CAPÍTULO 16

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✧Tal pai, tal filha ✧

Elly

Sabe quando seu corpo está cansado, mas sua mente parece não estar a fim de descansar ? Era exatamente como eu estava me sentindo naquela noite!

A viagem até o bunker, as enxaquecas, Crowley, Azazel... Tudo aquilo contribuiu para que uma terrível sensação de ansiedade não deixassem com que eu fechasse os olhos.

Tive medo de baixar a guarda, medo que quando abrisse os olhos mais uma vez estivesse presa em uma masmorra qualquer, sendo torturada por demônios ou fantasmas.

Quando todas as luzes do lugar se apagaram, aproveito a situação para dar uma volta pelos corredores. Evito ascender as luzes para não despertar os rapazes, então ascendo uma pequena vela, iluminando cada passo dado.

Talvez aqueles livros tivessem as respostas que eu queria, mas a maioria deles estavam em um tipo de língua estranha. Na verdade eu nunca se quer tinha visto uma caligrafia como àquela, até parecia coisa de outro planeta.

—— Aposto que essas escadas vão pra algum lugar interessante. — Falo sozinha descendo até um tipo de sala de treino.

Haviam algumas armas sob um balcão, e inúmeros alvos no fim da extensa quadra. Era um tipo de lugar usado para treinar pontaria, e é claro que despertou minha curiosidade...

— Será que esse lugar é a prova de ruídos ?

— Você sempre teve costume de falar sozinha ? — Dean entra no cômodo fazendo com que meu coração quase saltasse pela boca.

— Oh, céus. — Suspiro. — Eu acordei você?

— Eu não estava dormindo! — Responde. — O que faz aqui ? Devia estar na cama.

— Eu não consegui dormir... Sei que vocês garantiram a segurança do lugar mas eu fiquei com medo de pegar no sono. Então sai pra explorar um pouco até chegar aqui. — Dou de ombros.

— Quer aprender a atirar? — Fala quase que de uma só vez, me deixando confusa se estava afirmando ou fazendo uma  pergunta.

— O que ?

— Perguntei se você quer aprender a atirar! — Repete calmante.

— Eu adoraria. — Dou um sorriso grande me sentindo empolgada.

— Tá legal. — Dean puxa uma das alavancas da sala acendendo as luzes do local.

Não imaginei que depois de todas as tentativas de me manter longe daquilo ele de fato estaria disposto a me ensinar como manusear uma arma. Talvez fosse uma coisa boa, talvez significasse que estivesse confiando mais em mim... Ou talvez estivesse realmente com medo que fosse necessário.

— Não se empolga muito não, é mais difícil do que você pensa. — Ele insere alguns cartuchos em um revólver pequeno o colocando devagar em minhas mãos. — Mantenha seus ombros retos e olho no alvo. Não coloque o dedo no gatilho até ter a certeza que vai atirar.  Precisa manter os braços firmes entendeu ?

Eu nunca tinha segurado qualquer tipo de arma de fogo em mãos. Mas vê-lo falar daquela forma fez parecer tudo tão fácil... Jurei que quando apertasse o gatinho iria acertar em cheio, mas ao invés disso fui jogada para trás com o impacto do tiro.

— Minha nossa. — Suspiro.

— Eu disse pra deixar os braços firmes...

— Foi mal, eu acho que não prestei muita atenção nessa parte. — Gaguejo. — Tento outras vezes, uma atrás da outra, até esvaziar o cartucho, mas nenhum dos tiros chegou perto do alvo.

— Mais que droga. — Sopro frustrada. — Acho que não nasci pra isso.

— Deixa de besteira, você é uma winchester! É claro que nasceu pra isso. Olha só... — Ele pega o revólver de minhas mãos o recarregando mais uma vez.

— Você não pode ter medo de atirar, precisa ter certeza que vai acertar o inimigo, dessa forma. — Ele realiza três disparos seguidos que acertam a cabeça do alvo. — Viu só?

— Isso não vale, você só acertou por que é mais alto. — Resmungo.

— heim ?

— Deixa pra lá. — Chacoalho a cabeça repetidamente pegando outra vez o revólver em mãos.

— Vem cá, deixa eu ajudar. — ele coloca suas mãos sob as minhas me ajudando a mirar no alvo de um jeito mais prático. E quando finalmente aperto o gatinho, o disparo vai em cheio no meu objetivo, fazendo com que eu soltasse um grito de alegria. — ISSO.

— Continua! — Ele me incentiva afastando suas mãos pouco a pouco, de modo que estivesse atirando sozinha outra vez, mas dessa vez acertando todos os disparos. Bom...quase todos...

— QUE INCRÍVEL. — gargalho alto o arrancando uma expressão de satisfação.

— Viu só, eu disse que conseguiria.

— Valeu Dean... — Sorrio olhando para uma escopeta que estava sob a mesa.

— Não, não, não... Depois você prática mais um pouco, por hoje chega de tiros!— Ele Intervém cortando minhas esperanças.

— Está com fome ?

Assinto positivamente o seguindo até a cozinha, comendo um hambúrguer improvisado o qual ele mesmo havia feito. E para minha surpresa, estava uma delícia.

— Você já foi cozinheiro? — Pergunto de boca cheia.

— Que? Não...

— É que isso aqui tá muito bom.

— Meu pai passava muito tempo na estada quando Sammy e eu éramos crianças. Então eu cozinhava pra gente na maior parte do tempo. — Da de ombros.

— gostei só seu colar. — Falo observando o estranho amuleto em seu pescoço.

— A ... Foi um presente do Sam. Você quer mais alguma coisa?

— Não obrigada. — sorrio engolindo o último pedaço do hambúrguer. — Aí Dean, acha que pode me ensinar como me defender dos monstros amanhã?

— Uma coisa de cada vez, eu não quero encher sua cabeça com essa coisa. Pretendo fazer de tudo para que você tenha sua vida de volta um dia.

— Mas a única forma de me afastar disso tudo seria ficando longe de você e do tio Sam. E eu não quero isso ... Não quero ficar sozinha outra vez.

A verdade é que eu havia me apegado a aquela família mais do que poderia imaginar, e não passava pela minha cabeça a possibilidades de ter que continuar sem eles ao meu lado.

Mesmo que a ideia de ter um pai caçador ainda fosse um pouco confusa, eu o admirava de várias formas possíveis. E faria qualquer coisa só para ser igual a ele.

— Eu quero ser como vocês! Quero aprender a caçar, quero acabar com tudo de mal que sonda o mundo. E quero vingança pela minha mãe...

Dean não faz nenhuma oposição quanto a minhas palavras, talvez por que entendesse meu sentimento...

— É melhor voltar pra cama...

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