Cap 10: Dívidas

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Descemos do carro. Pude ver algumas motos pararem não muito longe.

- Por que todos estão escondidos? - sussurrei

- Você nunca viu uma briga de gangue nessa cidade não é?

- Eu nem sequer sou dessa realidade - falo

Ele sorriu determinado

- O líder sempre faz a abertura - diz, logo depois me entrega uma arma, a pego meio sem saber o que fazer - Não recomendo que você entre na briga, mas vai precisar disso.

Assenti, já olhei para a vegetação do lugar caso fosse necessário.

- Pode ser que tentem explodir o carro, então vá por trás daquele prédio, deve ter uma escada que leva para a área mais segura - o príncipe fala gesticulando discretamente

- Certo, vossa alteza.

Ele me encarou irritado, eu apenas sorri e corri para detrás do prédio seguindo as instruções que ele havia dito. O príncipe sacou sua arma e andou tranquilamente para dentro do beco. Dei a volta no prédio, encontrei a escada, estava prestes a subir quando um miado me faz parar pra alguns segundos, me virei vendo um pequeno gato acinzentado surgir de detrás de algumas caixas de papelão, o acariciei e subi as escadas. Pela estrutura não ser muito alta consegui ter uma visão boa do beco sem ser percebida.

- Boa noite - Éder falou

Todos as pessoas de uniforme se viram.

- É ELE! - um deles berrou

- O CEIFADOR VERMELHO! GAEL CHEVALIER! - outro berrou - MATEM-NO!

Vários membros da gangue rival começaram a correr na direção do príncipe que desviou dos ataques.

- Vocês mexeram com a gangue errada - ele fala, ergue a arma e atira para o alto, o som da bala cruzando o céu ecoou e imediatamente várias pessoas da Foice Escarlate surgiram gritando, uma briga feia começou a acontecer.

Arregalei os olhos vendo tudo aquilo, uma verdadeira batalha acontecia.

- Mas o que temos aqui? - escutei, me virei rapidamente e apontei a arma

Era uma garota, membra da gangue rival. Ela estava com uma arma maior que aninha apontada em minha direção.

- Você não parece ser da Estrondosa - ela diz rindo - Muito menos da Foice Escarlate.

"Nunca usei minha magia para combate" pensei um pouco nervosa "Mas pelo menos tive muitas aulas de atletismo e defesa pessoal para desviar dos ataques dela"

- Você não devia estar aqui - a mulher continua - Todos aqueles que passam pelo fogo cruzado, tem o mesmo destino.

Sem pensar duas vezes eu puxei o gatilho e atirei, a mulher fez o mesmo, desviei a tempo. No entanto, meu ataque foi certeiro na perna dela.

- SUA VADIA DESGRAÇADA! EU IA ATÉ TE POUPAR, MAS DEPOIS DISSO... - ela berrou

Corri pelo telhado do prédio.

- Vocês lutam por motivos idiotas - digo - Vingar seu chefe? O que a vingança vai trazer de bom?

Na mesma hora que eu disse aquelas palavras, percebi o que realmente havia dito. Eu mesma tinha me movido por vingança desde o começo.

- O lindo vermelho do seu sangue vai combinar com o símbolo deles - a mulher gritou atirando, desviei de alguns ataques e alguns outros passaram de raspão.

- Droga - murmurei olhando meu braço sangrar.

Minha adversária se aproximou extremamente irritada. Olhei para a beirada do prédio e sem pensar duas vezes eu pulei.

Éder arregalou os olhos ao me ver. Usei as paredes do beco e uma pequena sacada para me ajudar a impulsionar até chegar no chão (Bem no estilo parkour).

- Não é tão diferente das árvores de Encantia - digo

- Adria! - o príncipe alerta

Me viro a tempo de desviar de um ataque de outro cara de uniforme. Parti para a luta exatamente como minha mãe havia me ensinado, acertei socos poderosos nos rostos dos meus adversários, chutes. Acabei acertando alguns membros da Foice Escarlate também, pois como a maioria não sabia quem eu era acabavam vindo para cima também.

Depois de uma incessante briga, todos os inimigos estavam no chão.

- Seu maldito! Seu demônio! Você ainda vai ser caçado e morto! - o revolucionário que estava comandando a gangue rival no lugar do falecido líder gritou.

Éder se aproximou dele.

- Todos sempre falam a mesma coisa - ele fala simplesmente e atira no homem.

Recuei alguns passos, não consegui conter meu medo. A expressão no rosto dele era a mesma...
Em seguida, ele ergue o rosto e me encara, sua expressão muda para um sorriso inocente.

Arregalei os olhos com a mudança rápida de humor que ele possuía.

"Toamarei cuidado.... Não posso confiar nele, querendo ou não, ele ainda é Éder, o príncipe tirano" pensei

O mesmo homem da portaria se aproxima rapidamente de Éder e diz algo em voz baixa, ele arregala os olhos e responde algo sério, o homem assente e sai correndo.

- O que aconteceu? - pergunto me aproximando

- Um novo devedor, vou resolver isso - diz recarregando a arma

- Seja breve por favor, já tive o suficiente de adrenalina por um dia.

- Ele tem o nome parecido com o seu inclusive, por isso fiquei tão surpreso quando ouvi... Acho que é Adam Faulkner...

Arregalei os olhos

- Espera, o que? - sussurrei - Repete o nome... E me diz esse negócio com mais detalhes

- Adam Faulkner, ele é... Uns três anos mais novo que eu acredito, de todo jeito está me devendo uma alta quantia... Vou matá-lo e acabar logo com isso.

- Não! - gritei

O príncipe me encarou exigindo uma explicação.

- Como não? Esse cara me deve, desculpe se você vive em um mundo de flores mas aqui esses inúteis tem que pagar.

- Não é isso, vossa alteza... Esse inútil é meu irmão - falo tremendo

- Ele é um Ectoria?

- Não, a versão humana... Bom, ainda continua sendo meu irmão já que né... Você entendeu.

- Senhor, as motos estão prontas para seguir para a casa do devedor, recebemos a informação de que ele e a família estão todos lá - um dos homens que estavam no segundo degrau do corredor da casa da Foice Escarlate diz se aproximando

Éder olhou para o homem em seguida para mim.

- Eu faço qualquer coisa - sussurrei desesperada - Cadê a sua honra, alteza?

Lentamente, o príncipe abriu um sorriso cruel.

- Dimitry, avise os outros que Adam Faulkner quitou sua dívida comigo e mande uma mensagem dizendo que eu aceitei de bom grado o pagamento dele - Éder diz ao homem que assente e sai sem questionar

- Pagamento? - falo confusa

Éder segurou uma mecha do meu cabelo e a beijou.

- Você - diz

ENCANTIA: A Ninfa e o Príncipe RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora