Diante de deuses e prisioneiros

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— Annie, eu já disse, não vale a pena se orientar assim. — Kalli disse calmamente pela terceira vez.

Dessa vez, não foram necessários alguns minutos – como quando foi a primeira vez de Kalli ali – para que percebessem isso, principalmente quando a parede esquerda que estavam seguindo simplesmente desapareceu, assim como o caminho no qual vieram.

— Paredes da esquerda são más. — disse Tyson — Qual o caminho agora?

Annabeth varreu a entrada dos oito túneis disponíveis com a lanterna. Como era de se esperar, elas eram idênticas.

— Por ali. — disse ela.

— Como você sabe? — Percy perguntou.

— Raciocínio dedutivo.

— Então... Você está adivinhando.

— Apenas venha.

O túnel que ela escolhera se estreitou rapidamente. As paredes transformaram-se em cimento cinza, e o teto ficou tão baixo que tiveram que arquear as costas se quisessem prosseguir. Tyson foi forçado a engatinhar.

Kalli nunca falaria para nenhum deles, mas estava se sentindo sufocada ali, estava com dificuldade de respirar. O fato da lanterna de Annabeth e a dela estarem ligadas, mesmo que não iluminasse tanto naquele Labirinto estranho, era a única coisa que impedia com que Kalli deslizasse completamente para suas memórias.

(A sucata. O cheiro de ferro)

Kalli respirou trêmula. A sua mão livre estava firmemente cerrada. Se não fosse pela luva de arquearia que usava, as suas unhas já teriam cortado sua palma.

Grover hiperventilando era o mais alto ruído no Labirinto.

Eu não posso mais aguentar isso. — ele sussurrou — Já chegamos?

— Nós estamos aqui embaixo por talvez cinco minutos. — Annabeth disse a ele.

— Foi mais do que isso. — insistiu Grover — E por que Pã estaria aqui em baixo? Este é o oposto da natureza!

Os cinco continuaram desordenadamente em frente. Bem quando Kalli teve certeza de que o túnel ficaria tão estreito que iria ser espremida, ele se abriu numa enorme sala. Percy iluminou as paredes em volta com sua lanterna e disse um simples e sincero:

— Uau.

O cômodo todo era coberto de azulejos de mosaico. As figuras estavam encardidas e desbotadas, mas ainda era possível ver as cores – vermelho, azul, verde e dourado. O mural mostrava os deuses Olimpianos em um banquete. Kalli conseguiu identificar o pai de Percy, Poseidon, com o seu tridente, segurando uvas para Dionísio transformar em vinho. Zeus estava festejando com sátiros e Hermes estava voando através do ar com suas sandálias aladas. As imagens eram lindas, realmente lindas, mas Kalli não as achavam muito precisas. Quer dizer, ela tinha visto os deuses. Dionísio não era bonito assim, o nariz de Hermes não era tão grande.

Ela olhou para Percy, que também olhava para a parede, mas virou sua cabeça para a amiga ao perceber que era olhado. Pelo olhar no rosto de Percy, os dois pareciam estar pensando a mesma coisa. Ambos assentiram em concordância. Sim, definitivamente estavam pensando a mesma coisa.

No meio da sala estava uma fonte com três níveis. Parecia que não tinha água na fonte há um longo tempo.

Que lugar é este? — Percy lhe perguntou baixinho - Parece-

— Romano? Sim, parece. — Kalli concordou.

— Não parece. É. — Annabeth disse — Esses mosaicos são de dois mil anos atrás.

𝐒𝐎𝐁 𝐎 𝐒𝐎𝐋 (𝑭𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓)Onde histórias criam vida. Descubra agora