Capítulo 42: Você me ama?

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Pietro

Hermione estava dormindo ao meu lado. Estava tão quietinha e imóvel, e mesmo assim continuava sendo completamente adorável. Dormir com ela e acordar ao seu lado me dá ainda mais certeza de que quero ela pra sempre ao meu lado. Que quero acordar todos os dias assim.

Puxei meu celular para ver as horas, sabendo que precisava me levantar. Haviam muitas mensagens da minha mãe. Mas como nossas últimas conversas não tem rendido nada, prefiro evitar uma outra tentativa. Me mexi com cuidado, tirando a mão de Hermione que estava grudada em mim.

Abri um sorriso ao tirar os cabelos que caiam no rosto dela, antes de me abaixar e deixei um beijo demorado na sua testa. Hermione soltou um suspiro e se remexeu, vindo para mais perto de mim involuntariamente. Sorri ainda mais com aquilo.

—Você me ouviu ontem? —Sussurrei, tocando com cuidado sua bochecha. —Amo você, Hermione. —Beijei sua testa de novo. —Amo você.

[...]

Sai do pequeno escritório e entrei na cozinha, vendo o movimento dos meus funcionários, indo de um lado para o outro. Chequei se estava tudo certo e fui pra frente da padaria, vendo o pequeno movimento de pessoas naquele horário. Já havia gravado os momentos do dia em que as pessoas mais apareciam ali. As vezes ainda sentia falta de estar no café com Ian. Mas não posso deixar de negar que estava feliz demais ali.

Olhei para a entrada, piscando várias vezes para ter certeza de que era realmente minha mãe entrando ali. Mas era ela sim. Seus olhos vagaram por toda padaria, observando tudo sem qualquer emoção, enquanto ela erguia os óculos escuros e deixava-os sobre os cabelos.

—Mãe? —Me aproximei dela, vendo seus olhos pararem em mim, um pouco surpresos. —Oi... não pensei que fosse aparecer aqui. O que achou? —Olhei ao redor, com um sorriso muito grande. —Deu um trabalhão, mas acho que valeu a pena. Quer conhecer a cozinha? —Indiquei a porta depois do balcão. —Alfredo está estudando no...

—Já vi o suficiente, não se preocupe. —Ela soltou uma respiração pesada, indo até uma das mesinhas para se sentar. —Vim falar com você, já que não responde minhas mensagens e muito menos apareceu na fazenda.

Senti meus ombros ficarem tensos, enquanto eu me sentava na sua frente lentamente, me preparando para o que quer que fosse. Não sei porque fiquei o mínimo animado com a aparição dela. Era óbvio que ela não estava ali para conhecer o lugar. Ela detestava o que eu fazia.

—Eu andei um pouco cheio. Não estava com tempo de ir até lá. —Afirmei, vendo ela batucar os dedos na mesa, ainda olhando ao redor com a mínima curiosidade. —Quer comer alguma coisa?

—Não, obrigada. —Voltou a olhar pra mim, enrugando os lábios antes de erguer os ombros. —Seu irmão está estudando?

—Sim. E nas horas vagas ele me ajuda na administração da padaria. Sabe que ele é super inteligente. —Falei, vendo ela assentir minimamente, mesmo que a expressão de desaprovação estivesse ali. —Ele está lá atrás. Posso chamá-lo.

—Deixe-o estudar. Não vim aqui fazer visitas. —Retrucou, me fazendo pressionar os lábios.

Mesmo que eu tivesse muitas coisas a dizer a ela, eu nunca fazia isso. Porque ela ainda era minha mãe. Porque no fundo eu a amava e esperava que ela também sentisse isso.

—Ainda está saindo com aquela garota? —Indagou, fazendo meus ombros ficarem rígidos. Fechei minhas mãos em punho sobre meu colo, olhando pra ela sem piscar.

—O nome dela é Hermione. E sim, ainda estou saindo com ela. —Esfreguei minha nuca, desejando que pudesse pular aquele momento. —Na verdade, estamos namorando.

—Você disse que ela não era sua namorada. —Afirmou, erguendo uma das sobrancelhas.

—Agora ela é. —Dei de ombros, usando o mesmo tom de voz que ela estava usando comigo. Vi que isso não a agradou, já que seus lábios ficaram unidos em desaprovação clara.

—Ela não serve pra você. —Soltei uma risada, me inclinando sobre a mesa para esfregar as mãos no meu rosto. —Eu estou falando sério, Pietro. Ela não serve pra você. Já percebeu como ela é? O jeito que ela fala e age?

—Eu sei como ela é, mãe. Sei muito mais do que você. Eu convivo com ela a tempos. —Afirmei, olhando para todos os lugares menos pra ela. —Não acredito que você veio aqui só pra falar mal da minha namorada!

—Eu vim aqui porque eu não quero essa garota na minha família. —Rebateu, erguendo o queixo de forma afrontosa. —Ela pode parecer um anjinho doce e adorável, mas as pessoas desse tipo são as piores. Só estou querendo o seu bem, Pietro. Não sei porque você e seu irmão tem essa mania de achar que eu sou a vilã da história. Sou sempre a errada.

—Porque você está errada agora! —Afirmei, olhando pra ela com meus ombros pesados em frustração. —Você não a conhece! Pelo amor de Deus, qual o seu problema? Você mal convive com nós dois e acha que sabe mais sobre nossas vidas do que nós mesmos. Você ficou 30 minutos na presença dela e acha que isso já lhe da o direito de julgar a moral dela. Eu falei pra você aquele dia e vou falar de novo agora, pare com isso!

—Não fale dessa forma comigo! —Resmungou, me fazendo soltar uma risada nervosa. —Eu ainda sou sua mãe, sabia?

—Verdade? —Olhei pra ela, descrente. —Por que as vezes eu juro que não tenho mais mãe. —Ela ficou vermelha, com os lábios tremendo. —Você me ama?

—Que tipo de pergunta é essa? —Ela passou as mãos nervosamente pelos cabelos, olhando pra mim como se eu fosse louco. —Eu sou sua mãe, Pietro.

—Bem, você não respondeu. —Dei de ombros. —É uma pergunta bem simples que eu estou fazendo pra minha mãe. Você me ama?

—É claro que eu amo você. —Falou, sem de fato olhar pra mim. Balancei a cabeça afirmativamente, sem saber ao certo se acreditava naquelas palavras ou não.

—Se você realmente me ama, não se intrometa na minha relação com Hermione. Estou feliz pra caramba com ela e não quero que isso acabe. —Afirmei, vendo ela balançar a cabeça em resignação. —Ainda vou me casar com essa garota, mãe. Aceite isso.

—Já está pensando em se casar? —Ela riu, esfregando as mãos, nervosa. —Bem, eu andei fazendo umas pesquisas sobre ela. Mas acho que você não vai se importar com isso, já que pretende fazer dela minha nora. —Fiquei imóvel, sentindo todo meu corpo todo tenso. —Você sabia que ela tem autismo? Ela contou a você?


Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora