Capítulo 46: Mãe.

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Me remexi na cama, abrindo os olhos e encontrando Pietro deitado do meu lado. Mas ele não estava dormindo. Estava muito mais do que acordado, olhando pra mim com um sorriso muito grande no rosto.

—Bom dia. —Murmurei, me sentindo tímida com a forma que ele me olhava.

—Você está usando minhas roupas. —Comentou, quando me sentei na cama. Olhei para a blusa de moletom dele, que praticamente engoliu meu corpo pequeno.

—Eu precisava tomar banho e não tinha outra roupa. —Dei de ombros, sem graça. —Sinto muito por isso.

—Está me pedindo desculpas por estar usando as minhas roupas? —Ele riu, puxando meu rosto pra me encher de beijos. —Pode usar o que quiser do meu guarda-roupa, Hermione. Tudo que quiser é seu.

—Você não pode ficar falando essas coisas pra mim. —Afirmei, com o rosto pegando fogo, enquanto ele segurava meu rosto entre as mãos e me observava fascinado. —Se não eu vou acabar gostando de você mais ainda.

—Essa é a intensão, meu bem. Você ficar perdidamente apaixonada por mim. —Ele me beijou, erguendo meu queixo e me puxando para seu colo. Queria dizer a ele que já estava perdidamente apaixonada, mas esqueci disso quando ele continuou me beijando sem parar. —Gosto disso. —Ele me deu um último selinho. —Acordar com você do meu lado.

—Eu também gosto. —Concordei, envergonhada. —Gosto muito disso.

Ele sorriu, acariciando minha bochecha, enquanto eu tentava me sentir menos nervosa perto dele. Mas era impossível quando ele me olhava daquela forma.

—E a sua mãe? Estraguei todos os planos dela, não foi? —Pietro fez uma careta, parecendo ter se dado conta daquilo no momento.

—Não se preocupe com isso. Ela pode não demonstrar, mas ela adora seu irmão. —Afirmei, saindo do colo dele para ficar de pé. —Ela vai aparecer aqui daqui a pouco, com o Azeitona. Tudo certo na padaria?

—Só alguns problemas. —Ele se deitou de novo, fitando o teto. —Mas já estou resolvendo tudo. Ian está me ajudando agora no início.

—E o super-herói Ian ataca novamente. —Falei, arrancando uma gargalhada de Pietro, que me agarrou e me puxou de volta pra cama.

[...]

Mais um dia que a neve não parou de cair. Pietro saiu pra trabalhar assim que minha mãe chegou com Azeitona. Não sei qual de nós dois estava com mais saudades, se era eu ou ele, já que o mesmo latiu e ficou pedindo carinho um tempão, antes de ter sua atenção roubada por Alfredo.

Fiquei sentada no sofá ao lado da minha mãe, vendo a manhã passar, enquanto o tempo ficava cada vez mais frio. Alfredo ficou na cama a maior parte do tempo, ainda se sentindo estranho por causa da gripe. Mas em algum momento do dia, ele se juntou com nós duas e Azeitona no sofá, tagarelando sem parar sobre coisas aleatórias que já haviam acontecido com ele.

E naquele pequeno momento, percebi o quanto queria que Pietro e meu pai também estivessem ali. Eram o pequeno grupo de pessoas que eu mais amava no mundo. E nunca senti tanta falta dos dois como naquele momento. Mas enquanto Pietro estava no trabalho, pronto para chegar em algum momento, meu pai estava do outro lado do oceano atlântico.

—Onde você vai? —Indaguei, vendo minha mãe ficar de pé, pegando suas coisas.

—No mercado. Usei algumas coisas do Pietro ontem e preciso repor. —Deu de ombros, enquanto Alfredo se ajeitava no sofá.

—Ei, tia, não precisa se preocupar com isso, não. Pode deixar. —Afirmou, enquanto minha mãe negava com a cabeça.

—Não gosto de ficar em casa por muito tempo. Querem alguma coisa? —Ela olhou pra nós dois, colocando as mãos na cintura. Balancei a cabeça negativamente, ao mesmo tempo que Alfredo fazia o mesmo, se encolhendo no sofá ao meu lado.

—Não demora! —Gritei a ela, vendo ela murmurar alguma coisa e então fechar a porta. Olhei para Alfredo ao meu lado, que estava assoando o nariz, olhando com uma careta para o desenho que passava na tv. —Você está melhor?

—Ah, sim. 90% melhor. —Ele olhou pra mim, me lançando um sorriso torto. —Só estou cansado. Fazia tempo que eu não pegava uma gripe assim.

—Pode ir deitar se quiser. Pietro deve chegar pra almoçar daqui a pouco. —Falei, mordendo o interior da bochecha ao pensar que eu mesma podia fazer o almoço, enquanto minha mãe não voltava. Alguma das coisas que Pietro me ensinou.

—Certo... —Ele ficou de pé, cambaleando até o quarto. —Qualquer coisa me chama, princesa. Eu só vou tirar um cochilo.

Olhei para Azeitona por alguns segundos, vendo ele todo largado no outro sofá, olhando pra mim enquanto abanava o rabo. Soltei uma risada sem pensar e fiquei de pé, me encaminhando para a cozinha. Comecei a preparar tudo, enquanto colocava os fones de ouvindo, colocando a música mais calma que eu tinha.

Abri um sorriso enquanto preparava tudo, lembrando de todos os jantarem com Pietro. De toda calma e paciência que ele tinha pra me explicar algo que eu não entendia. De como ele era gentil. Ah algo de engraçado em pensar nisso tudo, porque ele esteve naquele café todos os dias, mas eu só fui conhecê-lo de verdade agora.

Parei por alguns segundos, franzindo a testa ao tentar me lembrar da primeira vez que eu havia entrado lá. Por mais que eu me esforçasse, não havia nada. Mas tenho certeza que Pietro não vai contar pra mim como foi, porque quer que eu me lembre.

—Pense, Hermione. É algo importante—Murmurei, soltando uma respiração pesada, escutando a campainha tocar.

Fiz uma careta, olhando a hora no celular, antes de sair da cozinha e atravessar a sala até a porta. Pietro tinha a chave, então só podia ser minha mãe. O que significa que ela levou o meu "não demora" muito a sério.

Mas quando abri a porta, não era minha mãe que estava do outro lado. Era a mãe de Pietro.



Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora