ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 22

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Elly

✧ o sequestro ✧

Me senti um pouco frustrada por ser posta de lado outra vez. Mas no fundo pude compreender o motivo de ambos, talvez ficar perto daqueles demônios não fossem mesmo uma boa ideia, por mais que parte de mim quisesse muito caçar.

Castiel não era muito falante. Passou a maior parte do tempo em silêncio, me observando com atenção. Mas ao ver meu rosto sério e talvez um pouco disperso da realidade, sua preocupação se fez presente.

—— No que está pensando ? — pergunta.

—  Só estou imaginando se eles vão precisar de ajuda. — Dou de ombros. — Talvez pudéssemos ajudar.

— Sam e Dean já acabaram com muitos demônios, eles vão ficar bem.

— Você é muito caladão. — falo baixo me debruçando sob a mesa. — E se a gente brincasse de Eu nunca ?

— Eu não conheço esse jogo.

— A é fácil. — Me levanto empolgada indo até a geladeira, pegando três garrafas de cerveja e dois copos pequenos. — Eu vou encher os copos com isso aqui, e faço uma pergunta. — Explico pausadamente. — Se a resposta for sim então você bebe.

— A...o Dean me disse que não deveria deixar você chegar perto da cerveja. — Ele se levanta tomando as garrafas de minhas mãos.

— Mas eu não preciso beber, eu posso só fazer as perguntas. — Sugiro.

— Você está sob minha supervisão, ficar bêbado não seria prudente.

— Qual é Cass, eu tô entediada. — Faço bico.

— Está bem, nós podemos fazer o seu jogo. Mas sem álcool, apenas sim ou não!

Deixo escapar um suspiro de frustração disfarçadamente me sentando novamente a mesa. — Tá legal, melhor que nada.

— O que você quer saber ?

— Hum.... Você conhece Deus?

— Bem, é um pouco complexo.

— Sim ou não ?

— Pessoalmente, não.

— Como assim ? Você é um anjo não é ? Achei que todos os anjos o conhecessem. — Arqueio uma sombrancelha me sentindo perdida.

— Ele nos criou, nós deu atribuições. Depois disso desapareceu. — Fala calmamente. —  Eu nunca tive contato direto com ele, geralmente as ordens eram repassadas de anjo para anjo.

— Como assim desapareceu ? Eu não sabia que Deus podia tirar férias.

Castiel se manteve em silêncio, como se aquele assunto de algum modo o afetasse. Talvez ele se sentisse magoado. No lugar dele, sendo tão próxima do criador, eu também me sentiria.

— Bom, vai ver ele precisa de um tempo pra arranjar as ideias. — Falo em tom de brincadeira. — Pensa comigo, esse mundo é uma droga.

— É, talvez. — ele sorri. — Mais perguntas ?

— você tem namorada ?

Castiel arregala os olhos com minha pergunta, ficando completamente imóvel.

— Eu sei que é uma coisa bem pessoal, mas sempre quis saber se os anjos tem namorada. — Dou de ombros. — Ou... namorado.

— Aaa eu... Eu — Antes que ele pudesse responder minha pergunta, um alto barulho vindo ao fundo dos corredores do bunker chamou sua atenção. Que logo, imediatamente foi verificar do que se tratava.

— Fique aqui, eu volto logo. — Ele sai às pressas empunhando em mãos um tipo de espada longa e afiada.

— Ótimo, agora não vou saber a resposta. — Bufo apertando as mãos contra as bochechas. — Anda logo Cass, deve ter sido ratos. — Grito impaciente.

Como qualquer outra pessoa, eu tinha inúmeras qualidades, mas obediência com certeza não era uma delas...E com a terrível demora de Castiel, e o alto som de um grito agudo vindo do fundo, meu instinto de curiosidade e preocupação não me deixaram ficar de fora.

Pouco a pouco e cautelosamente, me aproximo da origem do som, dando de cara  com um tipo de símbolo estranho pintado na parede.

— Isso é....isso é sangue. — Falo baixo passando o dedo sob a Marca estranha, sentindo um leve arrepio na espinha.

— Fique tranquila, não é do Castiel. — Aquela voz rouca e familiar faz meu coração palpitar cada vez mais rápido.

— Crowley...

— Olá querida. — Ele sorri. — O que acha de dar uma voltinha ?

— O que você fez com o cass ? — Pergunto irritada.

— Ele está bem, só o mandei de volta pro céu. — da de ombros. — É claro que isso não é permanente, então o quanto antes sairmos daqui melhor fica!

Eu não sabia como agir, não tinha nenhuma arma que pudesse usar contra ele, e embora conhecesse alguns sigilos de proteção, não teria tempo de os desenhar. De modo que minha opção era correr, fugir pra o mais longe que pudesse, ou alcançar o telefone.

Acelero os passos pelos corredores como se minha vida dependence daquilo, por que realmente dependia. E como bruxaria, ele aparecia em minha frente, não importava onde fosse.

— Sério garota ? Correr do rei do inferno. — Pigarreia.

— Por favor, por favor não me machuque. — Sinto um terrível pânico tomar conta, minha respiração saia falha, como se algo estivesse entre minha garganta. A sensação era terrível, apavorante... E naquele momento, eu percebi que a vida de caçador, não era exatamente o que parecia.

— Te machucar? Eu jamais faria isso.

E quando sua grandes mãos tocam os meus ombros, percebo toda estrutura do bunker desaparecer, dando lugar a um quarto escuro e tenebroso, cujas paredes de pedras velhas e cobertas de mofo exalavam um cheiro terrivelmente forte.

— Desculpe o cheiro de enxofre, é mais comum do que você pensa no inferno.

Inferno...eu estava no inferno?

— O que você quer de mim ? Eu não sou útil, não sirvo pra nada. — Gaguejo. — Além disso prometeu que ajudaria, você disse ao Dean que lhe daria o colt, disse que ajudaria a matar Azazel.

— E quem disse que não vou ? — o observo atentamente enquanto serve um tipo de bebida escura em um copo de cristal. — Eu te ofereceria um pouco de whisky, mas acho que seu pai não vai gostar se beber.

— O que você quer ? — Pergunto me recostando contra a parede.

— Antes de mais nada quero que saiba que nossa relação é extremamente profissional e passiva. Eu não pretendo matar o alce ou o esquilo, muito menos você! Só o que eu quero é que possamos ser bons amigos. O que me diz ?

— Eu não acredito em você. — Rosno.

— É claro, eu também não acreditaria. — susurra. — Mas pode apostar, você vai mudar de ideia.

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