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Letícia
Dias depois...

Eu precisava acordar pra vida e voltar pros estudos, que já tinha começado meses atrás, só que eu ainda não estava bem pra voltar. Então só empurrei com a barriga, mas sabendo que isso só dependia de mim.

Grávida ninguém iria querer me contratar pra trabalhar, até porque minha mãe não deixou, pediu que eu focasse no importante que era terminar o terceirão.

Eu sei que no fundo ela está certa, pois só lá na frente que eu vou ver o quanto é essencial na minha caminhada. Não quero ficar o resto da vida trabalhando pra ganhar 1.000 por mês pra sustentar meu filho, quero proporcionar tudo de melhor pra ele, pensando sempre em como ele vai crescer bem.

Fechei a porta de casa trancando a mesma, fazendo o sol bater na minha cara me deixando com um calor dos infernos. Eu ia na escola mesmo pra ver o que tinha que fazer pra voltar com os estudos, querendo começar a me mexer em questão a isso.

Passei pela dona Doca que me mandou um beijo no ar quando me viu, fazendo eu retribuir com um sorriso no rosto. Fui descendo vendo os meninos na esquina vendendo a basiquinha, reconhecendo a metade deles. Quase todos crescerem comigo correndo por essa favela toda, mas se perderam rápido na vida do crime.

Dino: Engoliu um melão leleca? — gritou do outro lado, fazendo geral rir e eu mandar o dedo do meio pra ele.

Leticia: Deixa que eu vou te fortalecer pra minha amiga! — gritei de volta e fiz beleza com a mão. — Pode crer que eu vou! — sorri falsa fazendo ele negar rindo, vindo correndo na minha direção.

Dino: Que isso irmã! Tamo junto pô, leva pro coração não! Fortalece com a minha morena lá! — falou botando o braço no meu pescoço, rindo da situação.

Leticia: O problema é que ela não te quer né? — soltei uma risada irônica tirando o braço do mesmo, fazendo ele me mandar o dedo do meio muito puto, deixando eu seguir meu caminho em direção da escola.

O problema é as coisas que não batem, Gi fazendo faculdade de direito e o Dino trabalhando como aviãozinho. Aí não dá né? Ficaram por um tempo, mas minha madrinha acabou descobrindo e cessou tudo entre eles. E eu sei que ali rola paixão da escola, épocas atrás.

Cheguei na escola pedindo pra falar com a diretora, que quando me viu sorriu contente, sabendo que eu era umas das alunas bem dedicadas até eu ganhar minha bolsa na pista. Ela ficou muito feliz por mim na época, por ter conquistado estudar em umas das escolas mais top do Rio.

Andréia: Quanto tempo Letícia! — me deu dois beijos no rosto, fazendo eu sorri e me sentar em sua frente.

Letícia: Pois é, muita coisa aconteceu! — falei sem jeito, sabendo que minha mãe tinha me transferido pra cá, só que eu nunca cheguei a frequentar.

Quando tudo aconteceu a favela toda ficou sabendo da minha vida de cabo a rabo, meu nome já vivia na boca do povo. Virei até assunto no jornal daqui, tô falando que aqui nada passa batido.

Andréia: Eu fico muito feliz que você quer voltar a estudar, mesmo com a situação toda. — falou olhando pra minha barriga. — Eu vou te ajudar, os professores vão te apoiar, vai ser muito bom pra você! — falou super querida comigo, me deixando bem confortável e segura de que vou conseguir.

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