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Kamila

Letícia foi minha única amiga até hoje, que nunca ligou pro que eu tinha ou o que eu era. Conheci ela em tão poucos dias e virou uma pessoa tão especial pra mim. Seu coração era tão pequeno, mas cabia tanta coisa boa lá dentro, que eu me apeguei demais pelo seu jeito de ser.

Quando ela começou a se envolver com o Bruno, eu não queria porque eu sabia como meu irmão era, mas depois que eu vi o quanto ele mudou por ela, eu só queria a felicidade dos dois.

Bruno tá sofrendo tanto, que eu só queria poder tirar toda essa dor dele e botar em mim. Ver ele triste pelos cantos, lembrando dela o tempo todo, só me faz ficar ainda mais pra baixo.

Quando meu pai fez aquela merda de proposta pro Bruno, eu não acreditei, pois eles chegaram ao auge do ridículo. Doeu tanto em mim em saber que os sentimentos do Bruno não valia de nada pra eles, e muito menos o seu direito de escolha, que eu não esperava mais nada de bom vindo daqueles dois.

Ao passar dos dias eu fui me sentindo tão mal por saber de tudo e não poder contar pra ela, onde fez com que eu me afastasse da pessoa que eu desabafava e que me aconselhava na minha vida. Ver ela me olhar de longe, ver ela tentar falar comigo e eu só ignorando, me matou por dentro.

Eu precisava dela mais que do que ela precisava de mim, tanto que eu queria jogar tudo pra cima e se abrir pra ela, mas eu sabia que meu pai não tinha pena. Ele nunca teve pena de ninguém, sempre passou por cima de todos que impediam ele de conseguir o que queria.

Ver minha mãe enaltecendo a Carla pro Bruno, rebaixando a Letícia, me deixava com vontade de vomitar. Eu vendo meu irmão sem saída, eu sem poder ajudar, Breno tentando do jeito dele, mas mesmo assim acabou do pior jeito possível.

O olhar dela de decepção pra mim, como se eu tivesse traído toda amizade que a gente teve, foi doloroso demais. Olhar seus olhos cheios de lágrimas todo perdido naquele dia, foi como se me jogassem um banho de água fria em mim.

Eu tentei buscar palavras para poder me expressar, só que nada saiu. O choro tomou conta do meu corpo, o soluço de desespero e eu vendo meu irmão desesperado, só me deixou sem ação.

Por isso, eu quero subir aquele morro, quero ir atrás dela, saber do paradeiro de onde ela está, quero poder falar com ela, fazer ela entender tudo o que aconteceu. Nunca vou me perdoar se ela for embora e eu nunca mais vou ter a minha cunhada e amiga de volta.

Hoje era sexta-feira, o dia do tal baile que o pessoal da escola tinha combinado de ir. Eu estava um pouco nervosa, mas faria tudo isso primeiramente pelo Bruno, pois eu queria saber onde ela estava, mas principalmente por ele.

Coloquei um vestido colado, arrumei meu cabelo e comecei a fazer a minha make básica. Bruno, Breno e Vitor entraram no quarto onde iam me passar todas as coisas que eu tinha que analisar por lá, sabendo que vão encher meu saco até eu sair daqui.

Vitinho: Nossa senhora! — passou a mão na cabeça fazendo eu olhar ele pelo espelho, mostrando seu olhar caindo na minha bunda. Breno deu tapa na cabeça dele mandando ele calar a boca, despertando aquele ridículo que tava lá igual um babaca me secando na cara dura.

Bruno: Kamila não vai sair perguntando dela que vai dar bandeira! — falou nervoso me fazendo concordar.

Kamila: Eu sei né Bruno! Eu já planejei como eu vou tentar descobrir! — terminei de passar meu lápis de olho, enquanto eles estavam espalhados por todo meu quarto mexendo nas minhas coisas.

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