Cap 35: Flor da verdade

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— Esse lugar realmente não traz um ar muito agradável — sussurrei enquanto Gael procurava uma porta escondida nos fundos do palácio (Segundo ele era mais seguro).

— Você ainda não viu nada, gatinha — falou antes de puxar sua arma e atirar na tranca da porta, abrindo-a de uma vez.

Gael e eu entramos no castelo. O castelo que eu vi de longe durante toda a minha vida e que me parecia tão ameaçador quanto eu imaginava.

Um frio na barriga me dominava enquanto eu andava por aquele corredor que não parecia ter fim.

Olhei discretamente para o príncipe, ele parecia mais calmo do que quando estávamos vindo mas ainda não estava totalmente tranquilo.

"É o lugar onde ele viveu antes de ir para o mundo humano" pensei. "O que será que ele deve estar sentindo?"

Por onde deveríamos começar a procurar... Talvez a biblioteca? — indaguei

— Uma boa ideia — ele respondeu — Se me lembro bem, ela fica em algum lugar... Pra lá da sala do trono.

Andamos pelo corredor grandioso até a parte da frente, passando pelo impetuoso salão do trono real. Arregalei os olhos ao ver dois tronos vermelhos, decorados com esmeraldas verdes e roseiras sem espinhos.

Por toda a sala o brasão da família real era presente e pelas paredes haviam pinturas de membros da família.

Gael não esboçou nenhuma emoção ao passarmos por aquela imensa sala. Mas eu parei para olhar uma das fotos na parede. Arrepiei ao ver quem era.

— Príncipe Éder — sussurrei.

Ali estava a foto da pessoa que invadiu minha cerimônia com suas roupas de príncipe e o cabelo mais claro. A expressão séria do quadro me dava calafrios.

— Já tinha me esquecido dessa expressão — comentei em voz baixa e me virei pronta para continuar andando, porém parei ao perceber que Gael havia reparado que eu estava olhando para o quadro.

Seu rosto estava sério, exatamente como no quadro (foi até bizarro).

— A biblioteca é ali — disse simplesmente antes de andar até uma das portas escuras no corredor e abrir sem a menor delicadeza uma delas, revelando uma enorme biblioteca com prateleiras de cima a baixo. Computadores de última geração desligados por toda parte.

— Uau — murmurei entrando e passando a mão por entre os livros.

Bem no centro do lugar havia uma estátua da árvore de Encantia, igualzinha à da vila.

— Eu ouvi boatos de que somente o rei podia entrar na biblioteca — comentei animada.

Voltei a olhar o lugar, corri por entre as prateleiras, decoradas com musgos e pequenas plantas. O castelo inteiro tinha uma aparência clássica. O que o tornava absurdamente lindo e mágico.

— Toda a história de Encantia está aqui — continuei falando enquanto analisava alguns livros — Você acha que vamos encont...

Assim que me virei para a porta, arregalei os olhos ao perceber que o príncipe havia desaparecido.

— Gael? — o chamei olhando ao redor, logo depois corri até a porta e saí pelo corredor — Chevalier? ÉDER!

Paralisei ao chegar novamente na sala do trono. O príncipe estava parado diante dos tronos.

— Eu achei que podia esquecer dessa sensação... Que podia fingir que nada disso existia... Magia, coroas, monstros... Encantia — sussurrou e ergueu lentamente a mão com a palma aberta, o som de rachaduras ecoou lentamente enquanto vinhas douradas cobriam a parede aos poucos  — Ele estava bem aqui e eu podia... Ter arrancado a cabeça dele... Eu podia ter feito algo e aquele desgraçado... Todos eles.

ENCANTIA: A Ninfa e o Príncipe RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora