CAPÍTULO 32

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✧ A lenda da cidade ✧

Com o fim do primeiro horário Elly seguiu até o refeitório junto a alguns dos outros estudantes.

Para ela, a parte de fazer novos amigos não era um problema, contanto que não tivesse que se despedir pouco tempo depois.

No entanto, conseguir conciliar amizade, estudo e sobrenatural, poderia ser um grande problema...

—— Eu estou dizendo cara tinha uma coisa naquela floresta, e não era humana. — Um dos alunos da faculdade entrou quase que aos berros no refeitório chamando a atenção de Todos a sua volta.

— Claro, por que o Gasparzinho adora dar voltas e voltas por aí. — O amigo dele debocha fazendo com que todos sorriam.

— Dane-se. — Rosna. — Digam o que quiserem, podem voltar lá se quiser mas eu tô fora.

É claro que aquele cenário de caos imediatamente chamou a atenção de Elly, que discretamente seguiu o garoto até o banheiro.

— Idiotas, são todos um bando de Idiotas. — Ele suspirava forte encarando seu reflexo no espelho.

Enquanto observava a cena, por acidente Elly acaba pisando em um pedaço de plástico jogado ao chão, o que provocou um pequeno ruído... — Merda. — Ela pensa.

— Quem tá aí ?

O rapaz vai até a porta se certificando de que não havia ninguém o observando. Felizmente, Elly conseguiu agir depressa e dar o fora do local antes mesmo de ser vista.

— Ufa, essa foi por pouco mesmo. — Suspira recostada na parede do banheiro feminino.

— Tava espionando aquele garoto? — A voz de Layla fez com que Elly desse um grande salto.

— Que isso garota, tá querendo me matar ? — Suspira com a mão ao peito.

— É que você saiu correndo feito maluca e depois eu te vi indo pro banheiro dos garotos. Achei que estivesse com problemas. — Da de ombros.

— Vem cá sua vó também não te contou que é feio ficar seguindo as pessoas ?

Layla se sente constrangida encolhendo os ombros rapidamente. — Tem razão... — Suspira. — Mas pera... Você não acabou de fazer isso com aquele garoto?

— Xiii fala baixo. — Elly coloca sua mão sob a boca de Layla assim que percebe um barulho vindo do corredor.

— Eu estou dizendo, tinha alguém me espionando, e quando olhei não tinha nada lá. — A voz do rapaz vinha do lado de fora do banheiro.

— Você já está ficando obcecado, devia ser algum pivete do fundamental. Tá achando mesmo que era um fantasma ? Fala sério...

Sem que nenhum dos dois pudesse perceber Elly se inclinou sob a parede junto a Layla observando a discussão discretamente.

— Eu não sei, e se aquela coisa me seguiu ? E se ela saiu da floresta ?

— Deixa de ser idiota Brayan. — Grita. — NÃO EXISTE ESSA COISA DE FANTASMA.

— É mesmo, e como você explica isso ? — O garoto arregaça a manga de sua blusa revelando um tipo de marca estranha. Era escura e possuía a forma de uma mão.

— Fala sério, fez maquiagem no braço ? — O amigo pergunta.

— Maquiagem ? Acha que estou inventando tudo isso ? — Gargalha.

— Eu acho que você está ficando maluco!

Os garotos saem do corredor ainda discutindo, sem notar que estavam Sendo observados. Layla se sentiu assustada diante da cena, e imediatamente começou a soluçar.

— Aí meu Deus, você viu só aquilo ? — Gagueja. — ele tinha a mão do demônio no meio do braço.

— O que ? Não era a mão do demônio. — Elly revira os olhos. — Não existe essa coisa de Fantasma, nem de demônio, agora vamos voltar pra aula.

É claro que Elly sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas não queria envolver Layla naquela história. Pelo menos não por enquanto

— Se não acredita então por que estava espionando ele ? Minha vó sempre disse que o demônio é real.

— Escuta aqui, já chega tá legal ? chega de falar da sua vó. — Sopra. — Isso aqui é muito sério, e eu não quero que faça mais nenhuma pergunta a respeito.

A garota permanece muda alguns segundos, apenas encarando o rosto sério de Elly. — Hum... você é bem estressada.

— Foi mal, é que se eu não gritar parece que você nunca vai parar de falar.

— Tudo bem. — Sorri. — Na verdade tô até mais tranquila agora. — Ou não...

O rosto de Layla estava estranhamente mais pálido que o comum, suas mãos tremiam como um liquidificador, sem contar sua respiração extremamente alterada e ofegante. — Aaaa fala sério. — Sorpa. — Não posso ser a única a estar com medo.

— Medo ? Você parece estar em completo pânico, isso sim.

— Você viu a marca no braço dele, ouviu o que eu ouvi...vai me dizer que também não pensou na lenda ?

— Lenda ? Que lenda ? — Elly aperta suavemente a sobrancelha prestando máxima atenção nas palavras da garota.

— A mulher de preto é claro! a quanto tempo tá na cidade ?

— Não muito... — Elly puxa Layla pelo braço a levando de volta até o banheiro feminino, se certificando de que não havia sido seguida por ninguém. — Me conta tudo sobre essa lenda.

— O que ? Não a gente não pode conversar agora, o sinal já tocou.

— Não importa, é meu primeiro dia aqui, podemos inventar qualquer desculpa. — Da de ombros.

— Eu tenho uma reputação sabia ? Não posso manchar as minhas notas. Além disso não foi você mesma quem disse que essa coisa de demônios não existe ?

Elly deixa escapar um suspiro longo levando as mãos em seu rosto. — Tá legal, você tava certa, demônios existem.

— EU SABIA. — ela grita empolgada por estar certa. Mas sua  felicidade não demora muito para se transformar em um choro de desespero. — Aí meu Deus...aí meu Deus, demônios existem, eles existem. — Resmunga aos prantos. — Vamos morrer, vamos todos morrer.

— Fala sério... — Suspira Elly. — Fica calma tá bom ? Vê se para de chorar.

— Eu não posso, vamos morrer vamos todos morrer. Eu nunca nem beijei ninguém antes. — A menina começa a andar de um lado para o outro pelo banheiro entrando em completo pânico.

— LAYLA! — Elly da um grito agudo acertando um tapa no rosto da menina que imediatamente se paralisa. — ACORDA! não pira tá bem ?

— Ok. — Suspira. — Eu acho que tive uma crise de Pânico. — Valeu, me sinto bem melhor.

— Sério ?

— Nãooo — Soluça entrando em prantos mais uma vez.

— Fala sério....

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