Capítulo 31: Posso beijar você?

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O dia passou rápido demais. O tempo esfriou, deixando claro que realmente iria nevar. E quando eu estava começando a recolher os vasos da frente da floricultura, os primeiros flocos de neve começaram a cair do céu, pintando o chão e as árvores de branco.

—Ei! —Olhei pra trás, vendo Pietro caminhando na minha direção, encolhido pelo frio, enquanto sua respiração causava uma névoa branca no ar. —Cheguei na hora certa?

—Você veio mais cedo. —Comentei, abrindo um sorriso ansioso. —Só estou terminando de recolher. —Apontei para os vasos, enquanto ajeitava meu casaco, sentindo o vento frio bater contra mim. —Não posso deixá-las no frio.

Pietro começou a me ajudar, pegando mais vasos do que eu conseguia sozinha. Quando tudo estava devidamente organizado, fechei a floricultora, me sentindo ainda mais ansiosa pra saber pra onde ele me levaria. Mas Pietro parecia muito interessado em me deixar no escuro.

—Pra onde vamos? —Indaguei, enfiando as mãos no bolso do casaco. Pietro olhou pra mim por alguns segundos, antes de desviar os olhos.

—Pro meu apartamento.

—Sério? —Olhei pra ele, completamente confusa.

—Isso te decepciona? —Ele ergueu as sobrancelhas e eu acabei sorrindo.

—Não. Eu só estava esperando outro lugar. Não sei. —Dei de ombros, fazendo ele rir. —Vamos... jantar juntos?

—Pode-se dizer que sim. —Ele esfregou a nuca, olhando pra mim e desviando os olhos, como se estivesse ficando sem graça. —Eu tinha outros planos, mas essa neve meio que atrapalhou.

—Eu preciso avisar minha mãe. Não sabia exatamente o que iríamos fazer então...

—Eu já falei com ela. —Afirmou, enquanto eu parava de andar ao ouvir aquilo, escorregando no chão úmido. Pietro soltou uma risada baixa e me segurou, antes que minha bunda encontrasse o chão.

—Como assim já falou com ela? —Indaguei, tirando os cabelos que haviam caído do meu rosto, enquanto observava os cabelos de Pietro cheio de flocos de neve.

—Hoje de manhã eu falei pra ela o que tinha em mente. Quer dizer... não falei tudo, mas ela sabe que você não vai jantar em casa hoje. —Ele beijou a ponta do meu nariz, sorrindo. —Ela não parecia tão superprotetora assim.

—Acho que você conquistou ela. —Afirmei, voltando a andar ao lado dele. —Ela não costuma ser assim tão... tão tranquila com essas coisas.

—Bom, isso me dá alguns pontos então, né? —Ele estendeu a mão pra segurar a minha. Mesmo com frio, não hesitei em tirar ela do bolso e segurar a mão dela. —Esse jantar não vai ser igual aos outros, Hermione. Vai ser o melhor.

[...]

O apartamento de Pietro continuava do mesmo jeito de antes. As fotos dele com Alfredo ainda ocupavam todos os porta-retratos. Ver as fotos dos dois juntos me fez perceber que eu sentia falta de Alfredo, apesar de ter passado apenas três dias com ele.

—Espera, não tira ainda. —Pietro segurou minhas mãos quando fiz menção de tirar o casaco. —Vem comigo. Quero te mostrar uma coisa.

Segui ele pelo apartamento, até ele parar na janela da sala e a abrir. Fiz uma careta quando ele pulou para a escada de incêndio do lado de fora, estendendo a mão pra me ajudar a subir na janela. Mesmo curiosa, não perguntei nada, porque tinha certeza de que Pietro não iria me responder. Mas ele estava com um sorriso muito grande não lábios.

—Cuidado, está escorregadio. —Ele me deixou ir na frente, ficando com as mãos na minha cintura.

Subi as escadas devagar, percorrendo cada andar com a neve caindo sobre nós e deixando a escada de metal branca. Ergui os olhos quando cheguei no último degrau, dando de cara com o terraço todo iluminado por pisca-piscas, que cobriam todas as plantas e flores que estavam ali, deixando o lugar mais vivo e bonito. A neve já estava se acumulando no chão e nas pequenas árvores, transformando o lugar em algo completamente encantador.

—Não acredito! —Soltei uma risada, percorrendo todo o terraço para observar todas as plantas que haviam ali, em vasos grandes e pequenos. Pietro me seguiu em silêncio, parecendo se divertir com a minha animação por algo tão simples.

—Gostou? —Mordi o lábio, balançando a cabeça afirmativamente. —Todos os moradores tentam manter o lugar organizado e bonito. Eu pretendia montar uma mesa aqui pra jantarmos. Mas essa neve estragou todos os meus planos. —Ele suspirou, frustado, me fazendo encara-lo. Seu olhar mostrava que ele estava realmente chateado com aquilo. —Queria um jantar diferente essa noite.

—Tudo bem. Eu gostei mesmo assim. Não ligo se não podemos jantar aqui em cima. —Me aproximei dele, vendo seus olhos se voltarem para os meus. —Eu adorei o fato de simplesmente conhecer esse lugar. —Meu rosto corou, mas fiquei na ponta dos pés e deixei um selinho nele, o pegando de supresa. —Obrigada por me mostrar esse lugar. É lindo.

Me afastei dele, com o coração acelerado e o rosto corado. Pietro não se mexeu, me seguindo com os olhos enquanto eu caminhava por todo aquele lugar. Pude ver que ele estava sorrindo. Um sorriso muito grande. Talvez, se eu fosse corajosa o suficiente, voltasse lá pra encara-ló de perto. Não sabia o que esses selinhos significavam, mas eles estavam me deixando ansiosa, confusa e com o coração acelerado.

Parei de andar, no meio de todas aquelas árvores pequenas cheias de pisca-piscas, sorrindo ao olhar pra cima. A neve continuou a cair do céu escuro, tocando meu rosto como pontinhos gelados. Minhas bochechas doíam de tanto que eu sorria, porque eu estava me sentindo tão bem. Estava feliz como normalmente eu não ficava.

Pietro parou na minha frente, sorrindo ao me observar. Meu rosto ficou ainda mais corado quando ele tocou minha cintura, puxando meu corpo na direção do seu. Meu peito pressionou o dele e eu desviei os olhos do céu para encarar os olhos dele.

—Ei. —Pietro sussurrou, abraçando minha cintura, enquanto sua outra mão tocava minha bochecha, com nossos rostos ficando cada vez mais próximos.

—Ei. —Sussurrei de volta, fechando os olhos ao escutar uma risada gostosa saindo dos lábios dele. Meu sorriso aumentou quando ele deslizou o polegar pela minha bochecha, traçando a linha que eu imaginava ficar minha covinha.

—Gosto quando sorri. —A testa dele tocou a minha e eu abri os olhos, com o coração batendo forte no peito. —Adoro essas covinhas na sua bochecha. —Ele beijou cada lado da minha bochecha, enquanto eu não conseguia parar de sorrir. —Amo quando fica corada e tímida. É tão, tão fofo.

—Gosto quando faz isso. —Falei baixinho, quando sua mão deslizou para minha nuca e seus lábios roçaram nos meus de leve.

—Mesmo? —Ele sorriu mais ainda, fazendo de novo. Uma vez. Duas. Três. Tantos selinhos que meu corpo estava quase derretendo em seus braços. —Posso beijar você? —Meu coração parou de bater, com todo meu corpo estremecendo em antecipação. —Meu bem, eu quero muito beijar você.

Minha cabeça se moveu muito lentamente, mas foi o suficiente para Pietro. Sua mão se fechou na minha nuca com um pouco mais de força, puxando meu rosto contra o seu. Sua boca tocou a minha, gelada por conta do frio, implorando por muito mais do que um simples roçar de lábios. E eu entreguei tudo que ele queria, deixando que nossos gostos se misturasse quando nossas línguas se encontraram.

Você pode ouvir meu coração, Pietro? Cada batida dele pertence a você nesse momento.



Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora