Após dois minutos, luto eterno

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Por dois minutos inteiros, as coisas foram bem.

O interior do gigante era apertado, sufocante e escuro, mas ainda assim, ainda assim, por dois minutos, as coisas foram bem.

Os comandos do gigante eram extremamente complicados, como era de se esperar de Hefesto, mas apesar disso, as duas conseguiram, de alguma maneira, conseguiram. Só precisavam achar uma maneira razoavelmente segura de parar Talos e tudo ficaria bem.

Talvez fosse o fato de estarem em um lugar apertado e escuro demais...

"Ouça a profecia porque é absoluta, meu botão de ouro e não pode ser mudada."

Talvez fosse o fato de estarem em um lugar escuro demais, em uma situação tão desesperada e em uma missão tão perigosa... O que fez com que tudo no final não importasse nada.

Kalli abriu a boca, pronta para guiar Bianca, pronta para tirá-la dali, protegê-la. Ela estava conseguindo. Foi difícil, mas era possível saírem dali inteiras. Se ela continuar as protegendo com sua habilidade de luz...

Mas então Bianca acabou puxando um fio que não deveria puxar e então tudo deu errado.

O gigante começou a desmontar.

Ela conseguiu proteger Bianca, realmente conseguiu, até que no último minuto não.

Ela, que ainda não tinha total controle de sua habilidade, viu seu escudo de luz ceder. Bianca a empurrou e então tudo ficou escuro, ela desmaiou.

Piscando, Kalli ergueu os olhos de suas mãos ensanguentadas que seguravam a estatueta – o sangue de Bianca e o dela – e os focou na enorme pilha de sucata e de partes do gigante.

O choro de Zoë era a única coisa perfeitamente audível.

— Foi isso que eu quis dizer. — Kalli disse, sua voz soando estranhamente apática, até mesmo para ela — Senti que algo estava prestes a dar errado.

Thalia gritou de raiva pegando uma espada e apontando-a diretamente para o pescoço de Kalli.

— Por que você não nos contou?!

A voz de Thalia chegava aos seus ouvidos como se estivesse submersa.

Kalli piscou, sua expressão atordoada, ela não conseguia reagir, era como se estivesse presa dentro do próprio corpo. Seu corpo estava cheio de arranhões feios, provavelmente ficaria com cicatrizes nas suas pernas e braços – o sangue de Bianca manchava suas mãos mas não havia dor. Ela estava realmente bem, na verdade.

Sendo sincera, nem mesmo quando teve que fechar o buraco em sua barriga por ter sido trespassada com um pedaço de sucata houve dor.

Só havia a dormência. Tudo o que havia era dormência.

Ela se sentia vazia. Tão vazia.

Era como se sua alma tivesse escorregado pela palma de suas mãos junto com sua energia ao tentar fechar o buraco no peito de Bianca.

(O enorme buraco no peito de Bianca. O cheiro de ferro enchia seu nariz e a deixou enjoada. Tão enjoada e ela se sentia morrendo, morrendo, morrendo, MORRENDO-)

— Você acha que eu escondi a informação de propósito? — ela devolveu a pergunta, ainda com o mesmo tom apático - Eu tentei. Mas disseram que eu estava exagerando.

— Bem, eu não sei! Você deveria ter se esforçado mais, então! Quem sabe assim até Percy teria acreditado em seu aviso?! — Thalia retirou sua espada e caminhou em direção ao corpo do gigante novamente.

𝐒𝐎𝐁 𝐎 𝐒𝐎𝐋 (𝑭𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓)Onde histórias criam vida. Descubra agora