Sim, definitivamente os pesos foram aliviados

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— Se continuar desse jeito vai abrir um buraco no chão. — Índigo dizia a Poppy enquanto ela andava de um lado para o outro sem descanso.

— Hm? Ah, sim. — Ela respondeu distraidamente  enquanto dava meia-volta para recomeçar a andar para o outro lado.

Índigo revirou os olhos com carinho, mas é claro, Poppy estava alheia a isso.

Apesar da postura e comportamento fáceis, ele estava tão nervoso quanto a melhor amiga – irmã – estava. Quer dizer, era hoje que Quíron estaria voltando do hospital com notícias (que ele esperava serem positivas) sobre como Carmen reagiu ao antídoto, se não era tarde demais.

Era justamente por estar apreensivo demais que Índigo se distraía com Quartzo, seu familiar que estava dormindo confortavelmente em seu colo ainda exausto da Batalha do Labirinto – Índigo nunca tivera que usar uma quantidade tão grande de feitiços poderosos antes, a maioria ainda nem tinha dominado, mas com Quartzo o ajudando a focar sua energia, fora capaz de ajudar o Acampamento, contudo, seu amiguinho ainda estava exausto – o acariciando suavemente.

Ele olhou para Poppy mais uma vez, que ainda não havia parado de andar de um lado para o outro. Os olhos dela estavam vermelhos, um resquício da tristeza de algumas horas atrás. Ele mesmo havia derramado suas próprias lágrimas, mas ao contrário de Poppy que eram frias de tristeza, as dele eram amargas de ódio.

A conversa que tivera com Quíron se repetindo de novo e de novo em sua cabeça...

“É uma planta muito rara essa”, ele dissera verdadeiramente impressionado enquanto estudava com reverência a planta estranha que Poppy o dara. “Todas as partes dela fabricam diferentes, mas potentes tipos de antídoto.”

Suavemente, Índigo acariciava Quartzo. A mente longe, perdida em pensamento.

“É especialmente potente contra peçonhas vindas das profundezas do Tártaro, do tipo que a busca pelo antídoto é praticamente uma das tarefas de Herácles”, sua voz soava ainda mais grave, tinha um olhar soturno enquanto olhava para Poppy. “Sua mãe é uma mulher esperta, Kalliope. Tinha razão em não confiar nesse ‘antídoto’, não havia um afinal. Agora posso falar já que estamos na posse dessa planta.”

“Então...” Poppy começou, sua voz trêmula. “Realmente não havia um antídoto?”

“Não, minha querida.” Sua voz era cheia de simpatia. “Sua mãe foi envenenada com uma peçonha que queima lentamente de dentro para fora. Foi sorte que a quantidade usada foi mínima, ou ela teria morrido imediatamente...”

Sorte? Índigo poderia ter concordado antes, mas agora, duvidava muito.

Puni-la.

Eles queriam punir Poppy. Fazê-la corroer de dentro para fora em culpa, até o momento em que não aguentasse mais e se entregasse de bom grado para Cronos – para que fizessem sabe-se lá o que com ela – foi um ato pensado deliberadamente. Agora, foi por Liam, por Zion, Bethany ou por Wilmot? Na verdade, aquilo realmente importava? Participando ativamente ou não, ainda não fizeram nada sobre isso, continuaram calados e seguiram de qualquer jeito.

Se fosse uma ordem de Cronos, de Luke ou não, sinceramente não importava.

Após aquela notícia, era claro que sua Poppy choraria, porque é claro que sim. Já que mesmo tendo sido magoada de novo e de novo, Índigo sabia que a amiga ainda queria acreditar no mínimo de decência deles, dos seus amigos, daqueles que chamava família – porque ela era boa assim. Queria acreditar que jamais iriam tão longe assim, mas esse era o problema, esse tipo de pensamento a fazia baixar a guarda, cometer erros no seu julgamento.

𝐒𝐎𝐁 𝐎 𝐒𝐎𝐋 (𝑭𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓)Onde histórias criam vida. Descubra agora