•all the way back | Tony Stark•

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Tema: sad.

TW: menções de estupro. Inspirado no filme "Uma Garota De Sorte".

—O que acha desse?— mostrei um forro de mesa em um tom tão claro de azul, que parecia branco.

Ele sorriu me admirando.

Conheci Tony através do meu trabalho investigativo para o New York Times. Fiquei sabendo por uma de minhas fontes que um dos executivos da Indústrias Stark era um assediador, e um dia fui até a empresa para entrevistar o dono. Para a minha surpresa, Anthony realmente se dispôs a ajudar, e conseguiu gravar uma confissão que rendeu um documentário para mim e cadeia para aquele desgraçado.

Mesmo depois de tanto ser convidada por Tony para um jantar, fiz questão de saber separar as coisas. E, feliz ou infelizmente ele não desistiu e acabou trocando a ocasião chique por um jantar com comida tailandesa na minha sala no prédio do NYT.

Sendo sincera, não demorei muito para me apaixonar por ele. As nossas noites devorando morangos com chocolate enquanto observamos a lua no terraço do Complexo dos Vingadores foram perfeitas e inesquecíveis. Namoramos por dois anos, quando ele me pediu em casamento e eu aceitei. O que os leva para o momento do começo.

—Me lembra do picolé, vamos escolher outra cor.— ele pegou o tecido da minha mão e jogou no sofá ao seu lado.

—Tony.— o dei um olhar severo. Sua postura, antes desleixada, se ajeitou. —Não quero nada rosa. O que acha de amarelo?

O entreguei uma amostra do tecido.

—É a sua cara.— ele revirou os olhos.

Separei então a palheta de cores com a organizadora que foi embora logo depois. Tony me arrastou para o quarto, manhoso.

—Vem cá.— ele deu duas batidinhas no espaço vazio ao seu lado, na nossa cama.

Suspirei e me arrastei preguiçosamente. Deitei e abracei seu corpo, sentindo um beijo na minha testa e suas mãos fazendo cafuné na minha cabeça.

Sua mão esquerda deslizou pela lateral do meu corpo, o que me fez levantar em um impulso.

Parei e fiquei apenas o olhando. Ele parecia frustrado e confuso.

Dois anos e dois meses com Tony Stark sem sexo uma vez. Isso era o motivo da confusão visível em seu rosto.

—Tony, eu-

—Você tem nojo de si mesma ou algo assim?— ele se levantou. —Porque eu sei que não é assexual.

Seus braços se cruzaram. Se repente seu olhar não era mais de frustração. Ele parecia meio triste.

—Acho que talvez seja melhor se sentar.— ele o fez e eu respirei fundo. —Já se perguntou por que eu trabalho com jornalismo investigativo?

O fitei nos olhos.

—Porque é curiosa?— ele deu de ombros.

—Se eu fosse delegada, policial ou advogada, sempre os veria sair da prisão depois de algum tempinho. Aquele tempo não faz diferença para eles.— girei a aliança em meu dedos. —Eu fiz jornalismo para contar histórias reais, crimes reais, que sempre acontecem nesse mundo podre. Publicar um artigo é uma forma de deixar aquele acontecimento registrado para o resto da história.

Respirei fundo. Era aqui que tudo piorava.

—Quando eu estava no ensino médio, durante o meu segundo ano, teve uma festa. Meu melhor amigo na época, Jason, me convenceu a ir com Kate, minha melhor amiga.— limpei as lágrimas e foquei minha respiração. —Colocaram um "boa noite cinderela" no meu copo e me estupraram. Três fundidos do time de natação se receberam enquanto eu estava desacordada. A pior coisa foi quando eu acordei, meu corpo não se movia e eu fui obrigada a assistir tudo enquanto implorava para pararem.

𝑴𝑨𝑹𝑽𝑬𝑳, 𝒊𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆𝒔 𝑰.Onde histórias criam vida. Descubra agora