nightmares + call | Enid Sinclair

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(POSSÍVEL GATILHO)

Enid se preparava para dormir, quando olhou para a sacada que tinha em seu quarto. A lua estava chamativa, como sempre. Brilhante, grande e imperativa bem lá no alto. Inalcançável.

Enid sorriu meio cabisbaixa antes de se acomodar em sua cama. Os últimos dias na casa de seus pais já foram um inferno e ainda teria que passar por muitos outros dias horríveis. Suspirou e desligou seu abajur, fechando os olhos. Demorou um pouco para pegar no sono, enquanto sentia suas unhas cravadas na pele da palma de sua mão.

Então, ficou tudo escuro. Enid abriu os olhos e estava numa sala com duas portas. Uma dela sinalizava viver e outra paz. Olhou para os lados, não tinha nada. Era tudo um breu completo. Se deu por vencida e foi em direção à porta viver e abriu, espiando para dentro dela.

Pôde ver ela mesma na frente de seu pai. Ele tinha uma expressão impassível, sempre lhe deu medo. A Enid, que pôde reconhecer ser de uns meses atrás (nas suas férias passadas) estava com o olhar baixo, fungando e encolhida. Então, notou a cinta na mão do homem.

Ótimo, minha cabeça resolveu me trazer lembranças ruins. Pensou consigo mesma e fechou a porta no momento em que o homem levantou a mão com a cinta. Só pôde ouvir o barulho do couro batendo contra sua pele e o grito desesperado pedindo por ajuda.

Aquela lembrança mexeu com os sentimentos da lobisomem de forma louca. Ela se dirigiu à porta paz decidida a entrar nela. Entrou e sequer hesitou, fechando a porta atrás de si.

Se deparou com sua sacada. A lua brilhava forte, parecia quase sussurrar de forma sedutora para que Enid fosse até ela. A loira hesitou, então caminhou suavemente até a ponta da sacada. Se escorou ali e observou a lua, sentindo-se realmente em paz. Acalmou seus nervos após aquela lembrança tenebrosa.

Quando já estava totalmente relaxada, ouviu um movimento atrás dela, o que fez com que ela se virasse rapidamente. A única coisa que viu foi uma forma completamente escura dela mesma a empurrando. Sentiu seu corpo flutuar no ar e olhou para a lua. Estava caindo da sacada. E parecia não ter fim aquela queda.

Então essa é a paz que eu tanto busco?... Talvez eu devesse... Aceitá-la. Talvez fosse melhor para todos não ter por perto uma inút-

Acordou num pulo ao ouvir seu celular tocar. Seu coração acelerado, como se fosse fugir. Quando viu o nome no visor, tratou de se ajeitar, não querendo demonstrar que estava tendo um pesadelo. Apertou em atender e viu o teto do quarto de Wednesday, ficou confusa, ainda mais porque seus olhos estavam semi-abertos pela claridade.

— Wed?... Mmm... — Murmurou ainda sonolenta, tentando chamar atenção da gótica. Será que ela ligou sem querer? Talvez tenha dormido em cima do celular.

Enid! — ouviu a garota dizer, pegando o celular de maneira afobada. Enid relaxou quando viu aqueles olhos castanhos quase pretos a encarando.

— Boa... Noite? Bom dia? — Enid disse, incerta do horário. Ah... 4:29. Logo se deu conto e se assustou. — Tá tudo bem, Willa?...

Sim... Eu só... Precisava ter certeza de que você estava bem... — Wednesday parecia quase saber que Enid estava tendo problemas com o sono aquela noite. Notou uma movimentação e percebeu que a morena se sentara na cama. — Desculpe por te acordar... Você tá bem, né?

Enid relutou em responder à pergunta. Mas decidiu não preocupar Wednesday. Deixou um sorriso fraco escapar pelos lábios quando pensou na possibilidade de Wednesday estar preocupada.

— Tô bem... — Enid pensou em brincar um pouco. — Tava com saudades de mim?

Enid poderia estar ficando louca, mas quando seus olhos se acostumaram melhor com a claridade, pôde jurar que viu Wednesday com um rosado leve nas bochechas. Estaria corada?

Eu... E-Eu senti... — Wednesday gaguejou e aquilo fez com que Enid corasse. Com sorte, a gótica não notaria. — Mas isso não vem ao caso. — As palavras acertaram em cheio Enid, que estava excitada com a ideia de Wednesday sentir sua falta. — Enid, ouça. Eu preciso que você prometa que não fará nenhuma besteira, ok? Por favor, se cuide... — Enid quase engasgou com a própria saliva ao ouvir aquilo. Ela com certeza sabe.

Pensou em se explicar. — Willa, eu... — Hesitou por um instante, mas desistiu e decidiu que seria melhor se render à Wednesday logo. — Tudo bem... Eu prometo. — Seu semblante era sério. Pensou em como fazer a gótica sair daquele assunto, então sorrindo, disse: — Aliás... Eu também senti saudades. Olhar para seus olhos tão escuros quanto a noite... É sempre uma honra. — Disse, provocando. Tinha certeza que Wednesday reconheceria aquelas palavras.

Okay, ótimo! Fico feliz, promessas não podem ser quebradas. Bom resto de noite e desculpe por acordá-la! — Wednesday falou e desligou rapidamente, deixando uma Enid confusa com o celular na mão.

Okay... Muitas emoções para uma noite só. Levantou-se de sua cama e decidiu que já acordaria, afinal, depois de tanta adrenalina não seria capaz de pregar os olhos novamente.

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Muitas emoções, hein? As coisas estão ficando mais profundas.

Atualização dupla, quem amou?
Não esqueçam de avaliar e comentarem o que acharam.
Sintam-se livres para comentar cada pedacinho dos capítulos, a autora ama responder <3
Beijinhos da Haru :3

letters | wenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora