Capítulo 46

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Maite seguiu caminho para o prédio da revista Marie Claire, ainda um pouco nervosa. Era uma das revistas mais bem conceituadas no México e quando recebeu o e-mail confirmando o horário da entrevista ficou muito animada. Seguiu seu caminho e esperou por 15 minutos antes que seu nome fosse chamado.

- Olá Maite- uma mulher magra, alta, com cabelos cor de mel e longos lhe cumprimentou- me chamo Ninel. Sou a chefe de edição da revista e o seu currículo me chamou atenção. Além de ter entrado em contato com seu antigo chefe na Espanha, que foi só elogios.

-Eu que agradeço a oportunidade- ela falou sorrindo.

- Me fale um pouco sobre você. Porque você resolveu voltar para o México com uma vaga tão boa lá na Espanha para uma recém formada?

Maite congelou pelo o que parecia uma eternidade. Ela não poderia falar a verdade, mas também não queria conseguir a vaga com uma mentira completa, até que o barulho da porta sendo aberta fez ela despertar.

- Desculpa incomodar Ninel- Maite conhecia aquela voz, assim que se virou ela se deparou com aqueles cabelos ruivos- aqui está o café que você pediu.

Maite não acreditava em quem estava ali. Dulce Maria, sua prima que durante muito tempo fez de sua vida um inferno. Nenhuma das duas demonstrou que se conheciam, Dulce apenas entregou o café a Ninel, porém não deixou de olhar Maite e dar aquele olhar intimidador que ela recebeu sua infância inteira.

- Aceita uma xícara de café?- Ninel ofereceu e Maite apenas balançou a cabeça negando- então me fale porque você resolveu voltar.

- Por questões pessoais, sabe?- Maite tentava se manter calma- eu fui para Espanha para tentar me encontrar, e entrar na faculdade de publicidade, com ênfase em marketing me encantou.

- Que bom que se encontrou- Ninel sorriu- bom, nossa vaga é para assistente de marketing digital, para trabalhar com nossas redes sociais e com alguns editoriais. Sei que você não tem experiência nessa área e o salário é bem menor do que receberia se ainda estivesse na Espanha, mas o seu currículo e os elogios que seu antigo chefe lhe fez, me agradou muito.

- Eu adoraria Ninel- Maite sorriu- eu sempre gostei da revista e para mim seria um orgulho trabalhar aqui com vocês e aprender sobre uma área nova.

- Muito bom ouvir isso- Ninel sorriu- temos apenas mais uma pessoa para entrevistar. Provavelmente entraremos em contato ainda hoje.

- Muito obrigada- Maite também sorri. Levanta e aperta mão de Ninel que estava esticada.

Assim que ela sai da sala, com sensação de dever cumprido, se depara com Dulce sentada em uma mesa ao lado da sala de Ninel. Ela tentou passar direto, mas a voz inconfundível de Dulce a chama.

- Ora, ora- Dulce começa- voltou priminha?

Maite ignora e continua andando em direção ao elevador, porém, para sua surpresa Dulce já está bem próxima dela.

- Sabe, não adianta você me ignorar- ela sorri, entrando na frente da prima- nós vamos trabalhar no mesmo lugar, iremos nos ver todos os dias. Seremos colegas de trabalho, não é legal?- Ela coloca os braços sobre os ombros de Maite.

- Pra mim o incrível é que você saiba fazer alguma coisa- Maite alfineta- agora se me dá licença, tenho mais o que fazer- E ela entra no elevador.

Ela estava nervosa, com as mãos suando e sem acreditar que Dulce Maria, a prima que infernizou sua vida durante anos, estava ali no mesmo local que ela trabalhava. Ela tentava respirar, mas o ar não vinha. Saiu correndo até o carro e chorou como forma de desabafo. Socava o volante e gritava, como forma de descontar tudo o que ela sentia. Ela pegou sua garrafinha de água bebendo tudo o que tinha ali. Conseguiu se acalmar um pouco e começou a dirigir.

