Onde Isabela decide responder o direct de um jogador do Everton, no intuito de passar o tempo. Ela só não esperava que o jogador estava esperando um sinal verde dela há meses.
𝘀𝘁𝗮𝗿𝘁𝗲𝗱: 𝟮𝟲/𝟭𝟭/𝟮𝟮
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- Eles esqueceram de nós duas aqui. - Laura falou, bebeu um gole do café e virou os olhos em direção a minha mãe e ao Richarlison.
Os dois não se separaram desde que saímos do apartamento, pensei que teria que ficar contornando a situação e que minha mãe envergonharia ele de algum jeito, mas tudo está sendo ao contrário, aparentemente eles se amaram.
Eu e Laura estamos igual aquelas crianças que não tem o que conversar quando saem com amigos dos pais, abrimos a boca apenas para fazer nossos pedidos.
- E como vão fazer quando você precisar voltar pra Inglaterra? - Escutei minha mãe perguntando porquê o Richarlison apertou minha coxa, olhei para eles um pouco confusa e observei o risinho sem graça do Richarlison.
- Mãe! - Chamei a atenção dela que apenas fez um cara de como tivesse razão em tudo e bebeu um pouco do chá.
- Dona Andressa, pra falar a verdade, faz um tempo que tô doido pra sua filha morar comigo já, só que ela fica com ideia de quê precisamos de tempo. - Olhei surpresa pra ele, sem acreditar no que ele falou, ele deu de ombros e riu.
- Posso te ajudar em enfiar ela na mala... - Minha mãe falou e ambos riram. - Minha filha tem um problema em querer seguir tudo certo, ela tem medo de arriscar e eu não sei o por quê, todos vamos morrer, não é? Melhor viver tudo agora do que não viver nada, tô errada? - Ela falou por fim e negou com a cabeça, rindo.
- Isso eu concordo! - Laura exclamou rindo. - Arrasou, tia!
- Deveria escutar sua mãe. - Richarlison falou rindo, dei um belisco com a ponta das unhas no braço dele. - Ô mulher! - Ele reclamou rindo, ele estava do meu lado, virei de frente pra ele e cruzei os braços.
Rimos com a reclamação dele, desci o olhar até a mão dele que estava acariciando minha coxa e voltei a olhar para o Richarlison, os três estavam falando sobre mim, mas o foco da minha mente estava nele, talvez minha mãe esteja certa, estou com medo de arriscar, não posso viver com medo para sempre.
Richarlison já mostrou ser alguém do bem, caso um relacionamento não desse certo, eu teria pessoas que me apoiariam aqui no Brasil. Quando terminei com o Pedro, jurei que não iria me apaixonar tão cedo, meu relacionamento com o Pedro foi longo e o término foi cruel, tantos anos me deram a certeza que seria para sempre, mas talvez não seja o tempo.
- Ei, vocês podem dar licença pra nós dois? - Pedi para as duas mulheres sentadas na minha frente, levantei da cadeira e apoiei as mãos nos ombros do Richarlison, ele colocou a mão na minha e pediu licença para elas.
Saímos de perto delas, fomos até o lado de fora da padaria, segurei a mão dele e o puxei para uma caminhada.
- Tá tudo certo? - Ele perguntou confuso e olhou para trás, na direção da padaria. - Vamos abandonar elas?
- O que você quer de mim? - Perguntei ainda olhando na direção da rua, mas senti que uma dúvida cresceu dentro dele. - Tipo, quer uma coisa séria ou só alguém para transar quando vier pro Brasil, sei lá? - Olhei na direção dele e senti que coloquei ele em uma saia justa, o mesmo coçou a nuca e sorriu envergonhado. - Acho melhor conversar disso depois, né?
- Não, pô. - Ele respondeu se ajeitando e olhando ao redor. - Eu não sou bom pra essas paradas, sabe?
- Por isso não precisamos falar disso, não quero forçar nada, acho que só me afobei. - Falei parando ele na calçada e empurrando ele para um canto, não quero atrapalhar o fluxo de pessoas.
Fiquei na ponta dos pés para dar um beijo nele, mas ele me segurou e virou o rosto pro lado contrário, franzi o cenho em dúvida com aquilo e me ajeitei.
- Porra, Isa, achei que tava claro. - Ele falou rindo sem jeito e desviando o olhar do meu. - Eu tô apaixonado em você, quero que more comigo, quero ter você todos os dias do meu lado, mas não quero tirar você da sua vida, sei que curte muito aqui e não posso pedir pra largar isso. - Ele segurou meu rosto com as duas mãos, pude olhar atentamente pra ele, acho que nunca o vi tão lindo como agora e não só fisicamente, esse homem estava me priorizando, ele deixou as vontades dele para deixar as minhas em primeiro lugar, acho que nunca tive tanta certeza quanto agora.
- Vou pra Inglaterra com você, Richarlison! - Falei com um sorriso surgindo no meu rosto, ele continuou sério e afastou as mãos de mim.
- Não, e o seu trabalho? - Ele perguntou parecendo impressionado com minha resposta e eu ri pelo jeitinho dele.
- Você apareceu para melhorar minha vida, acho que não consigo viver mais sem ter que escutar suas piadas idiotas, sua risada, suas frases motivacionais sem sentido, existe medicina em cada canto desse mundo, não vou deixar o medo tomar conta da minha mente, meu coração quer ficar do seu lado e espero que queira isso. - Falei ainda com um sorriso no rosto e me aproximei mais dele, o sorriso dele voltou e fez com que ele me puxasse pela cintura para ficar mais perto.
- Tá falando sério, mermo? - Ele perguntou sem graça e colou nossas testas, balancei a cabeça positivamente e no mesmo instante, ele colou nossos lábios.
Dessa vez foi um beijo calmo, sem aquele desespero de querer tirar a roupa em um segundo, esse beijo é diferente, é ajeitado, sem pressa, com harmonia e amor.
- Melhor voltarmos, não acha? - Perguntei afastando nossos lábios, ele ainda estava com os olhos fechados, os lábios inchados do beijo e com a respiração um pouco ofegante.
- Você quem manda, namorada! - Ele respondeu me abraçando rápido e me dando a mão para voltarmos pra padaria.
O medo ainda está aqui, mas saber que finalmente consegui dizer o que quero sem pensar nas consequências, me deu um alívio tão grande. Acho que estou tranquila sabendo que estou depositando meu amor e confiança nele.
