doze

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𝗜𝘀𝗮𝗯𝗲𝗹𝗮 𝗼𝗻

— Puta merda! — Xinguei assim que vi o Richarlison parado próximo á mim com uma sacola de papel nas mãos.

— É o Richarlison mesmo? — Maria perguntou animada e eufórica, foi a primeira vez que vi a Maria correr tão rápido para ir ver alguém.

Ela abraçou o Richarlison enquanto eu ainda estava congelada ali no mesmo lugar, graças a Deus esse balcão está aqui. Ele retribuiu o abraço, mas seus olhos estavam juntos ao meu.

Não consigo acreditar que ele veio aqui, ele poderia estar no hotel descansando, mas preferiu vir até o hospital me encontrar. Coloquei alguns fios soltos atrás da orelha e quis morrer por ele estar me vendo a primeira vez nessa situação.

Maria se afastou dele e nos observou, em silêncio ela voltou pra trás do balcão e fingiu que não estávamos ali.

— Nem um abraço? — Richarlison falou sem jeito e abriu um pouco os braços, um sorriso apareceu no meu rosto e eu corri na direção dele, pulei em seu colo em um impulso.

— Não acredito que veio até aqui! — Falei feliz e afundei minha cabeça no pescoço dele.

— Achou mermo que eu ia enfrentar a viagem toda e ficar sem te ver por dois dias? — Ele perguntou e eu senti sua risada nasal no meu pescoço, coloquei os pés no chão novamente e fiquei frente a frente para encará-lo.

— Você não existe, Richarlison! — Falei ainda rindo sem acreditar que ele estava ali.

— Trouxe seu jantar! — Ele falou de uma forma fofa e levantou a sacola do subway quase na altura do nossos rostos.

— Laura tem dedo nessa história, não tem? — Perguntei rindo e fui pegar meus papéis no balcão, Richarlison coçou a nunca envergonhado e me seguiu com o olhar. — Eu odeio vocês dois!

— Vai ter que me aturar pra vida toda agora fia. — Ele falou sério e me seguiu enquanto entrava no consultório.

— Você não deixou de resolver suas coisas para estar aqui não, né? — Perguntei assim que entramos no consultório e eu fechei a porta.

— Aqui é maior que na ligação... — Ele falou observando, enquanto dava uma rodada observando o lugar. — Quem é?

— Minha mãe! —Respondi e parei do lado dele na minha estante.

— Agora sei de onde vem a sua beleza. — Ele falou e virou de frente para mim.

Ele colocou a sacola na minha mesa e se aproximou, no primeiro instante, fiquei imóvel, mas então percebi qual era o objetivo dele.

— Richarlison... — O chamei em reclamo pela aproximação dele, não sabia para onde olhar, eu estou lutando contra tudo que meu corpo pede.

— Não vou fazer nada que não "queira"... — Ele falou ainda com nossa proximidade me deixando sem ar. — Deixo na sua mão, se quiser um beijo meu, tem que pedir. — Ele avisou e se afastou, o ar voltou aos meus pulmões e no mesmo instante, quis rir.

— Está competindo comigo? — Perguntei curiosa e tentando disfarçar meu nervosismo pela aproximação de dois segundos atrás.

— Pode apostar! — Ele respondeu rindo e me entregou o lanche. — Sabe que vai perder, né não?

— Você é iludido sempre assim? — Perguntei ajeitando as cadeiras uma na frente da outra e sentei em uma delas.

— Isabela, cê tá apaixonada por mim e fica negando. — Ele falou com certeza e sentou na minha frente, o observei e não respondi nada sobre o assunto.

— Qual nosso itinerário? — Perguntei mudando de assunto e mordendo meu lanche.

— Jogo com a garota amanhã, depois do seu plantão tu vai pro meu hotel e descansa por lá... — Ele começou a falar e mordeu o primeiro pedaço do lanche, mas sem desviar o olhar do meu. — Temos nosso jantar dia dezoito, já que você é quem vai decidir se vai ceder, pode ir pra casa, dia dezenove temos uma festa e dia vinte e um, vamos pegar estrada pra Barretos, pode crê? — Ele explicou de maneira superficial e meu sorriso virou uma risada desafiadora.

— O que vamos fazer nos outros dias? — Perguntei já imaginando a resposta maliciosa do Richarlison, ele abriu um sorriso tentador.

— Você já vai ter cedido, estaremos bem ocupados. — Ele respondeu e voltou a comer o sanduíche.

Continuamos conversando por um bom tempo ali sentados, antes do meu bipe apitar e eu precisar voltar ao plantão, não foi nada grave, voltei ao consultório logo e ele estava vendo alguns vídeos no tiktok.

— Certeza que vai ficar aqui? — Perguntei sentando no meu lugar e me preparando para estudar alguns quadros dos pacientes.

— Estou atrapalhando? — Ele perguntou preocupado e se ajeitou nas cadeiras.

— Não, não se preocupa... — Falei rindo da preocupação dele, achei fofo. — Não tem muito o que fazer até o horário do jogo, pode ir descansar no hotel.

— Vão te demitir se eu ficar? — Ele perguntou sério e eu neguei com a cabeça. — Então eu fico, posso ficar aqui igual fantasma.

— Não vai se entediar? — Perguntei realmente preocupada em atrapalhar o descanso dele.

— Você tá aqui, vou ficar te olhando e pronto! — Ele respondeu dando de ombros e sorriu um pouco sem jeito.

— Caso queira ir, não precisa se preocupar, pode ser? — Avisei e ele concordou com a cabeça enquanto lia alguma coisa no celular.

Ele ficou a madrugada inteira acordado comigo, levei ele para ver alguns pacientes que ainda estavam dormindo, estudei alguns exames com ele e claramente ele fez as gracinhas dele. Richarlison tirou fotos com alguns funcionários do plantão da noite e em nenhum momento se incomodou com isso.

Ele é tão simpático, acho que tive muita sorte de encontrá-lo.

Não posso negar que meu lado da emoção está louco por ele estar aqui e por cada coisa que está fazendo, Richarlison é um cara bonito, charmoso e engraçado, passaria horas com ele ao meu lado e não me incomodaria em nenhum segundo. O homem largou o trabalho por alguns dias só para me ver bem, não consigo nem pensar se um dia imaginei isso de alguém.

Já o meu lado racional está tentando manter tudo sob controle, o que está sendo mais difícil. Richarlison não tem um defeito que faça meu lado racional usar a favor, tudo o que ele faz ou fala leva ao meu lado emocional e faz meu coração acelerar.

Não acho que me apaixonar por ele seja ruim, acho que seria a melhor coisa, ele é o cara certo, eu sei disso. Eu só acho que tudo está muito rápido, ele está aqui, eu sei, mas conversamos por dois meses por mensagens, daqui 9 dias ele precisa voltar a vida normal na Inglaterra e eu a minha aqui no hospital, ao mesmo tempo que tudo parece conspirar ao nosso favor, tudo parece estar contra.

Não consigo evitar olhar para ele, ele está brincando com os dedos do cadáver falso da biblioteca, quando ele me olha, já estou encarando e não tem para onde disfarçar.

— Já decidiu ceder? — Ele perguntou rindo e veio na minha direção.

— Só nos seus sonhos! — Respondi rindo e mantivemos uma distância boa.

Richarlison me encarou alguns segundos mais antes de voltar a brincar com os objetos na biblioteca.

Aparentemente tenho longos dias para me controlar ao lado dele, espero que o universo me ajude nesses dias, eu nunca peço nada, será que dessa vez ele vai me abandonar?

𝙞𝙣𝙨𝙩𝙖𝙜𝙧𝙖𝙢 || 𝘳𝘪𝘤𝘩𝘢𝘳𝘭𝘪𝘴𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora