Capítulo 2

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Damon Russell

Ryder. Ryder Jenkins. No mundo das corridas, esse tem sido o nome mais comentado desde que Trevor Jenkins morreu numa de suas corridas. Todo mundo sabe que foi incompetência da polícia e todo mundo sabe que foi assassinato. O cara iria entrar para a liga mundial se ganhasse aquela corrida, mas foi assassinado no meio dela. Eu estava lá. O meu pai estava do meu lado observando o carro rodar e rodar e rodar até parar numa árvore. Ele tinha morrido. Era óbvio. Assim que o carro parou o meu pai me levou embora. Ela tem sangue de corredora e Marcos Vilanueva não cansa de falar que essa garota foi copiloto dele, ele também não hesita em dar todo o crédito para ela  invés de dizer que foi ele que fez tudo sozinho. Ela era um prodígio à ascensão, sempre ouvia os meus pais conversarem sobre ela, ouvi até uma conversa de casa-la com o meu irmão, porém o pai dela negou ou algo assim.

Além disso, ela parece divertida. Passei o dia inteiro a observando. Usando umas calças jeans velhas, uma blusa branca com as mangas azuis escuro, uns ténis novos e cabelo preso no topo da sua cabeça. Os boatos da liga dizem que a garota é coberta de sorte, o que é meio irónico já que o seu pai morreu por causa da liga. Enfim, dizem que quem conduzir com ela terá o seu lugar garantido na liga. Até pouco tempo atrás, não podiam fazer nada, os corredores com mais de dezoito não podem ter copilotos garotas com menos de dezassete e pelo o que dizem, Ryder Jenkins fez dezassete mês passado ou seja, com a corrida da liga chegando, ela vai ter que arrumar um corredor senão eles vão arrumar para ela.

Saí do reformatório à pouco tempo e o Ivan não quer me deixar fora de nada, é como se ele quisesse recuperar o tempo perdido. Uma coisa que aprendi no reformatório foi a nunca esquecer o reformatório. É uma merda? Porra, pode apostar que sim, mas caralho, as coisas que você aprende lá são de fuder alguém. Fui mandado para o pior reformatório longe de casa, longe de tudo. É no meio do nada aquela merda. O meu pai fez de tudo para não ir para cadeia, mas me mandou para um lugar bem pior que a cadeia. Todos estão querendo agir como se o reformatório não tivesse acontecido. O meu pai saiu do estado para uma viagem assim que sai, os meus irmãos acham que podem cuidar de mim como se fossem minhas babás e a minha mãe quer me mimar e me deixar perto dela. Não vou esquecer o reformatório, eles me marcaram, literalmente, tenho o símbolo do reformatório no meu braço como prova.

Graças à Deus, nunca fui um peão naquele lugar, eu era o Rei. Ou obedeciam as minhas ordens ou acabavam enterrado no descampado do reformatório. Isso tudo porque entrei lá com o sobrenome Russell, com a culpa de ter matado alguém e por causa da briga que ganhei com o rei antigo de lá. Por mais forte que eu era, existia sempre algo que caia em cima de mim. Era a porra de um ciclo vicioso. Você vence, então perde. Era como dar um passo para a frente e três para trás. Fui para o reformatório para me tornar uma pessoa melhor, para refletir sobre o meu crime, mas acabei matando ainda mais pessoas, me tornando frio, cruel e desconfiado e estava liderando a porra de uma gangue quando saí daquela merda.

Foram dois anos naquela merda, mas pareceram muitos mais. Parecia que o tempo não passava, eu só lembrava que o tempo estava passando por várias pessoas doentes iam morrendo. O Velho Bill morreu ano passado e caralho, uma perda todos. Lembro dele contando as suas histórias na adolescência, lembro dos conselhos que ele me dava, lembro em contado da sua história de amor, lembro dele rindo e tirando o cigarro das nossas bocas porque éramos novos demais para isso, lembro dele batendo num policial com uma bandeja por causa de nós. Ele era um idoso. O que era estranho porque estávamos num reformatório, mas colocaram ele lá para aproveitar seus últimos anos de vida onde aquela miséria tinha começado. Lembro do pequeno Jhon, cara, ele tinha doze anos quando entrou, não deu nem um ano, o pequeno Jhon morreu de câncer. Ele era a nossa mascote.

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