te arrebentava, transava contigo na minha frente e eu era obrigado a ver aquilo se não eu apanhava, você acha mesmo que eu vou me esquece disso?

Janaína: Eu estava fora de mim naquela época, você sabe disso, eu vivia drogada, bêbada por aí. Agora eu mudei, tô me tratando, eu tô melhorando, Ítalo.

Vilão: Nada vai apagar o que eu passei, Janaína. Nenhum pedido de desculpas seu vai me fazer esquecer tudo o que eu passei com vocês dois, o que eu passei preso na casa de menores. Eu não vou esquecer. E mesmo que eu tente pô, eu não vou conseguir, porque todas as vezes que eu me olhar na porra do espelho eu vou ver todas as cicatrizes que eu tenho pelo meu corpo e isso vai me fazer lembrar...

Janaína: Você não precisa me perdoar e conviver comigo, eu sei que é difícil pra você tudo isso. Mas quem sabe assim você não fique em paz com isso, talvez é só disso que você precise.

Vilão: Eu não preciso de paz, Janaína, para com esses papos, cara. Vai embora daqui, aproveita que eu tô pedindo na moral ainda - falei já aumentando o meu tom de voz.

Janaína: Começou as suas ameaças... Você tem ódio do seu pai mas você se tornou igual a ele também. Descontrolado, agressivo... até nisso vocês são idênticos e não adianta você negar.

Vilão: Não me compara com ele! - gritei apontando na cara dela - Vai se foder, cala a sua boca!

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