A Arte de Amar

Capítulo 01- Antonella

Tem certeza de que você deseja fazer isso Antonella?

Já perdi as contas das diversas vezes que Maluh, vulgo minha melhor amiga fez-me essa pergunta. Será que ela não percebe como isso é importante pra mim?!

- Sim Maria Luiza, é o que mais quero nesse momento.

- Ok. Mas depois não diga que eu não avisei.  Ela dá de ombros, sem nenhuma emoção.

- Olha,isso não é o fim do mundo ok?! Eu só  comprei um apartamento sem que minha família soubesse, e reformei ao meu gosto, e já lhe disse que irei contar no jantar de amanhã.

- Você apenas esqueceu que sua família é completamente louca quando diz respeito a sua segurança certo?! Ainda mais, devido a tudo que você passou.

Ela realmente não está do meu lado.

- Porque você não fica do meu lado, só dessa vez ok?!

A expressão que Maluh faz, me dá certeza que ela não está acreditando no que acabei de dizer.

- Antonella não venha me dizer que eu não fico do seu lado, todos da sua família acha que esse apartamento é meu, que você apenas está me ajudando a reformar.

Eles nem se quer imaginam, que você está de mudança garota.
E você me diz que eu não fico do seu lado.

-Ok...
Desculpa por isso, eu só preciso de espaço, algo que não estou conseguindo porque eles não me dão. 
Foram momentos difíceis, que ainda está em mim, mas, eu preciso viver a minha vida.

-  Você a cada dia se distancia Ella!
Nunca se quer  você sai com sua mãe, ou passa um tempo com seus irmãos, seu pai mesmo sente sua falta, e olha que você mora com eles. Imagina quando você se mudar?

 A forma que Maluh me olha, faz me senti impotente, ela nunca se quer exigiu de mim uma explicação, sempre me deu espaço, porém nunca me abandonou, mesmo eu me tornando tão fria.

- Eu não vou me afastar, mais do que já estou amiga, só quero um tempo para me senti" Eu" de novo.

- Tudo bem...
Mesmo com o surto de todos, tenho certeza de que eles irão entender. Agora me prometa, prometa que não vai se esconder do mundo. Tu é incrível e precisa entender isso.

Seus olhos esperançosos lançados a mim, é algo que sempre vejo vindo dela, e farei o possível para atender a seu pedido.

-Prometo que tentarei minha maluca de cabelo rosa.
Pisco pra ela que ri da forma que a chamo.

- Até quando tu vai ficar me chamando assim hein?

- Até quando você mudar para outra cor de cabelo. Debocho de sua cara.

- Então não vai ser tão cedo,até porque eu curtir meu cabelo assim. E você deveria fazer o mesmo , mudar o visual.

- Não meu bem, estou ótima assim.
Olhei-me no espelho do meu novo quarto, enquanto Maluh se aconchega em minha cama, mexendo em seu celular.

-  O que você vai fazer pra comermos?
Ou vai ligar pro restaurante?
Eu estou acabada depois disso tudo que fizemos aqui sabia?

- Para de drama, você comeu um sanduíche só faz 10 minutos criatura.

Ela me olha com pura frustração.

- Eu não sei por que ainda sou sua amiga sabia Antonella. Aquele sanduíche não matou minha fome, e você ainda roubou meu último pedaço.

Já conheci muitas pessoas dramáticas, mas, como Maria Luiza, tenho certeza de  que não existe.
Ela me olha com os olhinhos do gato de Shuek.

-Certo! Vou ligar para o restaurante ok?
Daqui a uns 30 minutos nossa comida chega.
Agora levanta da minha cama que seu quarto é no outro corredor.

-  Não ligo!  Sua cama é melhor que a aquela que está no meu quarto.
Olho incrédula pra ela que mexe em suas unhas.

- Você não existe! Você titulou que aquele quarto é seu, e ainda reclama da cama?!

-  Só estou comentando, quem está fazendo drama agora hein?!
Já lhe disse que eu não vou deixar você sozinha, virei sempre lhe visitar, e pode comprar meu sorvete.
Essa garota não existe, riu da sua cara de sapeca.

-  Certo! Sei que você não vai me deixar em paz mesmo, obrigada por isso. Você foi a única que não desistiu de mim.

- Lembra do juramento que fizemos quando fomos visitar aquela cidade no interior da Itália a pedido do chato do seu irmão?

Como não lembrar daquele dia, foi épico.
A cena que fizemos invadindo um dos  palco que continha alí.

- Lembro! Até porque nós bebemos tanto que fomos obrigada a se retirar do bar, porque subimos no palco errado.

- Você me disse que ali era onde estava acontecendo o Karaokê,mas fora a bebedeira, e a discusão que arrumamos com o dono do Bar.
Foi ali que juramos proteger uma a outra.

-  E estamos fazendo isso até hoje.
Ela me olha com ternura, e eu sei que ela pensou no que aconteceu comigo a anos atrás.

- Você cuidou de mim quando meus pais morreram no acidente.

Sinto o peso de suas palavras, ao lembrar da fatalidade que ocorreu com seus pais.

-  E assim sempre será!
A abraço, Maluh pode demonstrar ser durona quando é em relação a mim, mas, eu sei o quanto ela é sensível a tudo isso que  ela passou e até mesmo comigo também.

- Sempre será MagreElla!
Ela ri sabendo que eu odeio que ela me chame assim.

- Sem sorvete por sua gracinha.
Minha casa, minhas regras.

-  Isso é o que nós vamos ver!
Ela sai em disparada a cozinha, e corro atrás dela por saber que ela já está pegando os sorvetes que comprei pela manhã.

Mesmo com tudo que aconteceu comigo, e da proteção exagerada de minha família.
Eu sei que querem apenas o meu bem
,mas eu preciso desse espaço, preciso me encontrar, porque me sinto vazia e ninguém pode mudar a forma que eu me sinto.
Apenas o tempo, e mais nada.
Seja forte Antonella.
Espero que pelo menos isso você consiga fazer.