setenta e sete

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— Cheguei! — Reconheci a voz da Laura e sai do banheiro. Gabriel estava atrás dela com as malas, corri para abraçar a garota que retribuiu meu abraço.

— Quanta saudade. — Ela falou e me abraçou com mais força, segurei o choro, iria fazer um ano que não encontrava minha melhor amiga.

— Nem acredito que ficamos tanto tempo longe uma da outra. — Falei ainda no abraço.

— Já deu, não? O jogo é daqui a pouco. — Gabriel falou e passou por nós com as malas.

— Ele só ta assim porquê não se decidiu da Manu ainda. — Falei e o escutei bufar.

— Vou só tomar um banho e já saímos! — Laura falou e foi pegar a toalha, seguindo pro banheiro. — Pega minha camiseta aí na mala, por favor! — Ela pediu de dentro do banheiro.

Fui até a mala dela e comecei a procurar a camiseta, tinha tanta coisa ali dentro que fiquei com medo.

— Por quê ela trouxe isso? — Perguntei tirando a maleta do transdutor da mala, Gabriel me olhou confuso e se aproximou.

— Que isso?

— Um transdutor. — Respondi e abri a maleta para confirmar. Além do aparelho, tinha o gel e três testes de gravidez.

— Isso é aparelho de ultrassom, não é? — Gabriel perguntou confuso também e agachou do meu lado.

— A maleta! — Laura saiu assustada do banheiro e quando viu que eu já tinha descoberto, ela sorriu amarelo. — Não confio naquele teste da fita.

— É impossível, Laura. — Falei desacreditada com ela.

— Vamos ver o jogo, assim que voltarmos pra casa vemos isso, pode ser? — Ela perguntou compreensiva e voltou a se trancar no banheiro.

Guardei as coisas dela e voltei a procurar a camiseta.

— Sabe, Bela... — Gabriel começou a falar e voltou a deitar na cama. — Se estiver mesmo grávida, acha que o Richarlison odiaria a ideia?

— Não, conversamos ontem sobre essa possibilidade e ele adorou. — Respondi no mesmo instante em que achei a camiseta e sentei na cama com ele. — Não é que eu não quero ter um filho, eu quero e quero muito, mas confesso que da um frio na barriga de medo.

— Claro, é uma nova vida. — Gabi falou e me puxou para um abraço. — Eu seria padrinho, né?

— Quem mais? — Perguntei rindo e retribui o abraço.

Fiquei aconchegada nos braços dele até a Laura sair do banho e finalmente nos arrumarmos pra ir pro jogo. 

O caminho pra lá estava ótimo, mas a entrada no estádio era puro tormento, aproveitamos para rir de algumas besteiras que víamos enquanto caminhávamos para lá.

O jogo começou e eu nunca na minha vida pensei que a Laura gritasse tanto em jogos, puta que pariu, fiquei surda no primeiro tempo.

Se dentro da minha barriga tiver mesmo um bebê, juro que ele deve estar em surto por esse jogo. CADÊ O GOL?

Quando as esperanças estavam morrendo, Casemiro nos deu a honra e fez um gol pela seleção. Laura subiu na cadeira e gritou tanto em comemoração, que tenho certeza que o próprio Casemiro escutou os elogios.

Assim que o jogo acabou, preferimos ficar no estádio um pouco mais de tempo até dar uma esvaziada.

— Olha ali. — Gabriel apontou pra entrada do vestiário, Richarlison estava pedindo para que eu descesse. Com ajuda do Gabi, fui até lá. Laura deu um aceno animado pro Rich, que retribuiu.

Richarlison me ajudou a entrar no campo e me puxou pra entrada do vestiário. Ele estava sem a camiseta, apenas de bermuda, chuteira e meião. Ele estava um pouco suado ainda e parecia muito mais gostoso que o normal.

— Eu transaria com você agora. — Falei rindo e dei um selinho nele. Ele se apoiou na parede, me segurou pela cintura e olhou pros lados rindo envergonhado.

— Isabela. — Ele praticamente cantarolou meu nome e me observou. — Os caras querem ir em uma festa, posso ir? — Ele perguntou sério, afastei um pouco meu rosto dele e curvei as sobrancelhas.

— Ué, você quer ir?

— Quero!

— Então vai, ué. — Respondi confusa e continuei o encarando.

— É sério? — Ele perguntou confuso.

— Se fosse eu pedindo, você iria deixar também, não iria? — Perguntei como se fosse óbvia a situação.

— Eu não.

— Vai te fuder. — Falei rindo da resposta dele, ele riu também e colocou meu cabelo para trás da orelha. — Somos namorados, não sou sua dona.

— E se eu te trair?

— Isso vai dar briga. — Respondi respirando fundo pela dúvida dele. — É o seguinte, você nunca pergunta isso pra quem está do seu lado, Richarlison, e outra coisa, se quiser me trair, pode trair, só que se eu descobrir, tu nunca mais vai saber que eu existo, entendeu? — Falei por fim e tentei me afastar dele, mas ele segurou.

— Foi mal, foi mal. — Ele pediu e me abraçou, escutei a risada arrependida dele, mas não aguentei e chorei. — Isabela? Cê tá chorando?

— Eu não sei o que está acontecendo. — Falei olhando pra ele e tentando parar de chorar.

— Que biquinho mais bonitinho. — Ele falou apontando meu bico de choro, me fazendo chorar mais. Deitei a cabeça no peito dele e voltei a chorar.

Rich ficou alguns segundos me fazendo carinho e tentando acalmar meu chororô ali.

— Você deve menstruar, né? — Ele perguntou assim que eu me acalmei, balancei a cabeça positivamente, mesmo sabendo que não. — Vou sair com eles, qualquer coisa você me liga, pode ser?

— Uhum. — Respondi e sorri fraco.

— Eu te amo. — Ele falou sério e me deu um selinho. — E só para você saber, eu também transaria agora com você. — Ele falou rindo e me deu mais um selinho antes de se afastar.

Fiquei sorrindo igual idiota vendo ele se afastar. Quando ele sumiu da minha vista, voltei pro campo e o Gabi me ajudou a passar pela cerca.

— Laura, vamos fazer esse ultrassom logo! — Praticamente ordenei pra minha melhor amiga e ela sorriu animada.

Não é normal acontecer o que aconteceu comigo, eu tive uns três tipos de sentimentos diferentes em cinco minutos, o que talvez fosse impossível, nunca esteve tão perto de ser real.

𝙞𝙣𝙨𝙩𝙖𝙜𝙧𝙖𝙢 || 𝘳𝘪𝘤𝘩𝘢𝘳𝘭𝘪𝘴𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora