Capítulo 51: Itália.

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Passei o restante da noite pensando no que fazer para convencer Hermione a falar comigo, a me ouvir. Não sabia bem como chegar nela de novo, já que da última vez ela nem quis abrir a porta e olhar pra mim. Mas eu tentaria qualquer coisa. Assim que acordei e me arrumei, sabia que precisava ir até o apartamento dela naquele mesmo instante.

—Ei, me espera... —Alfredo saiu tropeçando pelo corredor do prédio, enquanto colocava os sapatos. —Eu quero ir junto.

—Vem logo. Não quero mais perder tempo. —Afirmei, ajudando ele a vestir o casaco antes que saíssemos na rua. Ele já estava bem melhor, o que me dava tempo para pensar em outras coisas. Em Hermione.

—Você já sabe o que vai dizer? —Indagou, enquanto caminhávamos pela calçada. Balancei a cabeça em concordância. Eu poderia encher o apartamento dela de post-its se necessário. Eu só queria que ela me desse um segundo. Um único segundo. —Bem, tenho certeza que tudo vai dar certo. Quer dizer... vocês viviam grudados um no outro, todo melosos e apaixonados. Vai dar tudo certo.

Olhei pra ele, fazendo uma careta. Eu não achava que fazia do tipo meloso. Eu só realmente sentia falta dela e a queria por perto. Ela é minha namorada. Quero beija-la o tempo todo, abraçá-la e demonstrar carinho. Não quero deixá-la pensar que não sinto nada, quando na verdade estou sentindo absolutamente tudo por ela.

Percorremos todos os quarteirões até o prédio de Hermione. Toquei o interfone, avisando que era eu. A mãe de Hermione abriu a porta e nós entramos, subindo até o andar dela. Respirei fundo quando paramos em frente a porta do apartamento, sentindo minhas mãos soando pelo nervosismo. Alfredo tocou a campainha quando viu que eu estava nervoso demais pra fazer isso.

—Oi, tia. —Ele já foi entrando, enquanto eu olhava pra ela e via sua expressão séria. Mesmo antes de perguntar, já sabia que aquilo não era um bom sinal.

—Você está melhor? —Ela indagou, olhando para Alfredo enquanto ele fazia carinho em Azeitona.

—Tó ótimo. Obrigado por ter ido lá cuidar mim. —Afirmou.

Enquanto os dois conversavam eu olhei ao redor. As paredes estavam cobertas de post-its de novo. Muito mais do que estavam da última vez que eu estive aqui. Pareciam ter sido colocados à poucos dias. Talvez ontem a noite, depois que eu fui embora.

—Ela está no quarto? —Indaguei, me voltando pra mãe dela. Ela suspirou, esfregando a mão na testa, antes de negar com a cabeça.

—Ela não está aqui, Pietro. —Comentou, indicando com a cabeça que eu me sentasse no sofá. Alfredo fez, mas eu continuei de pé.

—O que?

—Ela foi pra Itália encontrar o pai e a madrasta. Deixei ela no aeroporto logo que o sol nasceu. —Explicou, enquanto minha mente funcionava mais rápido para processar aquilo. —Olha, querido, isso não significa que vocês terminaram. Mas Hermione tem um jeito diferente de lidar com as coisas. Ela odeia ser o centro das atenções. Odeia brigas e ver as pessoas falando alto umas com as outras. E ontem... —Ela pressionou os lábios e negou com a cabeça. —Foi um pouco demais pra ela.

Balancei a cabeça afirmativamente, sem saber ao certo o que dizer. Hermione não estava mais a uma porta de distancia. Era um oceano inteiro e aquilo me dava certeza que eu a havia perdido. Hermione perdeu todo encanto por Cameron quando tudo aconteceu. Talvez ela tenha perdido por mim também.

—Eu sinto muito, querido. Dê um tempo a ela. —A mãe de Hermione tocou meu ombro, sorrindo de forma carinhosa. —Tenho certeza que quando ela voltar vai direto conversar com você. Ela só precisa ficar um pouco sozinha agora.

Não respondi, porque estava ocupado demais com a dor terrível no meu coração. Eu pedi para ela não me afastar. Eu praticamente implorei e ela foi embora. Foi embora sem falar comigo ou pelo menos dizer que estava tudo bem.

A mãe dela se afastou, murmurando algo sobre fazer um café pra gente, enquanto eu me jogava no sofá. Alfredo respondeu alguma coisa, que minha cabeça preferiu não prestar atenção. Ainda estava tentando pensar em como chegamos até aquele momento.

—Ei, cara, você está bem? —Alfredo tocou meu ombro, me fazendo girar a cabeça para olhá-lo. —Ela vai volta. Você ouviu o que ela disse, Hermione só precisa de um tempo.

—Isso não me parece um bom sinal. Ela foi sem falar comigo, Alfredo. —Afirmei, engolindo em seco. —Pra mim isso tá mais claro que um "quero terminar".

—Você está exagerando. —Retrucou, soltando um som de reprovação com a boca. —Hermione é diferente. Você sabe disso.

Não respondi, o que fez com que ele bufasse e se remexesse do sofá de forma irritante. Olhei para a tv, onde o jornal mostrava toda a neve que estava caindo em Aspen naquele momento. Aqui pode estar começando a ficar frio como um inferno. Mas na Itália não. Deve estar quente, com o sol brilhando e cheio de turistas.

—Quer saber? —Alfredo soltou uma risada e me deu uma cotovelada. —Se está com tanto medo de isso significar que ela não quer mais, então vamos até lá.

—Ãn? —Fiz uma careta, olhando pra ele com as sobrancelhas erguidas.

—Vamos para a Itália, seu idiota. —Ele riu, negando com a cabeça, antes de inclinar o rosto para próximo do meu. —Eu e você, vamos pra Itália...

—E se eu for e ela não quiser me ouvir? Se ela não quiser me ver? —Indaguei, sabendo que aquela era uma péssima e boa ideia ao mesmo tempo. Eu atravessaria o oceano por ela. Mas não podia fazer isso sem ter certeza que ela iria me querer lá.

Alfredo riu, ficando de pe e olhando pra onde a mãe da Hermione estava.

—Tia, em que cidade eles estão? —Indagou, me fazendo olhar por cima do ombro, vendo ela na cozinha.

—Verona. —Ela olhou pra nós dois com a testa franzida, antes de voltar a atenção para o café que estava fazendo. Alfredo se virou pra mim, sorrindo.

—Ela vai querer falar com você, com toda certeza. —Afirmou, me fazendo exibir uma expressão cética.

—Como pode ter tanta certeza assim?

—É Verona, cara, a cidade do amor. —Ele se curvou, deixando as mãos nos joelhos enquanto o rosto ficava de frente para o meu. —Vamos pra Itália, irmão. —O sorriso dele se ampliou. —E dirai che la ami, come solo gli italiani sanno fare. (E você dirá que a ama, como só os italianos sabem fazer.)




Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora