CAPÍTULO 16 √

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RAVI TONELLO

— Me conta, como foi que conseguiu lidar com a amiga da May? — pergunto ao Fabrício.

— Honestamente? — se abaixa, fazendo flexão. — Difícil.

— Quer dizer?

— Porra, ela é brava como uma mula. Ela ficou brava por eu ter interrompido a foda dela, já a amiga dela ainda estava tentando racionar, porém ela foi de boa. 

Solto uma risada anasalada ao me lembrar de algo. Pego a toalha passando em meu rosto e bebo minha água.

— Está rindo de que? — sentou-se no chão ofegante. 

Estamos treinando na academia e poder extravasar um pouco já que estávamos precisando. Então chamei ele.

— Vocês dois… Parecem iguais. — o encaro.

Franziu o cenho, tomando a cabeça pro lado um pouco. 

— Em que sentido? Me fala, porque eu estou com preguiça de raciocinar. 

— Ficam putos por terem a foda sendo atrapalhada. 

— Ah sim, entendi. — deu de ombros comprimindo os lábios. — Eu não acho, além do mais, quem gosta de ser interrompido na hora do sexo? — levantou uma sobrancelha, rindo.

— Ninguém, mas vocês dois parecem iguais. — aponto um dedo na sua direção.

— Ih, vira essa boca para lá homem. Prefiro eu solteiro como sempre. — se vangloria. 

Suspiro. — Sabe que não pode viver sempre solteiro. 

— E quem liga? Prefiro a minha própria companhia. — retruca.

Levanto uma sobrancelha o encarando sério.

— O futuro liga. Mais ou cedo ou mais tarde teremos que nos casar e você sabe disso. Além de casar, ter herdeiros e passar o trono para eles. Sem contar que você vai ter muitas responsabilidades caso você vire capo um dia.

— Cazzo, sabe que por mim eu não faria nada. E não quero ficar pensando nessas responsabilidades. 

Se levantou do chão bebendo a sua água depois de virar pra mim.

— Porque está vindo com esses papos pra cima de mim? — fecha o seu semblante.

— Uma hora ou outra esses papos vão ter que vir à tona. Ademais, não terá para onde fugir, porém por agora não pense em nada disso. Quando chegar o momento, saberá. 

— Ah vai se foder. Vai com esses papos pra cima do Raul ou o Nacho. 

— Fabrício. — o repreendo. 

— Vamos voltar a treinar que nós vamos ganhar mais. 

[...]

Ando de um lado e pro outro ouvindo esses homens falar e falar. Atentarem meus ouvidos com possibilidades de merda que cada um desse povo está falando.

— Eu acho que deveria haver 20% dos lucros para cada. Essas putas não servem de nada. — um velho rabugento reclama.

— Ah para vai tomar no cu. 10% pra mim tá muito bom e olhe lá. Você tem que saber aproveitar seu velho burro. — finalmente alguém de bom cérebro decide falar. 

— Então como você faz isso, sabichão? — o velho torna a questionar.

— Simples, pensando com a cabeça e não com o vício. Ravi ainda está sendo generoso em deixar 15% e não 10. Você tem que saber juntar as drogas. Cada puta vale um % diferente. Basta saber em qual vai querer. Eu costumo comer as mais caras e assim eu recebo o que ela vale e mais uns por cento. Não uso as drogas com rapidez que nem você, pelo incrível que pareça eu penso. — bato palmas pela sua inteligência e paciência de falar o que eu falaria, porém agora eu só dava um tiro e olhe lá.

Basicamente estão pedindo um aumento da porcentagem das drogas que tem nos prostíbulos. E funciona da seguinte forma, cada prostituta que trabalha no local vale um número. 5, 10, 15… E quando você come umas delas dependendo do número, você ganha a quantidade do ópio, da numeração delas. 

— Não vou aumentar a porcentagem, vocês devem ser mais arquitetados e inteligentes, precisam seguir o exemplo do homem ali. — aponto pro mesmo que lança um sorriso. 

— Mas…

— Mas, nada. Ninguém está merecendo merda nenhuma exceto alguns. Aproveitem, enquanto ainda estou com bondade o suficiente e estou deixando 10%, ao invés de 5. No entanto, eu tenho problemas mais graves para me preocupar do que ficar ouvindo a matraca de vocês que só sabem falar do mesmo assunto. É sério isso? Querem me foder a porra do juízo pra uma merda de reunião de nada? — encaro todos e eles me olharam meio rendidos.

— Eu disse. — a voz da razão falou. 

Se esse homem fosse o, homem, ele poderia ser eleito para chefe. 

— Ué, estamos tentando ser justos, não? Desde quando você subiu essa porra pra 10% nunca mais aumentou. — e ele torna a reclamar.

Por fim eu retiro a porra da minha arma do coldre que fica na lateral do meu corpo e atiro nele sem pensar duas vezes. O sangue espirra pelo lugar todo inclusive sujando alguns dos homens que estavam sentados ao seu lado. O corpo dele caiu para trás e todos ficaram quietos. Nenhum músculo se mexeu e muito menos uma sussurrada. Respiro fundo, olhando lentamente para cada um mostrando quem é que manda nisso. Ninguém ousou fazer nada. 

Ótimo, é assim que tem que ser.

— Espero que tenham entendido o recado. Se quiserem mais reuniões, pensem dez vezes antes de vim falar comigo. Eu não vou mudar o que não é pra ser mudado. Se alguém ousar falar desse assunto de novo, já sabem o que esperam. — e o silêncio continua. — Estamos entendidos? — minha voz sai grave e alta, todos acenam e o único que me olha em desafio com um sorriso do lado é aquele que eu bati palmas. 

— Passar bem. 

Saio da sala batendo a porta. 

— Dia difícil? — Filippo vem ao meu lado me dando um copo de whisky. 

Sorvo o licor cor de âmbar sentido a calmaria reinar. 

— Me faz um favor, quando esses putos quiserem outra reunião saiba o que eles querem. Se for algo útil, bom. Se não, mata todos. 

— É estou vendo que você está estressado.

— Não me diga. — ironizo.

— Antes que pergunte eu já me apresso em dizer que, os cara que conseguimos pegar no palácio foi uma isca. Uma isca onde ele quer mandar um recado… Tipo. — foi explicando.

— Tipo, eu estou em todos os lugares? Tipo, eu posso fazer aquilo que eu quero na hora e no momento, certo? — digo.

Mandei a cabeça pro lado mexendo os ombros juntos.

— Basicamente. 

— Conseguiu algo? 

— Não. Ninguém quis falar nada, bem azar o deles, não sou eu quem morro. E outra a única coisa que quase conseguimos era a sua nacionalidade. Eu perguntei de onde o possível mandante e chefe deles eram e o nome, no entanto um deles quase fala. Só foi interrompido pelo outro rapaz que não deixou ele falar.

— Ótimo. Estamos quase lá. Continue fazendo e se não houver retorno tem permissão para executá-los. Quero que continue me mantendo informado de tudo. — termino de beber o whisky todo e estico o copo batendo em seu peito pra ele segurar. — Preciso resolver algumas coisas. 

— Certo. Cuidado. 

Levanto minha mão em compreensão e saio dali o mais rápido possível precisando de ar. Ascendo um cigarro e começo a tragar. 

13.08.2022

DESEJO ALÉM DO LIMITE ©Onde histórias criam vida. Descubra agora