Cap 39: Abismo

36 5 0
                                    

- O que aconteceu aqui? - sussurrei sem acreditar.

Minha cidade estava destruída. As árvores estavam escuras como se tivessem sido queimadas. Os arbustos estavam se despedaçando aos pouco, as flores que iluminavam a cidade estavam mortas deixando a capital mais escura.

Haviam Matrocchianos mortos em alguns locais.

Minhas mãos tremeram.

- O Último Fim... Já conseguiu destruir tudo isso?

Andei pela rua deserta e destruída. Os encantinos estavam encobertos com uma prisão de raízes de árvores, ainda paralisados. As criaturas pequenas que antes se mexiam estavam completamente imobilizadas. As plantas estavam todas murchas e quando se encostava, elas se desfaziam. Eu não conseguiria usar minha magia ali com tudo morrendo.

Conforme eu andava, uma sensação ruim me tomava conta.

De repente, tive uma onda de tosse e algo escorreu da minha boca. Limpei com a mão e quando olhei, meu coração disparou de medo.

Era sangue.

- Tem algo de errado - murmurei - Magia?

O sangue na minha mão secou imediatamente, escureceu e se desfez em poeira, exatamente como as plantas.

Ergui o olhar e o que mais me deu calafrios até então surgiu, o palácio, que mesmo de longe, era possível ver que estava em ruínas. Coberto por raízes pretas de árvores que engoliam o resto das estruturas.

Paralisei em choque.

- Gael... Me diga que isso não foi você - sussurrei, olhando tudo horrorizada.

O ar parecia querer me sufocar, a magia obscura sobre o lugar me contaminava lentamente por dentro.

"A magia de Destruição?" Pensei.

Comecei a repensar se realmente queria reencontrar o príncipe de Encantia.

- Preciso fazê-lo parar - falei em voz baixa, mas não consegui sair do lugar - Mas que droga, não consigo parar de ter pensamentos... E se ele nunca foi para o mundo humano por que quis? E se foi banido por ser um perigo para o reino? Ele... Ele odeia esse lugar.

"Eu o trouxe diretamente para cá"

Porém, quase que instantaneamente tudo o que havíamos passado passou pela minha cabeça.

- Não - murmurei - Depois de tudo... Não é possível que ele tenha feito de propósito.

"Primeiro eu preciso encontrá-lo" pensei.

Cerrei o punho e me virei, voltei para minha casa e entrei correndo até o escritório do meu pai. Peguei o livro de magias da floresta e comecei a procurar por entre as páginas até achar a magia que ativaria uma proteção na casa.

Assim que encontrei o feitiço, o ativei e fios esbranquiçados quase que transparentes rodearam a casa. Esperava que a magia deixada pelo meu pai para emergências suprisse a magia de Gael para que eu pudesse encontrá-lo sem que aquilo me afetasse ainda mais.

- Se eu não puder te encontrar, saberá que estou de volta? - digo, disposta a tentar enquanto estendia a palma da mão aberta sobre o chão da sala.

"Na teoria, meus poderes devem ser mais fortes aqui, não é? Logo eu posso aguentar mais tempo com o suposto chamado" pensei.

Fechei os olhos e me concentrei, deixei minha energia fluir pelo corpo. Respirei fundo e lentamente meus sentidos começaram a se esvair do meu corpo e se espalhar pelo chão, percorrendo todo o solo numa velocidade assustadora. Senti meu rosto queimar com o aparecimento da minha marca, o que me incentivou a ir ainda mais afundo. Quando eu parecia estar me aproximando de algo senti uma presença, algo que parecia estar parado, um calor familiar me percorreu ao passar pela pessoa.

ENCANTIA: A Ninfa e o Príncipe RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora