Capítulo 45: Eu tenho idade pra ser sua mãe.

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Pietro abriu a porta na primeira batida, como se estivesse esperando de pé na frente dela. Seus braços me envolveram e ele me abraçou apertado, enquanto murmurava um cumprimento a minha mãe. Deixei que ela entrasse atrás de mim, enquanto ouvia a tosse de Alfredo vindo de um dos quartos.

—Ele está muito mal? —Indaguei, sentindo ele deixar um beijo na minha testa.

—Está com febre. Já dei todos os remédios necessários, mas por enquanto continua na mesma. O médico só vem a tarde então... —Ele deu de ombros, parecendo frustrado. Fiquei na ponta dos pés e segurei sua nuca, deixando um beijo demorado nos lábios dele.

—Vai ficar tudo bem. Pode ir trabalhar. Eu e a minha mãe vamos ficar aqui com ele. —Sorri pra ele, tentando deixar claro que estava tudo bem.

—Vou tentar fazer tudo que tenho pra fazer lá e voltar rápido, está bem? —Ele pegou as chaves do carro, me puxando para um último beijo. —Qual o horário do voo da sua mãe?

—É no final da tarde. Não se preocupe com isso. —Dei um beijo nele, observando ele se afastar, um pouco a contragosto e então ir embora.

Fechei a porta e caminhei até o quarto, encontrando minha mãe sentada na ponta da cama, com a mão na testa de Alfredo, que estava com uma expressão péssima no rosto.

—Eu tô bem, tia. Só preciso dormir um pouco. —Alfredo fungou, se encolhendo embaixo das cobertas.

—Bem nada! —Minha mãe soltou um barulho de reprovação com a boca. —Está queimando em febre. —Minha mãe puxou as cobertas dele, fazendo-o se encolher como se estivesse com frio. —Vamos cuidar disso. Logo você vai estar melhor.

Acho que Alfredo não vai mais precisar de um médico.

[...]

Alfredo dormiu assim que a febre baixou. Minha mãe ficou mimando ele como se ele fosse uma criança de 5 anos. Mas pelas expressões de Alfredo, ele parecia estar amando, se não fosse o estado da gripe.

Mas o dia hoje parecia propenso a coisas dando errado. Neve demais. Frio demais. Alfredo gripado. Pietro tendo problemas na cozinha da padaria. Mal havia conseguido falar com ele durante a manhã. Apenas algumas mensagens rápidas. Ele nem ao menos conseguiu sair pra almoçar.

—É assim mesmo, filha. Ele acabou de abrir. Até tudo funcionar como se deve, ele vai ter que lidar com muitos problemas. —Minha mãe murmurou, enquanto preparava uma sopa para Alfredo.

—Eu sei. Mas o dia está péssimo hoje. —Falei baixinho, me sentindo cansada sem nem ter feito absolutamente nada. —Tudo está dando errado.

—Parece que um caminhão passou por cima de mim. —Olhamos para o corredor, vendo Alfredo aparecer ali com o pijama todo amarrotado e uma cara péssima. —Meu estômago está estranho.

—O que está fazendo de pé? Volte pra cama agora mesmo. —Minha mãe mandou, fazendo Alfredo arregalar os olhos.

—Que isso, tia... Eu tô melhor. —Ele passou as mãos nos cabelos, tentando arrumar os fios desgrenhados, antes de fazer uma careta e começar a tossir.

—Volta pra cama. —Fui até ele, o empurrando de volta pro quarto. —Minha mãe tá fazendo uma sopa. Você precisar comer e beber água.

—Princesa, sua mãe não tinha que pegar um avião hoje? —Alfredo subiu na cama, se arrastando até estar com as costas na cabeceira. —Eu não quero atrapalhar nada. Juro que já estou melhor.

Ele voltou a tossir, pegando uns lenços para assoar o nariz. Soltei uma risada vendo a cara de sofrimento que ele estava fazendo, mesmo insistindo que estava tudo bem.

—Ela já deu um jeito na passagem. —Me sentei na ponta da cama, vendo ele arregalar os olhos.

—Como assim? Ela não vai embora hoje? —Ele fez uma careta.

—É claro que não. —Minha mãe entrou no quarto, segurando um prato fumegante de sopa. —Não vou sair e deixar você nesse estado. Posso ficar mais um ou dois dias.

Alfredo ficou encarando ela por longos segundos, com os olhos vermelhos completamente arregalados e os lábios tremendo. Minha mãe não pareceu ter notado que havia acabado de deixar ele a beira das lágrimas só com aquilo, porque estava ocupada ajeitando a sopa para que ele comesse.

—Tia, você quer casar comigo? —Alfredo fungou, cutucando a mão dela.

—Para de graça, menino. Eu tenho idade pra ser sua mãe —Ela ralhou, fazendo ele rir. —Come tudo.

Minha mãe saiu do quarto, deixando Alfredo com um sorriso enorme no rosto, antes de começar a comer. Pensei no quanto aquilo significava. O quanto Pietro e Alfredo mereciam ter tido uma mãe de verdade e não apenas uma mulher que se denominava isso. Eu entendo porque Pietro faz tantos planos pro futuro. Ele quer uma família, porque não teve uma de verdade. Quer filhos porque quer cuidar deles e amá-los como nunca foi amado pela mãe.

Acho que se ele me pedisse em casamento nesse instante, eu aceitaria.

Minha mãe voltou pro meu apartamento quando a noite começou a cair e logo depois que o médico apareceu e foi embora. Azeitona ainda estava sozinho e provavelmente com fome. Eu ainda estava esperando Pietro, deitada na ponta da cama de Alfredo, lendo pelo celular enquanto ele dormia.

Quando me senti cansada o suficiente, deixei ele sozinho e fui para o quarto de Pietro, catando um par de roupas dele antes de me enfiar embaixo do chuveiro. Não sabia se ele iria ele se importar, mas eu não tinha qualquer outra coisa pra vestir naquele momento. Então me afundei embaixo das cobertas, observando a noite passar pelas cortinas abertas.

Em algum momento eu apaguei, sentindo o perfume de Pietro nas roupas enormes que eu estava usando dele. Quando despertei, foi com os braços dele me envolvendo, quando ele se deitou ao meu lado, deixando um beijo no meu pescoço antes que eu apagasse de novo, apenas me aconchegando mais nele.

E eu nunca me senti tão bem na minha vida.


Continua...
......
Eu aqui bem plena escrevendo o penúltimo capítulo imaginando os surtos que vocês vão ter em breve (obs: vai até o cap 56, mais o epílogo e mais um bônus)

Docemente Apaixonados / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora