Cap 8: Gael Chevalier

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O encarei nos olhos, não iria abaixar a cabeça para o homem que perseguiu minha família.

"Por mais que essa seja outra versão dele, ainda assim não consigo olhar para ele sem lembrar do príncipe" pensei

- O que significa isso? Por que esta mulher está aqui? - um dos homens ao lado do líder diz.

Gael Chevalier continuou em silêncio apenas me encarando como se eu fosse insignificante.

- Lincoln a trouxe até aqui, ela diz ter algo a tratar com o mestre - o homem fala

- É urgente... - falo, mas logo em seguida um dos membros que estavam apontando a arma pra mim acerta um chute nas minhas costas me fazendo cair para frente.

- Vasculhem a bolsa dela - o outro homem ao lado do líder ordena e uma mulher se aproxima começando a puxar brutalmente minha bolsa, não deixo ela tomar de mim e a mesma me acerta no rosto.

Acabo soltando a bolsa, a mulher abre a mesma e espalha as coisas no chão. O livro de contos cai com a capa virada para cima.

- Não... - digo

- Calada! - o homem da porta gritou

- Trazer uma desconhecida até aqui, é o mesmo que trazê-la até a morte, o que Lincoln tinha na cabeça? - o mesmo homem que havia ordenado abrir a bolsa fala suspirando

- Chevalier - gritei - Eu tenho algo a te falar.

- Diga então - o homem da direita fala cruzando os braços

- Precisa ser a sós - digo já prevendo meu fim com aquela frase.

Todos ali riram

- Você acha mesmo que Gael Chevalier, o líder da Foice Escarlate vai ter uma reunião particular com você, só porque você quer? Vê se acorda pra vida, ruivinha ingênua - a mulher que havia aberto minha bolsa fala rindo

Olhei para o líder, que ainda me encarava porém com um ar de divertimento dessa vez. De novo, estava servindo de piada para aquele homem. Cerrei o punho.

Haviam árvores do lado de fora da casa, se me lembrava bem....

"NÃO! Não posso usar minha magia aqui!" Pensei, precisava me controlar, tinha que falar com Éder.

- Já basta, matem ela - o homem da direita diz

Arregalei os olhos, os membros tocaram nos gatilhos, olhei para uma das janelas, não ia ter jeito...

- Parem - a voz de Gael soa calma, ele tinha a mesma voz, a mesma voz que cruzou as paredes do salão na minha cerimônia da Marca Celestial...

Ao ouvirem a voz do líder todos abaixaram as armas. O líder se levantou do sofá e desceu os degraus, andando em minha direção. Estava esperando que sacasse uma arma e me matasse ele mesmo, mas olhei surpresa ao vê-lo pegar o livro do chão, olhar a capa por alguns segundos antes de me encarar.

- Você me chamou a atenção, estou curioso sobre uma coisa - ele diz - Me siga, te levarei até a minha sala.

- ESPERA O QUÊ? - os dois homens que estavam no segundo degrau gritaram

O líder apenas olhou para eles e os mesmos voltaram às suas posições.

- Ouviram o chefe - a mulher diz com uma expressão séria totalmente diferente de segundos atrás rindo da minha cara.

- Seja breve, é bom que não tome demais o meu tempo - Gael fala e estende a mão para mim, me levantei sozinha ignorando sua ajuda.

- Pode ter certeza que não vou tomar... - falo

Ele me olha com um olhar indecifrável e abre um sorriso desafiador. Todos no corredor voltam aos seus afazeres e o homem que havia aberto a porta sai de fininho voltando também ao seu posto. Me abaixo novamente para pegar a bolsa.

- Não vai pegar as coisas da sua bolsa? - Gael me pergunta arqueando uma sobrancelha

- Ah eu n-não preciso de nada além disso - falo pegando o livro de contos e enfiando na bolsa

Logo em seguida ele se vira e anda em direção a uma saída camuflada, eu o segui pensativa... Até que me lembro de uma coisa, meus pais, meus irmãos... Todos usavam os mesmos nomes que em Encantia, assim como eu... Então por que Éder era o único que não usava?

"Devo arriscar?" Penso

Entramos na sala e o líder trancou a porta, olhei ao redor procurando alguma planta de garantia, pois somente naquele momento a ideia de ser tudo uma armadilha me veio na mente.

Gael se virou para me encarar. Recuei um passo.

- Não precisa ficar tão nervosa, não vou te morder - ele fala rindo mudando completamente seu humor

Arregalei os olhos ficando com ainda mais medo.

- Como é? - falo

Ele cruza os braços e me encara.

- Linda.

- O que? - digo surpresa

- Você é linda.

- Ah, obrigado, eu acho...

O líder andou em minha direção, recuei mais alguns passos por precaução.

- Adria... Belo nome - ele diz sorrindo

- Espera... COMO VOCÊ SABE MEU NOME?

- A verdadeira questão é o que uma ninfa faz aqui.

Arregalei os olhos.

- Então você sabe... - sussurrei - Príncipe Éder.

- Ninguém me chama por esse nome há anos - fala rindo - O que você quer comigo, Adria...

- Primeiro me diga como sabe meu nome... - sussurrei - Ah menos que... Tenha sido você, foi você quem invadiu o salão...

- Não sei do que está falando.

- COMO NÃO? VOCÊ DESTRUIU O DIA MAIS IMPORTANTE DS MINHA VIDA! QUASE MATOU MINHA FAMÍLIA - berrei me enchendo de raiva, lágrimas se formaram em meus olhos.

- Se acalme.

- ME ACALMAR? - gritei e em um ato de impulso ergui uma mão na direção dele, minha energia percorreu agitada assim que o brilho esverdeado começou a emitir pela sala o líder ergue a mão com a palma aberta, um círculo mágico dourado aparece na frente de sua mão.

De repente, correntes surgem do chão e começam a me enrolar, me prendendo completamente.

Arregalei os olhos.

- Magia... - sussurrei - É você mesmo! Como um humano poderia usar magia? Você é o desgraçado que quase matou minha família, por sua culpa todos eles estão em perigo... Como... Você estava morto... Eu vi o seu corpo!

A raiva começa a diminuir dando lugar a apenas memórias ruins daquele dia.

- Perigo? Espera um pouco... - ele falou e andou até mim

Como ainda estava presa pelas correntes não consegui me afastar. Éder segurou meu rosto com uma das mãos e com a outra tocou minha testa com o polegar, lentamente ele passou o dedo pelo meu rosto, senti sua magia percorrer meu rosto suavemente como um véu.

- Você não trocou de lugar? Como isso é possível? - diz recuando em choque

- Trocar de lugar?

- Adria, não sou a pessoa que você disse ter invadido o salão...

- O que? Mas você é...

- Sim, eu sou Éder Encantia.

- Então...

- A pessoa que provavelmente invadiu sua cerimônia e pelo visto está morto, é minha versão humana - fala - Já fazem mais de 6 anos que eu troquei de lugar com ele.

ENCANTIA: A Ninfa e o Príncipe RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora