trinta e oito

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𝗜𝘀𝗮𝗯𝗲𝗹𝗮 𝗼𝗻

Confesso que assustei de primeira quando escutei o Richarlison falando que me amava, não esperava aquilo, não que fosse algo ruim, eu torcia muito para escutar essas três palavras, só me pegou de surpresa e não soube controlar minha reação.

Percebi que ele tinha ficado envergonhado sem minha resposta, mas eu sei bem o que estou sentindo, sei que esse sentimento é mútuo, que sinto isso do fundo do meu coração.

Fomos interrompidos por batidas na porta e a campainha, sai resmungando do colo dele, era um momento especial e algum ser humano desalmado estragou.

Abri a porta e dei de cara com o Pedro, aquilo me pegou desprevenida, não estava pronta para vê-lo tão rápido.

Ele claramente estava alterado, Pedro agarrou meu pulso com força e se convidou a entrar, tentei fechar a porta, mas ele usou mais força para impedir.

— Sabe onde eu estava? — Ele perguntou irritado e já segurando meu pulso com mais força, tentei soltar, mas não adiantava muito.

— Em algum bar, você está bêbado, Pedro. — Reclamei já sentindo uma dor chata no pulso.

— No Conselho, Isabela. — Ele falou praticamente gritando, senti um sorriso querendo abrir nos meus lábios, agora sei o motivo dele estar aqui. Percebi que o Richarlison entrou na sala, estiquei a mão pra trás, impedindo ele de se aproximar.

— Sério? O que eles te falaram? — Perguntei em tom de deboche, vi ele mudando a expressão e ficando mais irritado, Richarlison também percebeu e tentou passar pela minha mão, mas coloquei mais força e ele obedeceu.

— Eu fui expulso do hospital, PERDI meu CRM e vão abrir uma investigação policial, você tem noção disso, Isabela? Eu posso ser preso, caralho! — Ele falou super revoltado, soltou meu pulso e apontou o dedo na minha cara enquanto gritava, ergui a cabeça com alegria por cada palavra que saia da boca dele.

— Isso é ótimo, inclusive, demorou muito, não? — Falei em um tom mais baixo que o dele. — Quer uma água para processar a informação que você matou alguém por ego ferido?

— Isabela, não provoca. — Richarlison falou preocupado, tentou passar de novo, mas firmei mais a mão no peito dele.

— Manda teu namoradinho calar a boca, esse assunto é entre nós dois. — Pedro reclamou, fazendo o Richarlison ficar mais incomodado, olhei para trás e observei o Richarlison. Ele já estava com os punhos cerrados e com a cara de irritado, voltei minha atenção ao Pedro, que me encarava com raiva.

— Realmente é entre nós e agora você vai falar, terminamos o relacionamento e eu baixei minha cabeça para você, não quis confusão e calei a boca, mas agora vamos debater isso, Pedro. — Falei fechando a porta atrás dele e indo até a cozinha, servi um copo d'água pra mim e esperei ele me seguir. Em segundos, Richarlison e o Pedro estavam apoiados do outro lado do balcão.

— Você fugiu porque sabia que tinha roubado uma paciente importante minha, não hesitou em me passar para trás, você fica se fazendo de vítima, fica com essa carinha de "ai, eu sou uma médica tão inocente", mas é uma falsa! — Pedro falou ainda irritado, ele batia o dedo no balcão com tanta força, que daqui a pouco parecia que iria quebrar, ri da fala dele e continuei bebendo minha água.

— Pedro, você lembra seu juramento na formatura? Lembra qual o objetivo de um médico? Pedro, ela pediu a transferência de profissional, você como antigo médico dela, deveria apoiar e aceitar. — Falei calma e me apoiei no balcão. — Me diz, decidiu acabar com uma vida inocente por salário? Por ego ferido? Por orgulho?

— Ódio, Isabela. — Ele falou e deu a volta pela bancada, parando na minha frente. — Você roubou ela de mim, mas doeu por saber que a traição veio de você, alguém que eu confiava, queria que você pagasse por isso. — Dessa vez o Richarlison riu, olhamos confusos para ele.

— Cara, cê perdeu no debate, perdeu o emprego, a Isabela e uma paciente. — Ele falou rindo irônico. — Bom, perder a Isabela me beneficiou, tu não merece essa garota mesmo não. — Ri pra ele, mas logo voltei minha atenção ao Pedro.

— Melhor você ir pra casa, descansar e amanhã procurar um advogado. — Falei tranquila e sorri cínica. — É quase cinco da manhã, Pedro, e você está bêbado.

Pedro parecia aqueles velhos chatos, ele saiu andando de costas até a porta, olhando com cara feia pro Richarlison. Deixei que o Richarlison abrisse a porta pra ele, senti uma risada de vitória enchendo meu peito.

Assim que a porta fechou, comecei a rir e caminhei até o Richarlison, ele estava me olhando de uma maneira confusa por estar rindo.

— Essa foi a conversa mais sem noção que eu tive, mas com a melhor notícia. — Falei tentando explicar o motivo da minha risada, passei os braços pelo pescoço dele, Richarlison me abraçou com força e cheirou meu pescoço. — Isso significa que meu CRM vai voltar.

— Claro, muié. — Richarlison falou me encarando. — A verdade ia aparecer, você vai voltar a provar ser a melhor médica que tem. — Ele falou baixo e sorriu animado.

Admirei ele naquele momento, ele estava genuinamente feliz por isso, fiquei sabendo dessa notícia boa ao lado dele, tendo a chance de admirar esse sorriso dele e de poder compartilhar minha alegria ao lado dele.

— Está mesmo feliz. — Falei baixinho, admirando ele.

— Claro, pô. Sei a importância de ser médica pra você e sua felicidade é a minha agora. — Ele falou sério e colocou meu cabelo para trás da orelha. — Tô orgulhoso de você, Isa.

— Eu te amo, muito, muito, muito. — Falei dando selinhos nele, arrancando uma risada sem jeito dele e fazendo meu coração aquecer com aquele momento. — Não acha que precisamos dormir?

— Que dormir o que, 'rapá? Não vou perder mais nenhum minuto do seu lado, durmo quando morrer. — Ele respondeu sério e dessa vez eu ri.

— Você lembra de uma das nossas primeiras conversas... — Falei mudando de assunto, me soltei dos braços dele e dei uma voltinha de vergonha na frente dele. Ele me olhou confuso, mas com um sorriso nos lábios. — Tinha dito sobre alianças, lembra?

— Cê quer uma? — Ele perguntou rindo animado e já me puxando para um abraço de novo, balancei a cabeça positivamente. — Então você vai ter, amanhã vamos providenciar.

— Vou recolher as coisas da varanda e vamos deitar, fechou? — Perguntei e dei um beijo demorado nele, me afastei de seus braços e quando fiquei de costas, rebolei mais que o normal para ele.

— Isabela, cacete. Não vamos dormir! — Ele falou alto e rindo.

Recolhi os pratos e copos, voltei pra cozinha e deixei tudo lá, Richarlison estava guardando as comidas e assim que terminou, fomos até o quarto para finalmente deitar.

Senti falta de ficar assim com ele, passei a perna por cima das dele e o abracei, ele passou o braço por baixo das minhas costas e começou a fazer cafuné no meu cabelo.

Estava quase dormindo com o cafuné dele, quando ele beijou minha cabeça e sussurrou mais uma vez que me amava, sorri com a pouca força do sono, arranhei fraco o peito dele e balancei de leve a cabeça positivamente.

Ele apagou a luz do abajur e se arrumou na cama de novo, fez mais um pouco de carinho no meu cabelo e finalmente o sono chegou.

...

Com esse capítulo, coloquei um fim na história antiga do Pedro com a Isabela e começo um novo ciclo no relacionamento do Richarlison e dela.
Agora teremos mais maturidade das duas partes e novos desafios também.
Espero que gostem e não esqueçam de votar. 💖

𝙞𝙣𝙨𝙩𝙖𝙜𝙧𝙖𝙢 || 𝘳𝘪𝘤𝘩𝘢𝘳𝘭𝘪𝘴𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora