CAPÍTULO 42

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✧Vai ficar tudo bem✧

Elly

Eu sabia que havia feito uma promessa a mim mesma, que iria tentar solucionar o caso da mulher de preto, e com sorte... ajudar a salvar algumas vidas...

Mas depois daquele maldito dia eu já não tinha mais forças para nada, nem mesmo vontade de sair da cama...

—— Elly, posso entrar? — Escuto Dean bater duas vezes a porta.

— Pode. — Respondo abraçada ao meu cobertor.

— Oi. — Ele sorri colocando uma bandeja ao lado da cama. — Você não apareceu pro café da manhã então eu pensei em te trazer alguma coisa. Tem torta de chocolate, cereal com leite e um pouco de bacon também...

— Valeu pai, mas eu não tô com fome.

— Tem certeza? Por que essa torta parece tá com uma cara ótima... olha só, ela ta até com um rosto feliz! — Ele pega um pedaço com o garfo fazendo algumas gestos engraçados tentando me animar de alguma forma.

Dou um sorriso fraco apenas para que ele não se sentisse desapontado com seu esforço. Mas eu realmente não tinha estômago pra nada...nem menso para a Torta mais apetitosa de todas.

— Olha Menininha eu entendo se não quiser ir pra escola, mas você precisa comer. Você não apareceu pro jantar e agora também não quer café da manhã...vai acabar ficando doente.

— Eu tô bem, só quero ficar na cama.

— Eu sei que você tá mal, e não precisa fingir que não está. Mas vai ficar ainda pior se continuar aqui dentro o dia todo sem comer nada. —  E eu não quero ter de correr com você pro hospital de novo, já foi um susto bem grande da última vez.

— Pai... — Suspiro profundamente me sentando sob a cama. — Eu acho que não tenho salvação.

— Como assim, do que está falando?

Eu não sabia como tocar naquele maldito assunto sem me debulhar em lágrimas, muito menos como dizer isso sem parecer uma pessoa ruim. Mas guardar aquela coisa comigo estava me consumindo, e de uma forma ou de outra eu teria de encarar a verdade mais cedo ou mais tarde.

— Lá, no beco... Eu desejei que minha paranormalidade funcionasse, desejei que aquele homem morresse. E até tentei me concentrar de alguma forma, mas não aconteceu nada... Eu não consegui fazer nada pra me salvar, e se você não chegasse...

— Ei, não pensa mais nisso tá bem ? — Ele coloca suas mãos em meu rosto fazendo com que o olhe. — Não tem que ficar remoendo memórias ruins, nem buscar respostas pra uma coisa que não entende. — Não interessa se esses malditos poderes só aparecem quando querem, só o que importa agora é que você está segura. Está em casa, e aquele imbecil não pode mais te machucar.

— Eu sei, obrigada. — Dou um sorriso fraco.

— Bom, se você não vai pra escola e também não quer comer, me deixa pelo menos tentar te ensinar uma coisa legal. — Ele me estende sua mão direita estampando um grande sorriso no rosto. — Vai ser incrível, prometo.

— Ta bem... — Mesmo que meu corpo não tivesse forças, e nada dentro de mim despertasse qualquer ânimo, decido aceitar sua proposta, na tentativa de talvez conseguir ocupar a mente com algo que não fosse ruim...

O sigo até os fundos do bunker no mesmo lugar onde treinamos com armas pela primeira vez.

— Eu prometi que íamos continuar treinando outro dia, e acho que você já tá pronta pra tentar com a escopeta.

— É Serio ? — Pergunto com um pequeno sorriso.

— É isso aí. — Responde me entregando a arma.

— Irado...

— Elas tem um alcance muito menor do que um revólver ou qualquer outra arma de cano longo, então se vai usar uma escopeta precisa estar perto do alvo. Se lembra do que eu disse da última vez?

— Não coloque o dedo no gatilho até ter certeza que vai atirar, e esteja preparada pro impacto do tiro. — Repito confiante.

— Essa é minha garota! Manda bala.

Eu até podia tentar me esquivar daquela coisa, fingir que queria tudo como antes. Mas a verdade é que aquela vida me atraia, ser caçadora era algo que estava em meu sangue...

É claro que eu também apreciava algumas coisas na vida comum, como ir a escola, fazer amigos e poder dar uma volta no shopping sem me preocupar se tem um demônio na minha cola.

Mas... talvez conciliar as duas coisas não fosse tão difícil assim.

Quando apertei o gatilho da escopeta foi como se alguém tivesse badalado um sino bem no meu ouvido. O som Era extremamente alto, e por um segundo me deixei tomar um grande susto.

— Minha nossa. — Suspiro.

— Tá tudo bem ?

— Tá, eu só não esperava que fosse tão alto assim.

— Com o tempo você acaba se acostumando. — Da de ombros. — Mas olha só, até que você foi bem. — Ele aponta paga o alvo o qual eu tinha acertado um pouco a esquerda do meio principal.

— É, considerando que foi meu primeiro tiro com ela, até que não fui tão ruim. Toma, tenta você. — Sorrio lhe entregando a arma.

— Eu ?

— Eu sei que você já é ótimo e com certeza vai acertar todos os tiros, mas eu acho que vou me sair melhor se observar como você faz.

— Se você tá dizendo. — Ele recarrega a arma rapidamente realizando os disparos com muita velocidade. Eu mal tive tempo pra conseguir observar muita coisa, mas diferente de mim ele não usava as duas mão para segurar a arma.

— Maneiro. — Suspiro. — Minha vez!

Quando percebe que eu estava prestes a atirar usando apenas uma mão ele não leva mais que dois segundos para intervir. — Opa, é melhor você não segurar ela assim.

— Ué mas você segura.

— Eu sei, mas eu já tenho mais prática, você não vai aguentar o impacto com uma mão só.

— A é então olha isso aqui. — Aperto o gatilho sem pensar duas vezes sentindo o meu braço voltar com grande velocidade para trás. O disparo acaba atingindo uma das lâmpadas que acidentalmente se quebra quase que sob as nossas cabeças.

— Ops ... É, eu acho melhor segurar com as duas.

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