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Anahi estava no fórum conversado com Rodrigo, seu namorado sobre o caso atual. Estavam passando todos os pontos importantes para que aquele homem fosse condenado por violência doméstica, tanto física quanto psicologia contra a esposa e com os 3 filhos, que eram proibidos de sair de casa.

- Esse caso já é seu- Rodrigo fala- você tem tudo nas mãos.

- Eu sei- ela suspira- a minha preocupação são sempre os juízes. Que são, em sua maioria, homens iguais a ele.

-Bom se essa é sua maior preocupação, já pode ficar tranquila. Dessa vez é uma mulher- ele percebeu que Anahi estava com dúvidas sobre o que ele falava- Parece que o juiz que iria julgar o caso, foi afastado por ter algum vínculo pessoal com o acusado. Então trocaram.

- E você só me fala isso agora?

- Achei que você sabia. Não recebeu nenhum documento?

- Não...- Anahi ficou com aquilo na cabeça- porque eu não recebi nada?

Mesmo que Anahi tenha sido pega de surpresa, foi algo positivo. Sabia que aqueles casos, quando eram juízas, era mais fácil de ser ganho. E foi isso que aconteceu. O homem foi julgado e condenado. Vendo o alívio no rosto de sua cliente e de seus filhos Anahi se sentiu em êxtase com aquela sensação de dever cumprido.

- Precisamos comemorar- Rodrigo falou- porque você não chama o Christian e seus amigos que chegaram da Espanha? Estou doido para conhecê-los.

Anahi não sabia o que falar. Rodrigo não sabia que Poncho era seu ex. E nem que Maite era ex de Christian. E aquilo talvez não fosse dar certo. Mas Rodrigo insistia, em que Anahi acabou concordando. A primeira coisa que ela fez foi ligar pra seu primo.

- Chris acabei de fazer ume besteira- Anahi fala, assim que o primo atende. E lhe conta tudo.

- Bom, você sabe que eu vou. Mas eu posso conversar com o Alfonso sobre o assunto. Mas Ani. Você quer que ele vá? O Rodrigo não sabe sobre a relação de vocês.

-Sei que é difícil Christian. Mas seria legal me reaproximar dele. Ele foi importante e sempre vai ser- ela fala- vou falar com Rodrigo sobre o Alfonso. Já passou da hora.

- Você quem sabe Ani. Mas estou aqui para te apoiar. Mande uma mensagem para ele, convidando-o e eu converso com ele aqui.

- Obrigada primo. Mas eu vou chamar a Maite também-ela dá uma pausa achando que ele vai falar algo, mas ela não ouve nenhum som do outro lado da linha- tudo bem?

- Claro. Ela é sua amiga e acho que vai ser importante para ela.

A conversa se encerrou ali e Christian foi conversar com Poncho. Entrou na sala do amigo e ele estava com um dos projetos em cima da mesa, mas assim que o amigo entrou e sinalizou que precisava conversar com ele, guardou tudo e deu atenção para o amigo.

- Alfonso- Christian começou- a Anahi nos convidou para um happy hour hoje. Você topa?

- A Anahi?- Poncho ficou confuso- porque ela mesma não me chamou?

- Acho que ela ficou de te mandar uma mensagem- Ele falou e por coincidência o celular de Alfonso apitou com uma mensagem- e ai?

- É uma mensagem dela mesmo- Ele sorriu e aquilo fez Christian ficar com o coração apertado, sabendo da próxima noticia que teria que dar a ele.

- Sabe- ele começou- a Anahi sofreu por vocês durante muito tempo. E eu sei o que eu aguentei durante esses anos. Mas ela não podia ficar esperando por você. E ela está com alguém.

- Christian eu sei que a Anahi não ia ficar esperando por mim. Até porque minha intenção não era voltar para o México. E para mim o que importa é que ela esteja feliz.

- E ela está. Só estou te avisando porque ele deve ir hoje. E se você vai estar preparado para isso.

- Não sei se algum dia vou estar preparado para ver Anahi com outra pessoa.

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