dezessete

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𝗜𝘀𝗮𝗯𝗲𝗹𝗮 𝗼𝗻

— Acho que estou pronta, o que achou? — Perguntei ansiosa e virei de frente pro meu celular, onde minha melhor amiga estava em ligação de video comigo diretamente do plantão.

Estava usando uma calça laranja de alfaiataria, um cropped de dois babados brancos tomara que caia e um salto fino branco.

— Gata e gostosa como sempre! — Ela elogiou animada e eu ri enquanto pegava o celular. — Voltando ao assunto, não deu pra ele ainda?

— Não, Laura! — Fingi reclamar e revirei os olhos.

— Você é muito besta, isso sim! — Laura exclamou. — Vai se segurar até quando? — Ela insistiu na pergunta.

— Olha só, 20:00h, preciso ir, beijo, te amo! — Falei rapidamente e antes que ela pudesse responder, desliguei a chamada.

Borrifei perfume em mim e peguei minha bolsinha que já estava com meus documentos e cartões, tranquei a porta do apartamento e desci pelo elevador.

Richarlison não tinha me mandado mensagem avisando se havia chegado, nem me apressou. Assim que passei pela pela portaria do prédio, o vi encostado na porta do passageiro, braços cruzados e me observando sério, senti que tinha esquecido como se andava.

Ele estava com uma calça cargo preta, uma camiseta preta e um tênis branco da nike dando o contraste da roupa. 

Parei na frente dele e esperei alguma reação, uma risadinha dele, um abraço ou algo do tipo, segurei a alça da bolsa assim que senti uma certa timidez quando ele passou o olhar pelo meu corpo.

— Você é gata demais e sabe disso! — Ele falou perdendo toda à marra de segundos atrás e eu ri, finalmente me sentindo á vontade com ele de novo.

— Acha que está bom? Não sei o que esperar do lugar... — Perguntei insegura e olhando minha roupa, ele me puxou pela cintura e depositou um selinho na minha mandíbula.

— Tá linda, escolhi um lugar pro pessoal do seu nível! — Ele falou nos afastando da porta e abrindo a mesma para mim.

Entrei e esperei ele dar a volta, assim que ele entrou e se arrumou, olhei em dúvida para ele.

— Do meu nível? — Perguntei bem confusa.

— É, lugar de médico, tudo limpo e essas nóias, sabe? — Ele tentou explicar e deu partida pro lugar.

Foquei a vista na paisagem da cidade de São Paulo á noite, mas com o pensamento no lugar em que ele estava me levando. Ele ficou na ligação com um dos empresários e eu nem tentei prestar atenção na conversa, escutei sobre futebol e desisti.

Assim que ele estacionou na frente do restaurante, eu ri sem querer e ele me olhou confuso.

— Fasano? Está brincando, não é? — Perguntei nem tentando segurar a risada mais e ele me olhou sem entender.

— Não cara, bora logo! — Ele pediu tentando sair do carro, mas eu segurei a mão dele.

— Está louco? Richarlison, ai tem pratos de mais de mil reais! — Exclamei desacreditada.

Não sei o quê ele sentiu quando falei aquilo, ele simplesmente desceu do carro e foi na direção da entrada do restaurante, sai mais desacreditada por ele estar agindo dessa forma, do quê por pisar nesse lugar.

Consegui entrar para procurá-lo, a moça tinha dito que ele explicou que eu já iria entrar. Ela me guiou até a mesa onde ele estava olhando com cara fechada em um ponto fixo.

— O que foi isso? — Perguntei sem entender e sentei na cadeira na frente dele. — Ei? — O chamei novamente quando percebi que ele estava me ignorando.

Ele me olhou com raiva e voltou a encarar o ponto fixo, desisti e logo o garçom apareceu na nossa mesa, nos entregou o cardápio e eu tive certeza que se eu tivesse um aneurisma, ele romperia no instante em que olhei os valores de cada prato.

— Um Crostini di pane, tartare di manzo, carpaccio di manzo, capelli d'angelo, gnocchi di patate e risotto alla parmegiana para mim! — Richarlison pediu sem tirar os olhos do cardápio, olhei pro garçom que parecia impressionado.

— E a senhorita? — O garçom perguntou timidamente.

— Esse risotto zafferano é com abobrinha? — Perguntei sem conhecer nada de italiano e o garçom concordou. — Esse para mim então!

Entregamos os cardápios ao garçom novamente e logo outro voltou com um vinho tinto suave para nossa mesa, nos serviu e se afastou. 

— Você acabou de gastar 7.500 reais com comida? — Perguntei impressionada, ele pegou a taça de vinho e bebeu um gole, me ignorou e focou o olhar em outras mesas. — Richarlison? — Insisti. — Beleza, vou embora, obrigada pelo não jantar! — Reclamei já saindo da mesa quando ele segurou minha mão com força.

Me ajeitei na cadeira e ele finalmente me olhou, levantei a sobrancelha como se estivesse esperando ele se explicar de uma vez.

— Eu tô irritado comigo, pensei que fosse gostar daqui e mandei mal! — Ele falou frustrado e parecia arrependido das atitudes passadas. — Todo mundo falando que aqui é lugar de doutor e tal, foi mal! — Ele terminou de se explicar e passou a mão no rosto como se estivesse limpando.

— Richarlison... — Segurei a mão dele e soltei uma risada fraca. — Quando me chamou para jantar, estava esperando uma lanchonete de esquina, sei que é seu tipo de lugar e o meu tipo também! — Expliquei e um sorriso fraco de sem jeito formou no rosto dele. — Queria estar sujando a ponta do nariz com maionese caseira, daquelas que sempre ficamos com medo se vamos acordar vivos no dia seguinte... Não isso! — Falei e olhei ao redor.

— Eu ainda tô na cabeça que tu curte essas coisas de riquinha, não tô acostumado com essas paradas... — Ele falou e coçou a nuca envergonhado. — Vacilei demais, foi mal.

— Podemos sair daqui e ir para outro lugar, o que acha? — Perguntei e ele concordou positivamente.

Não tenho o que criticar nele, sei o quanto está se esforçando para me deixar feliz e está conseguindo.

Continuamos conversando até nossos jantares chegarem e conseguimos deixar o clima leve e bom entre nós novamente.

𝙞𝙣𝙨𝙩𝙖𝙜𝙧𝙖𝙢 || 𝘳𝘪𝘤𝘩𝘢𝘳𝘭𝘪𝘴𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora