Cap 7: Foice Escarlate

49 7 0
                                    

Andamos até alguns sofás um pouco mais afastados da área de dança.

- Estou curioso, deu um fora bem dado no outro homem e quando eu apenas me apresentei já quis me arrastar para ficarmos a sós - Lincoln diz sorrindo

- Fiquei curiosa sobre você, de onde você é, Lincoln?

- Do Norte, do Sul, de vários lugares.

- É minha primeira vez aqui na boate, mas você parece bem familiarizado com tudo - falo sorrindo

- Venho aqui muitas vezes - diz e vira um copo de whisky - Mas e você, princesa?

- Nascida e criada aqui.

Ele riu.

- O que você deseja saber? - pergunta - Já passei por essa situação várias vezes para saber que você quer alguma informação e não sexo.

Respirei fundo contendo meu nervosismo.

- Eu... Quero que me leve até o líder da Foice Escarlate

Lincoln ficou em silêncio, virou mais um copo de bebida e riu.

- Olha só... Mas que situação - diz - O que te faz pensar que eu conheço alguém da Foice Escarlate?

- A tatuagem no seu pulso esquerdo.

Ele cobriu um pouco mais o braço.

- Você é linda, uma pena que seja uma espiã - fala e antes que eu percebesse havia uma arma apontada para mim, estava escuro demais para que alguém visse e ajudasse.

- Não sou espiã, eu tenho assuntos para resolver com Chevalier.

Lincoln sorriu desafiador.

- Como consegue se manter tão calma, eu posso puxar o gatilho a qualquer momento - ele sussurra no meu ouvido, o cano frio da arma encosta na minha testa

"Porque tem um vaso de planta ao nosso lado" pensei, ainda assim estava nervosa.

- Porque eu realmente preciso falar com ele e você é minha única chave - digo

Rezei para que tivesse convencido Lincoln, até que enfim ele abaixa a arma.

- Você é gostosa, mas é maluca - diz

- Vai me levar?

Ele me encara

- Gosto da sua determinação - fala - E vai ser uma emoção interessante de se ver.

Arregalei os olhos. Eu havia conseguido.

- Que horas partimos? - pergunto

- Agora mesmo.

Dito isso, Lincoln se levantou, guardou a arma e puxou as chaves (provavelmente de sua moto), do bolso.

- Eu vou só...

- Não, você não vai avisar sua amiga, ou terei que matar ela - ele me impede - Já me agradeça por concordar em te levar na base da maior gangue da cidade, vamos agora ou nada feito.

- Certo, vamos.

Lincoln me guiou por um corredor que levou até uma porta escondida atrás de um armário. A porta de abriu automaticamente revelando uma área que dava acesso para uma floresta ao lado da boate, logo na frente da porta estava uma moto estacionada.

Ele subiu em sua moto e a ligou.

- Suba - diz estendendo um capacete, apertei a alça da bolsa, porém peguei o capacete, o coloquei e subi na moto.

Lincoln deu a partida e seguimos por dentro da floresta. Não havia um caminho definido, então apenas rodamos através de trilhas e árvores. A cada segundo eu sentia meu nervosismo aumentar... Pelo menos estava perto da terra caso fosse necessário uma medida mais drástica. Algum tempo se seguiu, por volta de 50 minutos de moto, até que o guia diminuiu a velocidade. Olhei por cima de seu ombro e arregalei os olhos ao ver uma espécie de entrada secreta se abrir perto de uma árvore, Lincoln acelerou passando pela entrada que se fechou logo em seguida.

Seguimos mais um pouco até sairmos em uma área depois da floresta, Lincoln diminui novamente a velocidade tornando uma viagem levemente mais agradável.

- Ainda estamos na cidade? - sussurrei

- Sim, mas em uma área que ninguém vem há anos, faz parte da propriedade do líder.

- Não achei que me contaria tão fácil.

- Você não vai sair desse lugar viva de qualquer forma - falou rindo - Chegamos.

Arregalei os olhos mais uma vez, estávamos diante de uma espécie de casa de um andar só, mas que era bem grande em largura. E o principal, havia muita gente ali, por toda parte era possível ver alguém passando fazendo alguma tarefa ou simplesmente parado conversando. Havia uma única porta imensa na entrada, aonde o símbolo da Foice Escarlate estava esculpido em madeira com as duas foices pintadas em vermelho.
Engoli em seco, me preparando para o que iria enfrentar.

"Éder" pensei, a mesma raiva de sempre começou a subir, me dando forças para aguentar seja lá o que tivesse que passar.

Lincoln estacionou a moto, nós dois descemos, tirei o capacete e entreguei a ele. Conseguia ouvir os cochichos dos membros da gangue por verem um rosto estranho em seu território.

- Por aqui princesa, mas já aviso, pode não gostar de conhecer pessoalmente seu querido Gael.

- Obrigada por me trazer aqui.

Ele apenas sorriu e andou até a porta, o segui. Havia um homem parado ao lado da porta, ao me ver ele arregalou os olhos, uma expressão de ódio e raiva o tomou.

- Lincoln Evans, que porra é essa? Quem te autorizou a trazer suas prostitutas para a base? - o homem diz

- Ela não é uma das minhas, a garota veio ver o líder.

O homem me encarou de cima a baixo.

- Se qualquer um que quisesse ver o mestre viesse até aqui assim, isso seria um puteiro e não o local mais procurado da cidade ou até mesmo do país.

Lincoln deu de ombros.

- Garanto que não morrerei esta noite, senhor rabugento - falo, embora nem eu mesma sabia tinha certeza disso.

Ele riu.

- Você não é a primeira a inventar gravidez ou dizer que é apaixonada no mestre se pensa que isso vai permiti-la v...

- Garanto, que não morrerei esta noite. - repeti firme

Lincoln sorriu.

- Minha parada é aqui, daqui em diante você está por conta própria no salão dos monstros da Foice Escarlate - ele diz em seguida se vira e anda em direção a sua moto - Foi bom te conhecer, princesa

- Valeu, Lincoln - digo

O homem na minha frente revirou os olhos.

- Vê se não suja demais o chão de sangue quando morrer, acabaram de limpar - ele fala e abre a porta.

Respirei fundo mais uma vez e entrei, o homem veio logo atrás fechando a porta e fazendo um barulho alto.

Todos ali dentro olharam para mim. Me senti sufocada... Era um corredor único, no fim dele era possível ver três degraus e um homem sentado em um sofá vermelho no topo. Abaixo dele, no segundo degrau haviam mais dois homens parado um de cada lado do líder.

- O senhor tem visita, grande líder - o homem que abriu a porta para mim zombou

Andei pelo corredor, as várias pessoas estavam armadas até os dentes, o símbolo da Foice Escarlate estava por todos os lados. Tentei manter a postura, mas àquela altura eu só queria acabar logo com aquilo.

"Agora se ele vai me ouvir... É que é o real problema" pensei mais nervosa do que nunca, chegava até pensar em como que um humano iria me ajudar e se era realmente necessário continuar arriscando tudo para tentar conversar com ele.

Assim que cheguei perto do local permitido, vários membros da gangue nas proximidades apontaram suas armas em minha direção. O homem que havia aberto a porta e me seguido, me obrigou a ajoelhar a força.

O homem sentado no sofá ergueu o rosto, exatamente como na foto da reportagem, exatamente a mesma expressão de quando invadiu o salão... A expressão inconfundível que trás o fim de qualquer pessoa, o olhar que marca a morte de suas vítimas, o de Éder Encantia.

ENCANTIA: A Ninfa e o Príncipe RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora