𝐒𝐎𝐁 𝐎 𝐒𝐎𝐋 (𝑭𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓)

Interlúdio II

A consciência de Kalliope foi retornando com o som de vozes baixas. Ao abrir seus olhos com cuidado, deu de cara com os olhos verde-mar, que imediatamente brilharam e encheram de alívio.

— Graças aos deuses. — Percy suspirou — Você está bem.

O pensamento de que havia desmaiado o suficiente para não ser considerado nenhum pouco saudável a atingiu. Ela realmente tinha que ser cuidadosa no futuro.

Kalli se sentou e percebeu que ainda estava na Carruagem de Guerra de Ares, que havia voltado com sua forma original. Clarisse a guiava e Percy estava sentado ao lado de Kalli, segurando um pouco de Néctar e Ambrosia.

— Vamos. Tome um pouco disso, você precisa se recuperar.

— O que aconteceu? — perguntou após o grande gole de Néctar, ainda se sentia levemente tonta.

— Você desmaiou. — Clarisse riu. Sim, é claro que a filha de Ares estaria adorando.

Revirando os olhos, ela olhou para Percy em busca de uma explicação.

— Derrotamos Fobos e Deimos, e estamos a caminho do templo de Ares. — Percy lhe disse — Acho que aquela explosão de luz que você criou a cansou.

— Que explosão de luz? — Clarisse perguntou, de repente interessada.

Kalliope pensou por um momento. A história que foi contada por seu irmão, Lee Fletcher, surgiu em sua cabeça.

— Algo foi contado para mim no Chalé Sete um dia... — ela começou lentamente — Todas crianças de Apolo, em uma certa extensão, têm certo controle sobre a luz, mas é tão fraca, que nem mesmo é levada em tanta consideração como os poderes curativos que temos. Nenhum dos meus irmãos mais velhos conhecem algum semideus que a possua, apesar do próprio Apolo ter a habilidade de manipular completamente a luz... Mas por algum motivo, eu tenho... A fotocinese, é esse o nome... — Kalli parou por um momento, olhando para o sol que desaparecia atrás do mar.

Ela se perguntou se seu pai tinha algo a ver com isso. Nunca foi capaz de manipular a luz antes, ao menos não daquela maneira – tudo o que ela conseguia fazer era esquentar suas mãos e emitir calor – então por que agora?

Desde que foi reclamada como filha de Apolo, passou a demonstrar um controle maior sobre o som do que a luz, o que era bem normal para o Chalé Sete... Mas isso?

Quando os três chegaram ao templo, Percy e Clarisse decidiram que era melhor que Percy fosse embora antes que Ares voltasse. Kalli concordou sem dificuldade.

— Venha, Raio de Sol. Vou te levar para casa. — Percy disse enquanto ajudava a amiga a sair da carruagem.

Sorrindo agradecida, a filha de Apolo se permitiu descansar seu peso nele enquanto a guiava em direção ao metrô. Kalliope se virou para acenar para Clarisse, e a filha de Ares lhe enviou um breve sorriso – um sorriso muito breve antes de se dirigir ao Templo de seu pai.

Bem, aquela aventura havia sido uma excelente distração.

Kalli sorriu.

— Vamos, vou buscar meu irmãzinho. Gostaria de ir tomar um sorvete com a gente antes de me levar para casa?

Percy retornou o sorriso.

— Soa como um plano genial.

...

— Sério que não se lembra?

Kalli negou mais uma vez.

— Tudo o que eu lembro da clareira é estar com muita raiva, então... Mais nada, logo depois você chegou.