Capítulo 36

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Damon Russell

Finalmente. É a única palavra que descreve o tribulação de emoções que eu estou sentindo. Finalmente estou voltando para Cruz vermelha. Eu não estaria tão ansioso se a Ryder não estivesse lá dentro. Eu posso ter um milhão de pecados. Eu posso ser o monstro desse lugar. Pode me vestir com aquele laranja ridículo. Podem me culpar de tudo. Tenho um monte de demónios dentro de mim esperando a hora exata para saírem. Desde que cheguei em San Marcos não me diverti como me divertia em Cruz Vermelha. Quer dizer... os tipos de diversão são claramente diferentes, mas eu gostava de Cruz Vermelha. Era a porra de um inferno na minha vida, mas era a hora perfeita para libertar os meus demónios. Esse lugar era meu. E somente meu. Qualquer brincadeira que eu fizesse aqui dentro, era considerada normal.

Mas as coisas mudaram, não estou mais em Cruz Vermelha. Estou de volta as pistas e tenho que guardar os meus demónios, voltando para a porra do meu sofrimento em silêncio e sendo submetido a coisas que eu jamais sofreria lá dentro, mas se fosse para conhecer a Ryder, eu faria tudo de novo. Ela é o bem em meio ao meu mal. Ela é a luz em meio a minha escuridão. Ela salvou a minha vida — muitas vezes — eu jamais deixaria de conhecer a Ryder. Poderia esperar tempo que fosse, aguentaria sofrer o quanto que fosse, se eu soubesse que ela estaria do outro lado da merda desse sofrimento, eu me enfiaria nesse ciclo bizarro de emoções e de memórias. Respiro fundo. Eles não me acorrentaram nem me colocaram no uniforme laranja nem me revistaram. Parece que o tal do Liam ainda não me ultrapassou. Continuo reinando em Cruz Vermelha.

As portas do inferno se abrem ecoando um barulho alarmante pelo salão inteiro. Olho ao redor, ainda é cedo, maioria das pessoas devem estar dormindo agora. Vejo um policial encolhido num canto segurando o seu colar na mão. Espero que ele não esteja rezando, isso é demais até para mim. Volto a olhar ao redor e desta vez reparo que os prisioneiros saíram de suas celas para olhar o que tinha feito acordá-los tão cedo. Assim que seus olhos me encontraram, um grande silêncio domina o ambiente inteiro. Me sinto olhado por todas partes. É... eu não sentia falta dessa atenção. Com certeza, não era disso que eu sentia falta. O meu olhar varre o segundo andar procurando pela única garota que existe nesse inferno, mas a minha atenção rapidamente desce para o Yan que desce correndo em direção a mim. Ele não se aproxima muito. As regras continuam sendo as mesmas.

1. Não toque em mim até que eu permite.
2. Nunca jamais me dê um apelido como: Damonzinho, mano Damon, pequeno Damon e várias variações.
3. Nunca ouse chegar tão perto de mim tão rápido. Fique pelo menos três metros longe de mim até que eu te dirija a palavra.
4. Jamais me roube. Eu corto a sua mão, se fizer isso.
5. Jamais tente interagir comigo se eu não quiser interagir com você.
6. Se ousar entrar no meu quarto, sem a minha permissão, saiba que eu vou te matar.

E tem mais algumas — várias — eu era bastante exigente quando se tratava de regras e ninguém pode me culpar, é justo se formos pensar. Eu era um garoto traumatizado pelos irmãos e desconfiava até da própria sombra. As coisas não mudaram muito, continuo traumatizado e desconfiando da minha sombra. O Yan olha para mim com um sorriso rasgando o seu rosto, parece que sou algum Deus. Disso eu sentia saudades, eu admito.

— É você mesmo? É o Damon? Damon Russell? — pergunta incrédulo.

— Quem mais seria, Yan? — pergunto

— Caralhoooo!!! Puta que pariu!! Achei que nunca mais voltaria. Puta merda, é você mesmo. Você, Damon Russell, é você!!

— É sou eu! — exclamo rindo. O Yan talvez seja o único que sobrou da minha época. Ser acusado por quatro homicídios e simplesmente parar num reformatório, ele deveria agradecer por não estar numa cadeia de verdade.

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