CAPÍTULO 7

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Cartões e roupas


No hotel, Sam seguiu junto a Elly até o quarto, cujo espaço era tremendamente pequeno. Felizmente, a garota já estava acostumada com mudanças, e um lugar pouco aconchegante já era rotina para ela.

—— Posso ficar com a cama perto da janela? — Ela pede abrindo ambas as cortinas.

— Por mim tudo bem. — da de ombros.

— Sam, eu posso te fazer uma pergunta? — Elly da algumas voltas pelo quarto checando o corretor repetidas vezes para ter a certeza de que Dean não estava por perto.

— Claro, o que é ? — Ele arqueia uma sombrancelha.

— O Dean não gostou muito de mim não é? — A garota força um sorriso pequeno tentando não se mostrar emotiva.

— Por que acha isso ?

— Ele quase teve um piripaque quando descobriu que tinha uma filha. Além disso revira os olhos quase sempre que abro a boca. — Suspira.

— Escuta Elly. — Sam se senta sob a cama levando as mãos ao cabelo. — Meu irmão não é uma pessoa fácil de lidar, mas ele se importa com você. E com toda certeza não te odeia, você só precisa dar um tempo a ele, até que se acostume com tudo isso.

— Vocês parecem legais... — Ela sorri encolhendo os ombros. — Parece loucura mas só nessas poucas horas que passei com vocês eu conversei mais que falei com minha mãe nós últimos meses. Apesar de morar juntas ela nunca foi realmente próxima a mim, por isso quando estou com as pessoas  acabo falando mais do que deveria. E é extremamente o que estou fazendo agora, falando sem parar... me desculpa.

— Que isso, tá tudo bem. — Sorri Sam. — Você pode falar o quanto o quiser, quando tinha a sua idade eu era assim, o papai me detestava por isso. — Gargalha.

— Tão rindo de que ?  — Dean entra ao quarto sem bater.

— Nada demais, e então o que você descobriu lá embaixo?

— Não muito, só que a filha do casal foi internada por ser considerada "perigosa a si mesma"

— Como é ?

— Aposto que o Potergaist a atacou diretamente, deixou muitas cicatrizes e os imbecis dos pais a mandaram para um internato.

— Idiotas... — Sopra Sam. — Eles nunca acreditam nos filhos.

— Acho que deveríamos falar com ela.

— Vocês vão me lavar com vocês não vão? — Pergunta Elly.

— E por acaso temos alguma opção ? — Dean a encara passivamente. — Você virá sim, mas nem pense em abrir a boca tá entendendo? Não quero estrague tudo.

— só um segundo Elly. — Sam puxa o irmão pelo braço até o lado de fora do quarto com uma careta nada amistosa.

— O que foi agora ?

— Será que dá pra você parar de falar com ela desse jeito ? Ta assustando a menina.

— Assustando? Tá de brincadeira, eu não disse nada demais.

— Só tá olhando pra ela como se tivesse bebido todas na noite passada. Você está no limite, e não pode descontar sua raiva e frustração na garota. Já parou pra pensar que ela é sua filha ?

— Jura Sammy ? Eu ainda não tinha me tocado disso.

— É melhor você parar, por que se continuar agindo desse jeito ela vai acabar fugindo de novo, e dessa vez pra bem longe de nós.

— Tá tudo bem, você tem razão, eu estou com a cabeça cheia de coisas e acabo agindo como idiota. — Suspira. — Mas não pode me culpar, a dois dias atrás eu não tinha ideia da existência dela, e derrepente descubro que tenho uma filha, é muita informação pra processar. — O mais velho chacoalha a cabeça algumas vezes tentando recuperar o foco.

— Tudo bem... — Dean volta ao quarto ficando mudo por alguns segundos. — Elly...

— Que ? — Ela o encara.

— Você... você...

— Qual o problema dele ? Tá parecendo um disco arranhado — Elly da uma gargalhada alta.

— Dean...— Sam da um pisão no pé do irmão que finalmente continua a falar.

— Você... Você não teria uma roupa um pouco mais formal teria ? — Pergunta por fim.

— Não... Na verdade eu não tenho nada. Eu meio que deixei tudo em casa quando estava... Você sabe, fugindo do demônio.

— Se vai vir com a gente vai precisar de outra coisa que não esteja rasgada e coberta de sangue.

Os irmãos terminam de se aprontar vestindo um terno simples e discreto, pegando na bolsa seus falsos distintivos.

A cidade era pequena, e não tinham muitas lojas abertas aquele horário da noite, de modo que a primeira que aparecesse teria de servir de alguma forma.

— Olha, sem querer parecer ingrata — Surra baixo. — Mas quem é Edward Miller? — Elly faz uma careta seria encarando o nome no verso do cartão de crédito o qual Dean a havia entregue.

— Não faço ideia. — Da de ombros.

A garota sabia que a vida dos Winchester se baseava em mentiras conjuntas, mas aquilo de fato não a incomodava, e embora  as vezes batesse um pouco de insegurança, ela tinha certeza que ambos eram confiáveis.

Elly escolhe algumas camisetas simples, calsas jeans e algumas jaquetas também. Seu gosto por roupas era curiosamente parecido com o do seu pai. E embora não demonstrasse, Dean também havia notado este detalhe.

— Isso vai sair um pouco caro, por que nós só não voltamos até meu apartamento e buscamos minhas coisas ? — Pergunta.

— Não podemos! A polícia toda deve estar atrás de você por lá. Além disso o lugar é uma isca e tanto pra te arrastar direto até Azazel. — Responde Sam.

— Não se preocupe com o dinheiro, nem vamos pagar nada mesmo. — Dean da de ombros com naturalidade.

Assim que passou o cartão, o mais velho cuidou de o quebrar ao meio, jogando os pedaços no lixo, deixando Elly boquiaberta.

— Que foi ? — Pergunta.

— Isso não é meio que roubar ?

— Não se não descobrirem. — Da de ombros.

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