Capítulo 39

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Ryder Jenkins

Estamos no refeitório agora. Combinei com o Liam e o Thiago que iria almoçar hoje com o Carapaça para tentar descobrir algo sobre os Escorpiões, obviamente sem os dois. Eu iria fingir que meu pai — Névoa preta — era um Escorpião que foi morto pelo Damon, o Demónio Vermelho. Eu achei o nome do meu pai ridículo, mas o Liam andou investigando e descobriu que Névoa preta era um dos melhores dentro da gangue dos Escorpiões, além de ser o que tinha mais segredos. Ele não contava da vida pessoal a ninguém, ou seja, se ele tivesse uma filha, ninguém jamais saberia por isso eu poderia fingir que facilmente seria ela. O Liam está receoso quanto a isso. Ele diz que o plano é arriscado, sem estrutura e tem 90% de chances de dar completamente errado, porém, o Thiago está mais positivo. Ele diz que o Carapaça irá nos ajudar e que conseguiremos ajudar o Damon assim. Estou em cima do muro, não sei ao certo se esse é o caminho certo, porém é o único caminho, então não há nada que eu possa fazer. Tenho que sair do lugar. Não posso passar muito mais tempo nessa prisão. As corridas vão começar e o Damon não pode correr sozinho. Puder ele pode, eu não quero que ele corra sozinho.

Imagina que eu não saio daqui a tempo suficiente e ele corre contra o Dickson e morre? Não, não, não! Eu mataria o Dickson com as minhas próprias mãos se eu pudesse. O Damon não pode morrer sem me ter do lado dele. Ele não pode correr contra o Dickson sem eu estar do seu lado. Sempre eu e ele, para o bem ou para o mal, será sempre eu e o Damon. Para o bem ou para o mal. Não posso ficar aqui muito mais tempo. Não quero ficar aqui muito mais tempo. Respiro fundo e aperto o tabuleiro nas minhas mãos. Nas quartas, o Carapaça se senta sozinho, supostamente para refletir. Me aproximo e me sento na sua frente, na mesma mesa. O Carapaça brinca com a comida com os talheres, mas assim que me sento, seus olhos pretos se levantam e me olham como se eu estivesse comentando uma espécie de crime. No entanto, seu olhar muda e ele parece mais interessante do que irritado.

Respiro fundo e tento não fazer nenhuma careta quando as suas unhas gigantes arranjam o metal da mesa fazendo um barulho agonizante e insuportável. Sinto o olhar de águia do Liam sobre mim e o olhar cuidadoso do Thiago sobre mim. Parece que eu estou sendo observada por todos os cantos.

Lilith, não é? — pergunta

— Carapaça. Porque esse apelido? — mudo de assunto

— Porque estou tão velho que deveria estar morto.

— E porque não está?

— Porque o diabo não me aceitou no inferno dele.

— O que quer dizer com isso? Está dizendo que está num paraíso? — pergunto surpresa. O Carapaça ri.

— Não, querida. Jamais seria digno para entrar no céu e parece que também não sou competente para entrar no inferno.

— E porquê não?

— Não sei. Terá que perguntar a ele pessoalmente, Hécate.

— Não estou assim tão próxima da morte.

— Então leva a morte às pessoas, mas nunca conversa com ela?

— Eu nunca matei ninguém.

— Aposto que o Carlos viu a morte naquele dia.

— Pense o que quiser, mas eu nunca sujei as minhas mãos com sangue — digo — Diferente de você, não?

— Pois é, menina. Não sou uma boa pessoa. No meu tempo, eu matava milhares como você, infelizmente fui pego é colocado aqui. Fui acolhido e bem... por fim, abandonado novamente. Vai me tirar essa solidão, Lilith?

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