Docemente Apaixonados / Vol. 1

Capítulo 54: Romeu e Julieta.

Não havia tentando ligar para Hermione desde que havia deixado o apartamento dela, depois de implorar para que ela abrisse a porta pra mim. Não tinha certeza de que ela atenderia agora, se eu tentasse ligar. Mas eu precisava fazer isso.

Já sabíamos que ela estava no hotel, porque esperamos até anoitecer, quando Alfredo foi até o rapaz do hotel e ele lhe avisou que eles já haviam voltado. Fiquei observando cada varanda, cada janela, procurando por ela. Sabia o número do quarto, mas achar ele pelo lado de fora não era a coisa mais fácil do mundo.

Mas depois de dar inúmeras voltas pelo hotel, observar cada varanda, ela apareceu. Saindo do quarto e se escorando no parapeito da varanda para observar a rua movimentava e iluminada pelas luzes dos postes. Meu coração deu um salto no peito ao vê-la ali, tão linda e tão distante. Estava com duas tranças no cabelo, usando um vestido rosa claro que a deixava ainda mais adorável.

—É ela? —Olhei pra trás, vendo todo aquele grupo de pessoas atrás de mim.

Não sabia quem tinha perguntado, mas confirmei com a cabeça, vendo todos sorrirem na mesma hora. Estávamos na fachada de um restaurante, onde ela não podia nos ver. Eles vieram comigo e Alfredo, afirmando que era pra dar sorte. Mas eles estavam me deixando mais nervoso ainda.

—Liga pra ela. —Alfredo afirmou, indicando Hermione com a cabeça. -Vai lá.

Respirei fundo, puxando meu celular. Abri o contato dela e ergui os olhos, vendo-a ainda lá, observando a rua com uma expressão que eu sabia muito bem o que significava. Ela estava triste. Estava olhando pra tudo como se nada fosse real o suficiente pra ela. Cliquei no ícone de ligar naquele instante, com a respiração ficando presa na minha garganta quando levei o celular até o ouvido.

Fiquei com os olhos fixos em Hermione. Vi o momento que ela puxou o celular da bolsa e olhou pra tela, ficando imóvel. Senti todo mundo prender a respiração atrás de mim, como se estivessem com medo do que ela fosse  fazer. Mas então...

Hermione — Pietro?

Soltei o ar com força, dando um passo para trás, sentindo a voz dela percorrer cada célula do meu corpo. Parei de olhar pra varanda onde ela estava, me concentrando apenas na sua voz do outro lado do telefone, enquanto meu irmão e aquele grupo me encaravam esperançosos.

Pietro  — Oi, meu bem. Aproveitando bem a Itália? Tem umas cidades muito bonitas, não é?

Hermione — Si... sim....

Ela hesitou, parecendo surpresa.

Hermione — As pessoas e a comida me lembram você. É um pouco angustiante sabia?

Não falei nada, porque estava me virando para encara-la de novo. Hermione continuava no mesmo lugar, encarando os próprios pés enquanto mantinha o celular no ouvido.

Hermione — Eu estraguei tudo, não foi?

Pietro — De onde você tirou isso?

Hermione — Fiz você se desentender ainda mais com a sua mãe, que você já não tem uma boa relação. E quase coloquei fogo na sua casa com aquele almoço esquecido.

Pietro — Então é por isso que está me evitando? Por que acha que foi você quem estragou tudo? Meu bem, você não fez nada de errado. Na verdade, você fez sim, me deixou de coração partido quando foi viajar sem falar comigo. Quando me fez pensar que tinha perdido você. O que aconteceu não fui culpa sua. Minha mãe ofendeu você, Hermione. Deveria estar com raiva dela e não chateada por eu e ela termos brigado. E sobre pequeno incidente com as panelas, eu perdoo você. Pode colocar fogo na minha casa, eu ainda vou ser perdidamente apaixonado por você, sabia? Não me importo com nenhuma dessas coisas. Mas me importo com você.

Hermione — Você não está chateado comigo?

Soltei uma risada, sentindo meu coração acelerar ao ouvir o tom de voz dela, que denunciava que estava chorando. Estava morrendo de vontade de correr até lá e beijar cada lágrima, mas precisava continuar com o que havia começado.

Respirei fundo e sai para a rua, caminhando em direção a varanda dela.

Pietro — Se eu estou chateado com você? Olha pra sua direita, meu bem.

E ela fez isso, ficando completamente pálida ao me ver caminhando na rua até sua varanda. Desliguei o celular, enfiando ele no bolso e parando bem embaixo da varanda. Por sorte era a primeira, no segundo andar. Hermione se curvou sobre o parapeito, olhando pra mim de olhos arregalados enquanto eu sorria.

—Pietro? —Ela me observou assustada, como eu imaginei que ficaria. —Você está aqui.

—Estou. —Sorri mais ainda, enquanto ela me olhava como se eu fosse um fantasma. —Isso responde a sua pergunta sobre eu estar chateado? Atravessei o oceano por você, porque achei que sua viagem significava o fim pra nós.

—Eu não... —Ela não conseguiu completar, porque ainda estava pálida e assustada, com as lágrimas ainda manchando as bochechas agora vermelhas. —Eu não acredito que está aqui.

—Mas eu estou. Sou bem real. —Me aproximei da parede, vendo as plantas que subiam pelos tijolos expostos. Comecei a subir, com meus pés escorregando um pouco.

—O que está fazendo? —Hermione soltou uma respiração curta. —Pietro... o que está fazendo?

—Romeu não escalou até a varanda da Julieta para se declarar? —Continuei a subir, em meio a um suspiro pesado. —Estou fazendo isso também.

—Você vai cair e se machucar! —Exclamou, enquanto eu me agarrava as travas da varanda, vendo ela estender a mãos para segurar as minhas e me ajudar a subir. —Meu Deus, Pietro. Você é louco, sabia?

—Seria clichê demais dizer que sou louco por você? —Agarrei o parapeito, agora com o rosto próximo ao dela, podendo ver todas as lágrimas que manchavam suas bochechas rosadas e o quão perfeita ela estava naquele momento.

—Você veio até aqui por causa de mim? —Indagou, com a voz trêmula. Abri um sorriso, erguendo uma das mãos e tocando as bochechas dela.

—Não ficou claro o suficiente pra você ainda, meu bem? —Inclinei meu rosto para próximo do dela, deixando nossas respirações se encontrarem, enquanto meu coração dava um salto no peito. —Me deixe ser um pouco mais claro então. Eu amo você, Hermione. Teria atravessado todo o universo pra te encontrar.

Ela riu. Uma risada nervosa e deliciosa que me deixou repleto de borboletas no estômago.

—Eu também te amo. —Afirmou, puxando minha nuca e juntando nossos lábios, fazendo todos os meus pensamentos e medos evaporarem.

Continua...