CAPÍTULO 07 √

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RAVI TONELLO

1 semana depois…

— Você tem mais duas reuniões com o conselho e o governador. — Filippo me passa com um sorriso cínico no rosto.

— Inferno, esse povo não tem o que fazer não? 

— Infelizmente, não.

— Parece que estou até ouvindo eles me pedirem as coisas. Uma carta de passe, drogas, comissão… — reviro os olhos.

— Você que lute.

Debocha e eu lancei um olhar em sua direção.

— Como estão indo nos treinos? 

— Aparentemente bem, ouvi somente uns murmúrios com as escalas do treino novo. Teve uns que queriam desistir, mas nada com que uma ameaça não funcione. — sorri orgulhoso de si mesmo.

— Esse povo hoje em dia acha que tudo é na base da brincadeira. — me encosto na poltrona. — E o RC? 

— Depois do show que você deu, ele mudou pra melhor. Do melhor. Ele está se saindo super bem junto com o Paolo. 

— Ótimo. Eles são bons e se bobear vai poder ganhar uma promoção, quem sabe.

— Agora mudando de assunto, sobre o indivíduo que roubou nossas cargas, o que irá fazer? 

— Vamos fazer uma festa no palácio. Convocar todos para que essa notícia se espalhe. Também colocaremos diversões especiais de graça, na parte do bar e na sala. Quero poder tentar aproximar todos e ver quem foi quem roubou as cargas.

— Uma ideia boa, mas sabe que pode dar muito errado?

— Porque daria? — entrelaço meus dedos em cima da mesa e o encaro.

— Como dizem, imprevistos sempre acontecem.

— Sim eu sei. Como também sei que se eles chegarem a souber sobre a festa obviamente o "chefe" deles não irá aparecer. Mesmo assim, a gente vai jogar essa isca e ver o que vai dar. Quero que todos os homens estejam prontos para qualquer situação que possa sair do controle. Também quero que você os misture coloque uns na entrada principal e nos fundos..

— Realmente pensou bem. Me pergunto e quanto tempo estava pensando nisso.

— Tempo o suficiente. 

— E o que vai fazer depois de pegar os indivíduos, claro que o chefe não vai ser. 

— Torturar. Fazer o que sabemos de melhor. Qualquer informação que eles possam dar valerá ouro. 

— Quando vai ser? 

— Depois de amanhã.

— Ok. Vou convocar uma reunião com os homens e passar a eles as informações. 

— Ótimo. Não precisa se preocupar com a questão do palácio, tudo já está resolvido.

Se levantou ajeitando o seu sobretudo e pegou o seu copo com o líquido amber dentro e bebeu. 

— Já estou indo e qualquer coisa eu ligo pra você.

Dou um aceno e solto a fumaça dos meus pulmões olhando para a fresta de luz da minha sala.

[...] 

— Me chamou, senhor? — ele adentra na minha sala.

— Chamei. 

— Certo, o senhor deseja alguma coisa? — ele pergunta.

Olhei para ele durante três segundos, segundos o suficiente para ele desviar o olhar e encarar a minha mesa cheia de papéis. Um ponto. Me levantei e fui até a adega pegar um whisky e dois copos. Ainda de costas eu sinto o seu olhar recaindo sobre mim e a mesa. Dois pontos. Coloquei o whisky no copo, e me virei agora tendo seu olhar sobre mim. 

Caminhei até ele e dei o seu copo. Pedi para que se sentasse e assim ele fez. Abri a minha cartela de cigarros e dei um a ele e acendi o meu.

— Eu desejo sim. 

Ladeou a cabeça para o lado. — E o que seria? 

Agora sua atenção estava em cima de mim, um tanto interessado. Três pontos.

— Bem, não por agora. Talvez mais pra frente. 

— Eu não entendi…

— Já brincou de roleta russa? — agora subi meu olhar devagar, bem lentamente. 

Olhando por cima dos cílios. Minha expressão estava séria e eu estou calmo. Levo o cigarro em meus lábios e trago ele.

— Quando criança fingíamos brincar, agora nunca.

— E agora que você tem uma arma de verdade, sabe? — questiono.

Ele ficou em silêncio por dois segundos. Tentando encontrar algo na minha feição, um deslize, ou uma reação. Porém, ele não consegue nada. 

— Bom, como disse eu nunca tentei. Tenho muito trabalho e não consigo encontrar tempo. 

Comprimi meus lábios para cima um pouco e balancei a cabeça me encostando na poltrona. 

— E se você tivesse na frente do seu inimigo com sua arma e uma bala, o que faria? 

— Contaria com a sorte. — sorriu.

— Sabe, em toda a minha vida eu fiz roleta russa com doze inimigos, traidores. Todos me desafiaram dizendo que eu não tinha uma boa mira. Com isso eu me sentia no reino do inferno. Retirava todas as balas e deixava uma. Só uma. Eu deixava eles dizerem suas últimas condolências. E quando eu apontei a ponta da arma na testa, no outro dia eu tinha que usar outros ternos. — termino de falar calmamente, olhando o movimento da sua garganta que agora engoliu seco.

Puxei um sorriso sombrio sem mostrar os dentes.

— Você mandou bem, um dia quero ser que nem você. 

Pena.

— E você sabe o motivo do porque eu fiz isso?

— Não, senhor. 

— A resposta é simples. Não confio em ninguém, a pessoa que está ao meu lado tem que me mostrar honestidade e fidelidade. Quando a pessoa quebra ela entra na roleta russa comigo sem chances de nada, uma morte lenta e rápida. Sem dor. E eu estou dizendo isso porque acho que vou precisar de você. 

— Para o que?

— Eu preciso de alguém fixo nessa especialidade. 

— Fico feliz em saber que o senhor me escolheu. Garanto que eu irei dar o meu melhor para que você possa se orgulhar de mim.

— E tem mais uma coisa. — me levantei pegando o meu copo e indo pra minha mesa me encostando nela. — Eu não costumo ser… amigável, mas durante as circunstâncias em que estou e dependendo da pessoa eu deixo ela, ter uma chance e me dizer, tudo. — olho bem no fundo de seus olhos e o filho da puta, sorri. 

— Não devia ser assim, senhor. Se eu estivesse no seu lugar eu faria totalmente diferente. — sorveu todo o líquido e se levantou. — Bom, eu agradeço e o senhor precisa de alguma coisa? Eu tenho muitos papéis para analisar e revisar. 

Bebi o meu whisky e deixei o copo na minha mesa, fazendo barulho. Me virei pra ele e caminhei em sua direção esticando a minha mão. 

— Não vejo a hora de chegar nesse dia. 

— Eu também. — apertou a minha mão. — Uma pergunta, o senhor quem vai me treinar? 

— Eu sou o único especialista em roleta russa. Nada melhor do que eu te treinar. 

— Exatamente. — falou e saiu da minha sala.

Solto uma risada e caminho para a minha mesa, voltando ao trabalho. 

02.08.2022

DESEJO ALÉM DO LIMITE ©Onde histórias criam vida. Descubra agora