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Letícia

Letícia: Eu já falei pra você, que eu não quero você ligando pro seu pai sem minha autorização! — apontei meu dedo indicador pra ele bem brava, onde Bernardo concordou com um semblante triste.

Bernardo: Desculpa mãe, eu só queria falar com ele. — cruzou os braços de cabeça baixa, sabendo que ele é somente uma criança, só que ele não tem que mexer no meu celular sem meu consentimento.

Me sentei na cama respirando fundo, olhando pra parede não querendo descontar um pouco do meu estresse no meu filho. Eu sei que eu estava assim por conta da situação que aconteceu ontem, onde estava me atormentando o dia inteiro aquelas cenas de nós dois.

Letícia: Agora desce pra jantar que sua vó tá te esperando. — falei olhando de relance pra ele, que desceu da cama e em seguida sumiu do quarto.

"Para de fugir de mim"....

Bem que eu queria. Queria sair correndo feito louca sem olhar pra trás, mas algo me puxava de volta, dizendo que eu estava muito bem perto dele. Mesmo eu negando pra mim mesma, eu sentia minha barriga girar, minha mente dar um pani e meu coração acelerar descontroladamente por tudo em relação a esse homem.

Essas palavras estavam gravadas na minha mente, não entendendo o porque eu ainda deixo ser comandada por esses pensamentos.

Por fim, desci pro andar debaixo, vendo Léo e Tata sentados juntamente do meu filho e da minha mãe. Eles conversavam baixinho sobre algo, fazendo os mesmos pararem de falar quando eu brotei na cozinha.

Letícia: Pode continuar, fingem que nem me viram aqui! — sorri falsa, deixando Léo gargalhar da minha cara.

Maria Paula: O que está acontecendo com você hein Letícia? — me encarou séria, fazendo eu olhar pra ela sem entender. — Qual o problema do menino falar com o pai caralh...? — parou de falar, sabendo que já ia soltar um palavrão, onde seus olhos estavam firmes na minha direção, me repreendendo sem entender da cena dela.

Letícia: Não é questão dele falar com o pai! — neguei me alterando. — E sim, porque mexeu no meu celular sem eu deixar! — falei olhando de relance pro Bernardo, que me olhava perdido.

Maria Paula: Ele é apenas uma criança! — apontou pra mim. — E o que você tem que resolver, se resolva com o mesmo! Não quero você brigando com o menino, por conta de coisas mal resolvidas entre vocês dois! — ri sem ânimo pra ela, sabendo que a questão era ele ter feito algo sem eu deixar e não por falar com o imbecil.

Letícia: O filho é meu! — apontei pra mim. — Bernardo tem que aprender o que é certo e o que é errado, não pode sair mexendo no que não é dele! — falei firme, perdendo totalmente a fome.

Me levantei deixando meu prato lá, subindo pro meu quarto com o choro na garganta. Eu estava com os meus sentimentos todos bagunçados, além de certas coisas não se encaixarem na minha vida. Eu só queria tirar essa dor cruel do meu peito, a dor de ser trocada por aquele que eu tanto amei, aquela dor insuportável de não conseguir perdoar.

Me escorei na janela vendo a noite linda, deixando as estrelas invadir aquele céu maravilhoso. O barulho de várias músicas, de crianças gritando e de geral festejando, invadiam aqueles becos e vielas da favela do Cantagalo.

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