Capítulo 15: Você está apaixonado por ela.

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Pietro

Você tá apaixonado por ela, admite. —Alfredo afirmou, pelo que eu imaginava ser a milésima vez desde que chegou e conheceu a Hermione.

—Ela é minha amiga. —Rebati, enquanto tentava limpar as mesas do café, antes dos clientes chegarem. Mas Alfredo estava atrás de mim, fazendo o que sabe fazer de melhor, implicar comigo.

—Besteira. —Desdenhou. —Você está apaixonado por ela que eu sei. Falou dela a semana toda e eu também vi como você olha pra ela. —Murmurou, me fazendo pressionar os lábios e negar com a cabeça. —Vai, você está apaixonada por ela, né? Confessa, princeso. Eu sei que está.

—Alfredo! —Olhei pra ele, fechando os olhos com força para não xingá-lo. —Ela é minha amiga e não sei se percebeu, um pouco tímida e quieta. Não quero estragar tudo.

—Então está mesmo apaixonado? —Ele abriu um sorriso muito grande, enquanto eu abria a boca para dizer que não.

Mas parei antes que a palavra saísse. Não estava apaixonado de fato. Mas não podia negar que estava mais atraído por ela do que já estivesse por qualquer mulher que já conheci. Não sei como cheguei a isso. Estávamos jantando juntos como amigos. Mas então um dia eu olhei pra ela, a vi sorrindo e com os olhos tão iluminados que simplesmente aconteceu.

Sinto vontade de beija-la. Sinto vontade de tocar nela. Sinto vontade de cuidar dela. Queria que ela se abrisse comigo. Queria que me contasse o significado de cada post it na sua casa. Queria que sorrisse pra mim mais vezes, não por algo que eu disse, mas por estar feliz em estar comigo. Queria puxa-la para os meus braços e não soltar mais. Era assustador e ao mesmo tempo incrível.

Mas não posso fazer nenhuma dessas coisas. Somos amigos e não vou estragar tudo. Hermione nunca deu a entender que também sente atração por mim, então não vou fazer algo que a deixe sem graça e muito menos desconfortável perto de mim. Posso aceitar a amizade dela, se é apenas isso que ela tem a me oferecer.

—Somos amigos. —Insisti, vendo ele revirar os olhos e soltar uma risada descrente. Por sorte Ian resolveu aparecer naquele exato momento, jogando um pano e um frasco de limpeza nas mãos dele.

—Você está conversando demais e trabalhando de menos, ragazzo. —Afirmou, me fazendo morder o lábio para não rir da cara de espanto de Alfredo.

—Eu nem trabalho aqui! —Afirmou, soltando um barulho de indignação com a boca.

—Agora trabalha. Anda, anda... você está atrapalhando o seu irmão. —Ian o empurrou, fazendo Alfredo resmungar algumas coisas. Mas ele foi limpar as mesas, me dando espaço para respirar de tantas perguntas sobre Hermione. Alfredo estava totalmente certo em algumas partes. Mas eu jamais daria o braço a torcer.

—Ele tem razão, sabia? —Ian parou ao meu lado, erguendo as sobrancelhas, enquanto cruzava os braços na frente do corpo. —Você falou dela a semana toda. Além do mais, está sorrindo o tempo todo.

—Deu pra ouvir a conversa dos outros agora? —Indaguei, soltando uma risada nervosa ao vê-lo falar a mesma coisa que Alfredo. Não havia notado que estava falando dela sempre e todos os dias. Era natural.

—Você está dentro do meu café, ora. —Ele deu uns tapinhas no meu ombro, antes de começar a se afastar. —Ela é muito bonita e educada, eu te entendo. Se eu gostasse de mulheres provavelmente a chamaria pra sair. —Eu olhei pra ele na mesma hora, vendo o soltar uma risada alta. —Alguém já está até com ciúmes.

—Vocês dois estão ficando loucos, isso sim. —Resmunguei, soltando o ar com força, ao mesmo tempo que virava o rosto para a pessoa que estava entrando no café. Abri um sorriso involuntário ao ver que era Hermione. Ela tinha feito tranças no cabelo de novo. Duas. Cada uma caindo sobre um dos ombros. Estava linda, como todos os dias.

—Você está ferrado! —Ian me deu uma cotovelada, rindo muito abertamente. —Muito ferrado.

Eu tinha certeza disso.

[...]

Mãe — Seu irmão chegou?
Mande ele me dar notícias.
Estou desde ontem a noite esperando uma mensagem ou ligação dele.
Tentem não chegar atrasados para o almoço amanhã.
Não vamos ficar esperando vocês se resolverem não seguir o horário marcado.
A família toda vai estar reunida, avise seu irmão para se comportar.

Apaguei a tela do celular e encarei a rua, enquanto sentia meus ombros tensos e a frustração dando as caras. Ela nunca perguntava se estava tudo bem. Nunca dizia que nos amava e muito menos mandava um "beijo" ou "abraço" nos finais das mensagens. Eram sempre ordens e frases curtas e indiferentes. Mesmo estando acostumado com esse jeito dela, eu gostaria que ela tentasse, só um pouco, ser menos indiferente a nós.

Parei em frente a floricultura de Hermione, observando ela andando de um lado para o outro, carregando e arrumando vasos de flores. Azeitona estava andando atrás dela, balançando o rabo e latindo, enquanto ela parecia conversar com ele, com um sorriso muito grande nos lábios.

Mordi o lábio para conter o sorriso e pensei em uma possibilidade. Não sabia se era uma boa ideia, mas Alfredo certamente gostaria daquilo também. Então entrei na floricultura, chamando a atenção dela e do imenso cachorro preto. Azeitona veio até mim, balançando o rabo. Me abaixei para afofar a cabeça dele, enquanto via Hermione desligar a música que ecoava baixinho por ali antes de vir até mim.

—Achei que o Alfredo vinha com você. —Comentou, enquanto pegava a bolsa e vinha até mim, azeitando os fios de cabelo que haviam se soltado das belas tranças.

—Ian o colocou pra trabalhar no café hoje. —Esclareci, vendo ela soltar uma risada, deixando as covinhas recém descobertas por mim a mostra. Eram completamente fofas e deixava o rosto dela onda mais lindo. —Mas ele vai almoçar com a gente.

—Tudo bem. —Ela colocou a coleira em Azeitona, erguendo os olhos para me fitar quando percebeu que eu não parava de encara-la. Suas bochechas coraram e ela desviou os olhos. —O que foi?

—Quer ir pra fazenda com a gente amanhã? —Indaguei, vendo a expressão surpresa que tomou conta do rosto dela.



Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora