treze

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Voltei pro consultório e vi o Richarlison dormindo todo torto na poltrona, são 09:00h, ele não quis voltar pro hotel de forma alguma, tentei encher o saco dele ao máximo, mas nada fazia esse homem sair daqui.

Pedi dois cafés e dois croissant para tomarmos café. Coloquei os alimentos na mesa e me aproximei dele.

— Ei, bom dia! — Falei e fiz um carinho no cabelo dele, ele apenas resmungou e juntou as sobrancelhas um pouco. — Vamos tomar café?

— Dormi muito? — Ele perguntou manhoso, ainda abrindo os olhos e logo me analisando. — Você é muito gata! — Ele falou rindo e continuou me olhando, ri com o elogio e puxei a outra poltrona para perto dele.

— Umas duas horas, mas deve estar dolorido de dormir ai... — Falei e sentei na frente dele, ele se ajeitou na poltrona e olhou ao redor.

— Não sei como aguenta fazer isso sempre, é exaustivo! — Ele falou e me observou pegar o nosso café da manhã.

— Eu realmente amo, não posso negar que é exaustivo e não quero exaltar isso, mas é uma coisa que eu escolhi... — Falei e entreguei o café para ele. — Eu durmo em intervalos... e isso é café adoçado, tudo bem? — Perguntei enquanto pegava o croissant, ele balançou a cabeça positivamente e bebeu um pouco do café.

— Mas você não dormiu essa noite. — Ele falou e eu olhei com admiração pra ele. — Está preocupada com a menina, não é? — Ele perguntou e me olhou atento.

— Um pouco, mas também estou acostumada a virar noites assim, não é anormal. — Respondi e ele semicerrou os olhos, ri com a reação dele.

— Quando vamos lá visitá-la? — Ele perguntou e eu o observei alguns segundos.

— Pedi para não levarem o almoço dela, os pais compraram várias besteiras pro jogo... O jogo é 13:00, podemos ir um pouco antes para você conhecê-la, o que acha? — Perguntei já tendo certeza que ele iria concordar, mas fomos interrompidos quando bateram na porta do consultório.

Não estou esperando pacientes e meu bipe não tocou, olhei em dúvida pro Richarlison, ele deu de ombros e bebeu um pouco do café enquanto me observava.

— Podemos conversar? — Mathias perguntou assim que coloquei a cabeça para fora do consultório. — Laura me contou que o tal do Richarlison está ai, eu não ligo, preciso pedir um favor!

— Um favor? — Perguntei curiosa e abri a porta para ele entrar.

Richarlison levantou rapidamente e cumprimentou o Mathias, eles se apresentaram e logo percebi o olhar de julgamento do Mathias no meu consultório.

— Fala logo do quê precisa! — Pedi sem muita paciência, coloquei as mãos no bolso do pijama e observei o homem perto do Richarlison.

— Tenho um paciente que acho que vai se interessar pelo caso dele... — Ele falou e foi até minha mesa, organizou os papéis ali e me chamou para aproximar.

— Querendo se livrar de mais um? Melissa está bem? — Perguntei ironizando ele estar ali, ele me fuzilou com o olhar e voltou a encarar os papéis.

— O nome dele é Luca, ele tem 2 anos e tem linfoma de hodgkin... — Ele começou a falar e me encarou. 

— Dois anos? — Perguntei desacreditada. 

— Os pais trouxeram ele há alguns dias, estágio I. — Mathias continuou a explicar. — Laura me contou sobre seu interesse, se quiser, o caso é seu...

— Laura está colocando você no lugar, estou começando a gostar desse rolo de vocês... — Falei com um sorriso no rosto e ele me olhou raivoso.

— Quer ou não? Não testa minha paciência, Isabela! — Ele respondeu calmo e eu vi o Richarlison se remexer na poltrona.

— Quero, ele está aqui? — Perguntei pegando os documentos da mão dele. 

— Quarto 1003, boa sorte! — Mathias falou e atravessou o consultório. — Agradeça a Laura por isso! — Ele falou e apontou pela "zona" no meu consultório, abriu a porta e saiu.

— Cuzão! — Richarlison reclamou e levantou em fúria. 

— Calma aí... — Falei rindo e indo na direção dele. — Ele é um babaca, mas nada que eu não consiga levar! — Parei na frente dele e abri um sorriso gentil.

A mão dele passou pelo meu rosto e parou no meu pescoço, senti minha respiração acelerar e meu coração palpitar mais rápido, Richarlison abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu e se afastou.

— Vou conhecer o Luca, quer ir? — Perguntei tentando deixar o clima menos tenso, ele passou a mão no rosto e concordou.

Vesti meu jaleco, peguei os documentos do Luca e uma caneta. Saímos do consultório e antes de seguir até o quarto da criança, parei na recepção para falar com a Maria.

— Letícia acordou? — Perguntei e me apoiei no balcão, Maria olhou diretamente pro Richarlison e abriu um sorriso conquistador. — Estou aqui...

— Acordou sim, os pais já trouxeram as besteiras, ela está super curiosa e sem entender o que está acontecendo. — Maria me respondeu e me olhou tentando ignorar a presença do cara ao meu lado.

— Perfeito, vou conhecer um paciente, dar uma estudada no quadro dele e 12:00h passo por lá! — Avisei e fui me afastando do balcão, Maria já estava com a atenção no Richarlison de novo, ri com a cara de envergonhado dele e segui pro quarto.

Assim que entrei no quarto, parei na porta e os pais me olharam confusos, sorri para tentar transmitir mais confiança e olhei pro Richarlison que ainda estava no corredor.

— Vou conversar com os pais, já te chamo, tudo bem? — Ele balançou a cabeça positivamente. — Tudo bem, pais? 

Perguntei e entrei no quarto, vou conversar um pouco com eles sobre o Luca, antes de levá-lo para exames e todas as burocracias que uma doença assim pede.

𝙞𝙣𝙨𝙩𝙖𝙜𝙧𝙖𝙢 || 𝘳𝘪𝘤𝘩𝘢𝘳𝘭𝘪𝘴𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora