—Tem certeza? —Ele ergueu as sobrancelhas e me olhou por alguns segundos. Balancei a cabeça afirmativamente, decidida. Ele abriu aquele sorriso bonito e assentiu. —Fechado então. Só precisamos combinar o horário.
Pietro terminou de arrumar a torta e então colocou no forno, enquanto eu observava tudo atentamente. Não queria errar absolutamente nada quando fosse fazer pra minha mãe. Ele puxou o celular do bolso assim que o mesmo começou a tocar, fazendo uma careta.
—Só um minuto. —Pediu, se afastando da cozinha, enquanto levava o celular até o ouvido. Chequei o forno e depois me virei para observá-lo de novo. —Oi, mãe. —Pietro acariciou a cabeça de Azeitona quando ele se esfregou nas suas pernas, soltando um latido e abanando o rabo. —Não... eu não adotei um cachorro. É de uma amiga. —Vi ele pressionar os lábios, erguendo os olhos pra mim, antes de voltar a atenção para Azeitona de novo. —Eu vou estar trabalhando, não posso ir... Você disse que ia buscá-lo... Eu sei, mas eu tenho que trabalhar... Sim, exatamente isso, vou servir cafés e você prometeu que ia buscá-lo...
Pietro se afastou da sala, indo para o banheiro que havia no corredor e fechando a porta. Tinha certeza que ele queria privacidade para conversar, por isso chamei Azeitona para a cozinha quando ele ficou choramingando do lado de fora do banheiro.
—Acho que era a mãe dele. —Sussurrei para Azeitona, que não parava de latir pra mim. —É, eu sei, ela não parece ser muito legal, né?
Ele latiu de novo, abanando o rabo e me olhando todo apaixonado. Abri um sorriso e fiz carinho nele, vendo Pietro voltar para a sala, digitando alguma coisa no celular.
—Tudo bem? —Indaguei, quando ele enfiou o celular de volta no bolso e voltou pra cozinha.
—Sim. Alfredo vai vir pra casa no próximo final de semana. Nossa mãe tinha prometido que ia buscá-lo no aeroporto e agora não vai mais poder ir. —Ele pressionou os lábios, balançando a cabeça negativamente, enquanto juntava as coisas na pia. —Então eu vou ter que falar com o Ian pra poder ir buscá-lo.
—Oh! —Soltei, surpresa. —Por que ela não vai poder?
—Porque ela é assim, Hermione. Não consegue agir como uma mãe de verdade. —Ele deu de ombros. —Vamos ter um encontro de família no próximo final de semana, na fazenda. Por isso o Alfredo vem. Quando sua mãe chega?
—Passando essa segunda, na próxima. —Falei baixinho, lembrando que não havia respondido as últimas mensagens dela, o que provavelmente me levaria a uma ligação onde eu escutaria em silêncio ela reclamar sobre minha falta de notícias. —Sua mãe deixa vocês livres demais, já a minha me sufoca.
—Não tivemos muita sorte no quesito família, não é? —Ele sorriu, fazendo uma careta. Acabei dando de ombros, porque não era mentira.
Pietro
Abri a porta do apartamento, jogando as chaves na mesinha ao lado, enquanto empurrava a porta com o pé para fechá-la. O apartamento estava completamente silencioso, já que eu morava completamente e irrevogavelmente sozinho. Acho que é por isso que quis ajudar Hermione.
Além de ter uma companhia agradável a noite, seria uma coisa diferente a se fazer nos dias tediosos que eu estava tendo. E também, porque não achei legal a forma como a mãe dela falou com ela no telefone. E não posso negar que ela é engraçada e muito fofa, além de linda.
Alfredo — Ei, princeso.
Já está em casa?
A mãe disse que você estava jantando com uma garota.
Ela é gata???
Tem uma irmã???
Um irmão???Soltei uma risada, esfregando minha testa ao ver as mensagens do meu irmão mais novo. Liguei pra ele no mesmo instante e Alfredo atendeu no primeiro toque, como se estivesse esperando a ligação.
Alfredo — Você tá namorando, princeso?
Pietro — Ei, boa noite pra você também. Não, não estou namorando. Ela é só uma amiga.
Caminhei até o quarto, ouvindo Alfredo soltar uma risada incrédula do outro lado.
Alfredo — Amiga? Tudo bem, vou fingir que acredito. Desde quando estão saindo juntos? É verdade que ela tem um cachorro? Posso conhecê-la quando for?
Bufei, soltando um barulho de indignação com a boca, que fez Alfredo rir do outro lado. Enquanto tirava os tênis e os chutava para um canto do quarto, não pude evitar de olhar para o pequeno vaso com um cacto que estava na frente da janela, junto com o post it com o desenho que Hermione havia feito e o recado que havia sido entregue junto com o cacto.
Pietro — Se ela quiser te conhecer, tudo bem. E ela não é minha namorada, entendeu? Vai assustar a garota se chegar chamando ela de cunhada. Ela têm dificuldade em cozinhar, então eu estou ajudando ela. A mãe dela é meio superprotetora, então a Hermione quer aprender algumas comidas pra impressionar ela. Por aí.
Alfredo ficou em silêncio do outro lado da linha, mas eu podia ouvir o som da sua respiração. Sabia que a parte do "mãe superprotetora" foi o que mais chamou a atenção dele, já que não tínhamos nada parecido com isso vindo da nossa.
Alfredo — Bom, tomara que ela consiga impressionar a mãe dela então... Você vai me buscar no aeroporto? Sabe, se não puder, eu pego um táxi.
Pietro — Não, eu vou. Só preciso avisar o Ian. Ele não vai achar ruim.
Alfredo — Bom, tudo bem então.
Ele ficou em silêncio de novo e eu me sentei na cama, esperando que ele falasse algo. Mas Alfredo apenas suspirou do outro lado, deixando um silêncio estranho na linha. Desejei estar no apartamento de Hermione de novo, ouvindo suas músicas clássicas e observando suas paredes repletas de post its.
Pietro — Está tudo bem?
Alfredo — Sim. Eu preciso estudar, as aulas estão sugando minha alma. A gente se fala amanhã, está bem?
Pietro — Tudo bem. Boa noite.
Alfredo desligou a ligação segundos depois, me deixando com a sensação de que algo estava errado e me levando de volta ao silêncio estranho do meu apartamento. Esfreguei as mãos nos meus cabelos, sentindo o cansaço pesar nos meus ombros.
Então acabei olhando para o cacto na janela, abrindo um sorriso involuntário ao lembrar de Hermione. Um pontinho de luz no meio dos meus dias cinzentos.
Continua...
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Docemente Apaixonados / Vol. 1
RomanceHermione é uma das singularidades da acolhedora cidade de Aspen. Com vinte anos, dona da sua própria floricultura, amante de livros, mãe de pet e super antissocial, ela tem tudo sobre controle na sua vida. Tudo sobre controle mesmo, já que sua vida...