Nosso Recomeço

17

Letícia

Bruno: Me perdoa Letícia por favor! — falou trêmulo ajoelhado no chão, chorando desesperado. Olhei pra ele não acreditando que tudo que saiu da sua boca esse tempo todo, podia ser mentira. As juras de amor, nossos planos, dos filhos, ele jogou fora como se eu não tivesse sentimento.

Bárbara: Vamos Letícia! — me puxou fazendo eu olhar pro Breno, onde o mesmo segurava o Bruno e a Kamila estava sentada ao seu lado no chão, chorando muito.

Bruno: EU TE AMO LETÍCIA! — gritou se levantando. — ME SOLTA BRENO! — gritou irritado empurrando ele.

Eu não queria escutar mais nada, não queria ver mais nada, eu só queria sumir e arrancar meu coração com a mão. Tirar essa dor que estava consumindo meu peito, não tendo estrutura emocional pra ficar mais nem um minuto aqui.

Saí correndo dali escutando o Bruno gritar comigo e Breno mandando ele se acalmar. Bárbara alcançou meus passos e entramos no carro que já esperava a gente, querendo somente sumir nesse mundo sem olhar pra trás.

Ela me puxou pra deitar em seu peito, me fazendo cair no choro. Eu estava vivendo o pior dia da minha vida, o pior momento que eu jamais acharia que poderia acontecer. Eu nunca imaginei sentir a dor da traição!

Motorista: Você quer uma água? — falou sem graça e a Bárbara concordou.

Peguei a água bebendo devagar, tentando controlar a minha respiração que estava desregulada. Eu estava tão perdida, minha mente estava bagunçada e meus olhos inchados de tanto chorar.

Meu celular não parava de tocar, mensagens chegando uma atrás da outra, só vi Bárbara pegando ele botando no silencioso e guardando em sua bolsa.

O uber parou na barreira e eu nem tinha forças pra descer do carro, parecia que meu corpo pesava feito pedra, que não movia um passo se quer.

Motorista: A água não moça. — falou para Bárbara, que estava acertando a corrida com ele. — Por minha conta! — piscou pra gente e ela só pagou agradecendo em seguida.

Desci do carro sentindo meu corpo pedir socorro, eu queria gritar, chorar, arrancar esse sofrimento dentro de mim. Bárbara me abraçou carinhosamente e fomos caminhando até a entrada, vendo o Lele se aproximar todo preocupado.

Lele: O que acon... — nem deixei ele terminar. Me joguei em seus braços, fazendo o mesmo me segurar e eu se aconchegar no seu colo. — O que aconteceu Letícia? — perguntou nervoso fazendo eu olhar pra ele, mas voltei a esconder o meu rosto em seu pescoço, deixando o choro tomar conta novamente.

Eu não queria tocar nesse assunto, eu não queria relembrar aquela cena na minha cabeça, eu estava me sentindo perdida, como se alguém tivesse enfiado uma faca em meu coração.

Bárbara: É melhor a gente subir, em casa a gente conversa. — falou pra ele, que concordou com a cabeça sem falar nada.

Fui subindo o morro abraçada nele, me sentindo acolhida ali. Eu queria tanto não acreditar na cena que eu vi, mas era impossível. Doeu perfeitamente em mim, nos gestos, nas palavras, no beijo, em toda cena de amor.

Se alguém tivesse me contado jamais eu acreditaria, mas foi nítido, foi tão real que eu nem consigo assimilar meus pensamentos.

As palavras do Bruno pra ela, a felicidade dela, as alianças, era tudo que eu sonhei um dia com ele. Eu sonhei tanto que esse dia iria chegar, que eu caí de um pedestal tão grande, que só eu que não enxerguei, que eu estava prestes a cair feito uma pata.