Capítulo 29

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Ryder Jenkins

Dois dias se passaram e eu estou completamente aterrorizada. Ganhamos a corrida contra o Scott, foi uma corrida tão rápida e tão fácil que fiquei até entendida, mas não estou em paz. Porque hoje irei ser presa. Não sei como explicar isso ao Damon e não sei se devo. Ah, eu devia um favor ao seu tio, Tom. E ele quer que eu vá pra a cadeia. Será que ele ia aceitar numa boa? O que eu estou falando ?! É o Damon, ele iria pirar! Ele ia gritar comigo. Me xingar . Me fazer milhões de perguntas e então ia aceitar numa boa. Numa boa nem tanto porque ele tentaria resolver a situação com as próprias mãos, então, para o meu bem e para o bem de todos, acho melhor eu continuar sofrendo em silêncio. Não consigo dormir direito por causa da ansiedade. Não consigo pensar direito porque com a traição do Marcos, eu vejo todos como traidores. Se um amigo de infância, que sempre me agradece por eu colocar ele na liga, me traiu. Quem não o faria?!

Levanto-me da poltrona e encaro a fotografia gigante que o Hazel tem dele e do meu pai no centro do seu escritório. Na maioria das minhas madrugadas, eu tenho vindo pra cá, conversado um pouco com o Hazel sobre o passado e depois sim, voltado para o quarto para tentar dormir. A minha cabeça anda a milhões diariamente. Prisões, corridas, traidores, segredos, passados. Eu realmente estou a milhão. Se o meu pai escondia coisas na casa do Hazel, onde ele colocaria? Jamais seria nas passagens secretas porque o Hazel não sabe delas, mas também não seria num lugar óbvio. Encaro a fotografia e reflito várias vezes antes de pensar em tirá-la.

A última vez que encontrei uma passagem secreta foi atrás de um quadro então porque agora seria diferente? Retiro o quadro e me deparo com nada além de uma parede. Suspiro. Seria muita sorte se eu achasse uma passagem secreta aqui. Coloco o quadro de volta no lugar, mas o meu olhar cai na madeira fora do lugar debaixo do quadro. Levanto a tábua e me deparo com nada além de uma seta em vermelho. Olho na direção da seta e olho pra uma parede cheia de livros. Coloco a tábua de volta no seu lugar e me dirijo até à estante. Fico um tempo encarando os livros e tentando puxar a estante para ver se é uma porta. Não é, só para deixar claro.

O meu pai gostava de enigmas. O Hazel disse, ontem de noite, que sempre gostou de jogos. Ok... isso vai ser bem mais difícil que eu achava. Olho com atenção para os livros e tenho duas alternativas. A passagem e A geração— volume II. Encaro as duas e decido retirar a minha segunda opção. Assim que abro encaro um envelope vermelho. Pego-o, coloco o livro no lugar e retiro um papel branco la de dentro.

" Se aves têm asas, elas voem, exceto as galinhas. Se insetos têm pernas, eles andam, exceto as minhocas. Se humano têm cérebro, eles pensam, exceto..."

Nenhum ser humano é privado de pensar, mesmo o mais idiota do mundo, ele pensa nas suas idiotices. Não tem como um ser humano não pensar, exceto se ele rejeitar esse pensamento. Ignorante. Pessoas ignorantes não gostam de pensar, além dali que já tem, por isso são ignorantes, por isso não pensam. Olho ao redor procurando por algo que remeta ao enigma, mas não encontro nada.

Olho pra todos os olhos, apenas cadernos, revistas, livros, um telefone fixo, chocolate, bebidas, e uma estante enorme. Volto o meu olhar para o livro A passagem e o retiro da estante. Abro e vejo que várias páginas do livro foram arrancadas e as páginas que sobraram têm palavras sublinhadas.

Olho
aCordado
Ornitorrinco
Fim de semana
maRgeret
lidEr
famíliA
aTerrorizado
setembRo
delA
protagoniSmo
ouvInte
Doutor
Ovo
Queijo
Uva
pAr
Diretor
maRy
Óculos
hIena
Madalena
Barril
Esquecimento
Civil
pIano
deLa
Trevor.    

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