Os desentendimentos provocados pela tensão da batalha

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Kalli não deveria estar fazendo isso, mas Annabeth, bem cedo naquele dia, apenas empurrou para ela sua prancheta e lhe disse para fazer a inspeção dos Chalés – a vez dela ainda estava um pouco distante, de certo a amiga filha de Atena tinha muito o que planejar, afinal, era meio que esperado que todas as estratégias viessem do Chalé Seis – o que não a deu maneiras de escapar daquilo. Normalmente, sua amiga receberia uma bronca de Quíron, mas se considerar a situação em que estavam e por se tratar de Annabeth, Kalli duvidava que isso fosse acontecer.

Kalli apertou suas têmporas. Novamente, aquela estranha dor de cabeça decidiu aparecer para incomodá-la.

― Ei, Kalliope. ― Percy disse ao se aproximar dela, que retribuiu com um sorriso.

― Oi, Percy. ― Ela, é claro, ignorou como seu coração acelerou.

― O que você está fazendo aqui? Achei que fosse a vez de Annabeth de inspecionar os Chalés.

― E era, ― Kalli deu de ombros. ― Mas ela simplesmente me empurrou essa prancheta e eu tive que aceitar ou acabaria recebendo outro golpe de judô.

Percy riu.

― Entendi. Vamos, então?

Ao assentir, os dois começaram a caminhar calmamente. A inspeção era algo que apenas Kalli deveria fazer, com Percy apenas tendo que analisar os relatórios para Quíron, mas como sabia que o amigo não gostava de jeito nenhum desse trabalho, permitiu que a acompanhasse.

Eles começaram pelo Chalé de Poseidon, que apenas tinha Percy. Ele tinha feito seu beliche naquela manhã (bem, mais ou menos) e endireitado o chifre do Minotauro na parede e por isso, Percy deu a si mesmo um quatro de cinco.

Kalli ergueu uma de suas sobrancelhas, divertida.

― Você não pode estar falando sério. ― Usando a ponta de trás de seu lápis, ergueu um velho par de shorts de corrida. Seus lábios estavam comprimidos, fazendo um grande esforço para segurar o riso.

Percy imediatamente rebateu a peça de roupa para longe.

― Ei, me dê tempo. Eu não tenho o Tyson para limpar para mim nesse verão.

― Limpar para você, é? ― Kalli rodou o lápis em seus dedos. ― Três de cinco.

Percy suspirou e deixou os ombros caírem, conhecendo Kalliope – sabendo o quão rigorosa a amiga era com organização – sabia melhor do que discutir, então eles continuaram. Percy tentou passar por alguns relatórios da pilha de Quíron enquanto andavam. Tinha mensagens de meios-sangues, espíritos da natureza, e sátiros de todo o país, escrevendo sobre a atividade de monstros recente. Elas eram bastante deprimentes, e seus cérebros com TDAH não gostavam de terem que se concentrar em coisas deprimentes. Pequenas batalhas estavam aparecendo em todos os lugares. O recrutamento do Acampamento estava em zero. Sátiros estavam com problemas para achar novos meios-sangues e levá-los para a Colina meio-sangue graças a quantidade de monstros que estavam rondando o país. A amiga deles, Thalia, que comandava as Caçadoras de Ártemis, não tinha sido vista há meses, e se Ártemis sabia o que acontecera a elas, não estava dividindo a informação.

Os dois visitaram o Chalé de Afrodite, que obviamente ganhou um cinco de cinco. As camas estavam perfeitamente feitas. As roupas nos baús de todos estavam divididas por cores. Flores frescas estavam florescendo nas janelas. Percy queria tirar um ponto porque todo o lugar cheirava a perfume de marca, mas Kalliope obviamente o ignorou. Se continuar reclamando eu comprarei o mesmo perfume e te abraçarei, ela o disse. Naquele momento Percy ficou confuso, quer dizer, era para ser uma punição, certo?

― Ótimo trabalho como sempre, Silena. ― Disse Kalliope, suave.

Silena assentiu desatenta. A parede atrás de sua cama estava decorada com retratos de Beckendorf. Ela estava sentada em seu beliche com uma caixa de chocolates em seu colo, e naquele momento Percy lembrou que seu pai era dono de uma loja de chocolates no Village, que era como ele tinha chamado a atenção de Afrodite.

𝐒𝐎𝐁 𝐎 𝐒𝐎𝐋 (𝑭𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓)Onde histórias criam vida. Descubra agora