Algum progresso, enfim

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Não demorou muito para que percebesse que estava sendo vítima de um chá de cadeira.

Havia passado toda a tarde junto com Índigo, que praticamente se jogou em cima dela e a abraçou apertado assim que a vira, dizendo o quão preocupado estava e o quão feliz estava por vê-la inteira.

Ela conversou com ele então, sobre o que aconteceu, sobre como tem se sentido, sobre o que Quiron fez; Indie apenas escutou, segurando firme a mão dela enquanto Kalli chorava.

Ao menos seu amigo de infância não foi difícil de encontrar.

Quer dizer, conseguia achar e falar com todos sem problema nenhum, mas quando se tratava das duas pessoas que mais queria falar agora, bom, simplesmente não conseguia encontrá-las.

E não poderia culpá-los, pois tem sido uma péssima amiga nos últimos meses. Então meio que estava merecendo o tratamento de gelo.

Isso não a impediu de se permitir ser um pouquinho egoísta e ir atrás deles para pedir desculpas, entretanto.

Kalli não havia pensado em uma ordem específica. Não, de jeito nenhum. Portanto, não fazia sentido nenhum que dissessem que parecia bem mais empenhada em achar Annabeth primeiro.

Felizmente, a amiga aparentemente quis ser achada após algum tempo, pois estava no campo de tiro ao alvo, praticando.

Kalli só esperava que não estivesse na mente de Annabeth como alvo.

Aproximando-se lentamente, para bem atrás da amiga. Sua postura era envergonhada, não sabia muito bem o que falar. Não sabia se havia algo a ser dito.

Oi... — ela disse baixinho.

Parando de disparar com o arco, Annabeth virou lentamente, sua expressão era neutra.

— Ah. Oi, Kalliope.

Okay... Então ela está furiosa.

Kalli engoliu em seco. Não havia outra maneira de isso funcionar que não fosse ser honesta.

— Sim... Você está com raiva. É claro. — automaticamente seus dedos foram para o pingente de sol — Como você está?

— Eu? Estou muito bem. — ela deu de ombros — Mas e você? Vai responder dessa vez? Tem certeza de que não vai fugir se eu te fizer essa pergunta?

Sim, ela definitivamente mereceu essa.

— Eu... Eu fui uma péssima amiga, reconheço isso... — começou lentamente — Eu... Eu deveria ter falado. Quer dizer, era uma missão urgente, mas isso não era impedimento para não falar com vocês.

— É. Deveria ter falado. Nós somos seus amigos, não nos importaríamos de te escutar, mas você não o fez. O que é impressionante, considerando que sempre fala que está lá para nos escutar. Aparentemente, isso só se aplica aos outros. — Annabeth cruzou os braços.

Kalli engoliu em seco mais uma vez e assentiu.

— Foi bem estúpido, eu sei. Só percebi depois que estava na missão... Foi bem precipitado. Acontece que eu só... Fiquei sobrecarregada. A vontade de fugir foi mais forte do que eu... Sinto muito.

— Fugir? De que?

Ela hesitou.

— Eu só... Estou com medo. Absolutamente apavorada e... — suspirou — Não tenho certeza de nada e isso... Eu não sei o que fazer com isso... A minha mãe... Quíron a deu mais algum tempo de vida, mas... Não é... O suficiente...

Annabeth suspirou.

— Olha, não vou fazer deduções de como foi a sua vida até agora porque você nunca fez isso comigo, mas sei que não deve ter sido fácil. — ao colocar o arco do arsenal sobre o apoio, se virou completamente para Kalli e colocou as mãos na cintura, seu olhar era sério — Assim como também sei por experiência própria que não é fácil depender dos outros. Quer dizer, não há nada de errado em ter um progresso lento, mas é como se a cada passo para frente que desse, voltava três. Você entende o que eu quero dizer?

𝐒𝐎𝐁 𝐎 𝐒𝐎𝐋 (𝑭𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓)Onde histórias criam vida. Descubra agora