Depois da tempestade, não vem a bonança

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Nota1: Peço desculpas pela demora do capítulo! Normalmente, eu o publico de manhã, mas sabe, estou em viagem com a família agora, indo visitar parentes no interior de Mato Grosso do Sul, e lá não tem internet ou sinal (é bem precário), então vai ser bem difícil postar, sabe? Vou ficar lá por mais ou menos 15 dias (acho?) E vou tentar ao máximo postar os capítulos, mas se eu não conseguir, bom, ao menos vocês estão avisados do que aconteceu 💜

Nota2: Caso esse capítulo seja bem confuso... Bom, Kalli está tão confusa quanto.


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A cabeça de Kalli doía. Era como se tivesse sido pisoteada pelo rebanho solar do pai.

Levantando-se com dificuldade, foi quando percebeu que estava em sua cama, no seu quarto, tudo estava tão calmo, pacífico, que quase pareceu como se tudo havia sido um pesadelo, um vívido; terrivelmente real. Mas o gelo corria por suas veias, inundando seus órgãos, seus ossos até a medula e isso era prova o suficiente de que não foi uma simples criação de sua mente semideusa perturbada, havia sido real. O frio era tão intenso, que tinha a impressão que nem se pulasse no fogo que alimentava as forjas do Acampamento seria o suficiente para derreter o frio que parecia lhe preencher completamente.

Ela choraria mais uma vez, é o pensamento que passa por ela. Se ao menos pudesse reunir forças para respirar direito, choraria.

Kalli gostaria de poder dizer que era uma completa estranha para a sensação de perda, mas não era. Antes de estar aqui, havia perdido mais do que o suficiente para uma garota tão nova... Agora como Kalliope, também havia experimentado sua cota de perdas, seu padrasto e seus inúmeros companheiros do Acampamento, que saíram para missões em busca de alguma glória e reconhecimento e nunca mais voltaram. Ela aprendera a esperar as terríveis emoções tumultuosas que se seguem diante da morte de algum ente querido.

Era sempre assim. Tudo sempre seguindo o mesmo ritmo, repetidamente e sem descanso, até que todas aquelas tumultuosas e constantes emoções a adoecessem.

Mas não era como se ela tivesse matado a mãe de Kalliope Soline. Pelo menos não ainda.

Carmen ainda estava viva e dependendo da resposta de Kalli. Ela tinha que dizer sim, certo? Não importava se aquilo fosse contra os seus princípios ou mesmo da própria Kalliope. Ao menos não quando a vida de alguém estava em jogo e não qualquer pessoa, a vida da mulher que ela jurou proteger, ao menos, enquanto estivesse ali.

Coragem, meu pequeno botão de ouro.

A voz de Carmen, tão clara quanto o lindo céu de um dia de verão, soa por sua cabeça enquanto finalmente chegava até o banheiro, ignorando completamente os cochichos aflitos que pareciam vir da pequena sala de estar. Trancando-se no banheiro, voltou seu olhar para o espelho, encarando a absoluta bagunça e desespero.

Seu cabelo estava praticamente em pé, com os fios espalhados por várias direções diferentes, a presença de nós era visível. Seus olhos estavam vermelhos, inchados e fundos de tanto chorar, também parecia que sua pele havia envelhecido uns bons cinco anos em poucas horas pelo o quão pálida e ressecada parecia estar.

E dizem que lágrimas hidratam a pele...

Então, enquanto encarava aquele rosto que passou de desconhecido a familiar e muito querido, Kalli foi atingida com a percepção de que estava cansada e de que queria ir embora.

Isso ao menos era possível? Àquela altura, não importava.

Depois daquele golpe, não sabia como continuar. Na verdade, não sabia se nem mesmo queria continuar.

𝐒𝐎𝐁 𝐎 𝐒𝐎𝐋 (𝑭𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓)Onde histórias criam vida. Descubra agora